Capítulo 128

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Nathaly chegou no apartamento do pai pouco depois das seis. Tinha ido direto do escritório. Ele se surpreendeu ao vê-la novamente no mesmo dia.

- Você me ama tanto assim? - Deu risada enquanto a menina entrava no apartamento, mas logo viu sua expressão séria. - Ih, o que aconteceu?

- Pai, eu não sei nem como é que eu vou dizer isso pra você. - Estava pensando naquilo o dia todo, mas se já era difícil terminar relacionamentos próprios, imagina o do pai? Que roubada tinha arrumado.

- Você está nervosa demais. - Perguntou com a testa franzida. - Só me diz que você não quer me contar que está grávida, o resto eu aceito de boa.

- Que grávida o quê! - Disse alto. - Você só pensa nisso?

- É o maior medo da minha vida. - Confessou. - Mas se não, apenas diga, não deve ser pior do que tudo que você fez eu passar. - Ela cruzou os braços levemente irritada.

- Sophia não quer mais ficar com você. - Soltou e percebeu a cara de confuso do pai. - E ela me enfiou nessa roubada de te contar.

- O quê? - Balançou a cabeça. - Nathaly, eu falei com ela hoje cedo, no seu celular. Estava tudo bem.

- Branca chegou, elas brigaram. - Continuou contando. - Branca disse que se ela não terminasse ia mandar morar com o pai. Sophia tem pavor daquele homem...

- Ué, mas ela pode vir pra cá. - Ainda não estava acreditando. - Ela sabe disso, não sabe?

- Sabe, mas não quer. - Deu de ombros. - Ela falou que não vai vir pra cá passar a ser sustentada por você como se fosse a quarta filha.

- Que idiotice é essa? - Rosnou, irritado. - Aí ela decidiu terminar comigo e não teve coragem de mandar um SMS, mandou recado por você!

- Disse que não tem coragem. - Deu de ombros. - Eu sinto muito.

- Ah, mas ela vai me ouvir. - Foi buscar o celular e quando abriu o aplicativo de mensagens. - Ela me bloqueou. - Suspirou. - De novo, meu Deus não se tem paz!

- Sinto muito. - Repetiu. - Eu vou pra casa. - Se aproximou, deu um beijo no pai e saiu de perto.

Micael ficou bem pensativo, estava triste, estava com raiva, tinha muitos sentimentos dentro de si, certeza que nenhum deles é bonito.

Tentou ligar, mas exatamente como da outras vez, ela também tinha bloqueado as ligações. Restou mandar um SMS.

Decepcionado que você ao menos quis conversar comigo. Como já tinha dito a você no hospital, estou cansado desse monte de término toda hora. Eu fui atrás de você e tentei ficar bem, mas nunca vamos ficar bem se você realmente não quiser isso. Então seja feita a sua vontade. Até um dia.

Sophia recebeu a mensagem e após ler, chorou. Como estava fazendo praticamente o dia inteiro. Não respondeu, não apagou. Sabia que leria muitas vezes nos próximos dias.

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Duas semanas depois, Micael que até então estava seguindo as ordens médicas e estava de molho, resolveu se dar alta de vez e sair.

Arthur e ele haviam contratado uma advogada criminal pra se ocupar dos casos dele enquanto estivesse fora e a mulher vinha fazendo um bom trabalho.

Aquela manhã, ele tirou pra ir atrás de Lilian. Precisava resolver sua vida de uma vez por todas. Bateu devagar, duas vezes e viu Bruna abrir a porta.

- Pai? - Franziu a testa. - Tá fazendo o que aqui?

- Preciso falar com a sua mãe. - Se abaixou e deu um beijo na menina. - Cadê?

- Cozinha. - Apontou pra na direção. - É o tipo de conversa que eu tenho que ficar no quarto com fones no último volume ou vocês vão se comportar e falar baixo?

- É bom você ficar no quarto. - Avisou, mas não tinha ido ali pra brigar. A menina bufou e foi pro quarto sem dizer mais nada. Micael seguiu pra cozinha e encontrou a ex fazendo almoço. - Não está cedo pro almoço?

- Que susto! - Se virou com a mão no peito. - O que está fazendo dentro da minha casa? - Perguntou irritada. - Eu não quero conversar com você e também não te quero aqui dentro.

- Ué, temos muito o que conversar. - Ele puxou uma cadeira. - Você jogou um monte de ameaças pra mim da última vez, esperei que ficasse mais calma.

- Ou estava tristonho por conta do pé na bunda que levou? - Ela debochou e se virou pra ele de braços cruzados. - Deve ter sido por isso que demorou a vir atrás de mim encher o meu saco.

- Deixa a Sophia fora dessa história. Você ainda está com muita raiva? - Perguntou calmo.

- Você ainda tem uma filha bastarda? - Continuou com o tom de deboche.

- Lili...

- Não vem com "Lili" pro meu lado. - Apontou pra ele com raiva. - Eu não vou cair nesse teu papinho.

- Eu não posso te chamar pelo seu apelido? - Ela o encarou e voltou a cruzar os braços.

- Apelido que só você chama. Já passou da hora de deixar de usar! - Ele se levantou e caminhou pra perto. - Se afasta de mim.

- Ou o quê? - Sorriu. - Sabe que acho que essa raiva toda ainda é amor? Diz pra mim, Lili.

- Lá vem você com esse papo torto de novo. - Rolou os olhos. - Não vem jogar charme pra cima de mim, Micael. Eu não vou repetir o mesmo erro. Da outra vez eu estava doente, carente, achando que ia morrer e tão desesperada que aceitei você de volta em casa mesmo dizendo na minha cara que ia me chifrar.

- Se eu disse a você, não foi chifre. - Deu uma risada. - Você permitiu, me deu condições e eu cumpri todas!

- Mal sabia eu que já vinha levando chifre sem condições fazia anos, não é? - Pegou a faca que estava descascando batata e apontou pra ele. - Se afasta de mim! Eu não sou um capacho seu que vai topar ficar com você toda vez que a sua namorada de vinte anos der defeito não.

- Nem vim aqui pra isso. - Resmungou e deu uns passos pra trás. - Eu vim aqui pra saber se você vai cumprir aquela ameaça de complicar o divórcio.

- Eu deveria, mas eu quero tanto me livrar de você que quero que saia da forma mais rápida. - Ele fez uma careta. - Quero seguir a minha vida, quem sabe casar de novo com alguém que me ame e esquecer que você foi meu marido.

- Você quer casar de novo? - Franziu a testa. - Fala sério!

- Ué, eu mereço saber como é ter um marido amoroso dentro de casa. Um marido que eu não precise ir atrás pra conseguir fazer um sexo meia boca.

- Sexo meia boca? - Se sentiu ofendido. - Para com isso, você sempre gostou.

- Correto, sempre gostei. - Ele sorriu. - Mas até então eu só tinha tido você na vida e meu amor, depois que eu saí com o Gustavo...

- Fala sério, Lilian! - Se irritou e ela deu risada. - Isso é coisa que se diga?!

- Gustavo me deseja, Micael. Coisa que hoje eu vejo que nunca aconteceu com você. O homem vem de longe me comendo com os olhos. Sabe como? Da mesma forma que você fez com a Sophia, naquele almoço em que estávamos juntos como um casal? Lembra?

- Eu já entendi. - Se afastou ainda em choque. - E o divórcio?

- Prepara a papelada do acordo. - Ela deu de ombros. - Eu quero essa casa, a Bruna e uma pensão. - Avisou. - Não vou mudar de ideia, não vou aliviar em nada pra você. E seja generoso nessa pensão.

- Você sabe que eu não estou trabalhando, não sabe? - Ergueu uma sobrancelha. - Talvez você deva começar a pedir o Gustavo, pra além de te comer, começar a pagar as suas contas.

- Você pode ter certeza que ele vai ficar feliz em me ajudar, se for pra me livrar de você. - Sorriu. - E quanto a você não estar trabalhando, não estou nem aí. Dê seus pulos. Eu já fui muito boazinha com você ao longo dos anos, tá na hora de deixar você se foder. - Ele suspirou. - Agora se você não tiver mais nada pra falar, pode sair da minha casa.

- Tudo bem. - Bufou. - Estou indo.

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