Capítulo 180

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Se Micael já era chato com relação aos cuidados da gravidez, aquilo piorou dez vezes mais. Sophia se sentia até mesmo sufocada. Micael já tinha comprado roupinhas e afins, estava muito empolgado. 

Naquela tarde, Arthur e Micael haviam fechado o escritório para dedetização, mas ele tinha uma cliente, a mesma que tinha cuspido na cara de Sophia meses atrás, não tinha como adiar. O filho dela, agora respondia em liberdade, mas o processo ainda seguia e a reunião que tinham aquela tarde era pra rever detalhes do processo para a audiência. 

Micael transferiu a reunião para seu apartamento, era perfeito, Bruna estaria na faculdade, Sophia no MP, pelo menos baseados em seus cálculos sobre a rotina delas, mas a verdade foi que no meio da reunião com os dois, que as duas chegaram, juntas ainda, cheias de sacolas. 

 - Ué, o que está rolando aqui? - Bruna perguntou olhando os dois sentados de frente a Micael no sofá. - Tá fazendo o quê aqui, Henry? - Disse encarando o menino de agora dezenove anos. 

- Oi, Bru. - Ele disse com um sorriso. - Quanto tempo! - Micael, Sophia e a mãe do rapaz, Luciana, olhavam atentamente. - Você sumiu!

- Sumi, voltei pros trilhos. - Deu uma risadinha. - A bonitona ali me obrigou. - Apontou pra Sophia e deu risada. 

- É, conheço bem. - Encarou a promotora por alguns instantes. 

- O fato de estar aqui conversando com meu pai não deve significar boa coisa. - Voltou a ficar séria. 

- Tá legal, vamos esclarecer de onde é que se conhecem? - Sophia perguntou, vendo os dois ficarem vermelhos. 

- Não vou responder essa pergunta, meu pai não vai gostar de saber. - Disse baixinho. - Me dê as sacolas, vou guardar no quarto do bebê. - Sophia entregou as sacolas e observou a enteada sumir. 

- Você não tem mais escritório? - Perguntou ao quase marido. - Tem usar a sala de casa pra abrigar seus "clientes"? 

- Sem aspas, por favor. - Pediu baixo. - Depois eu te explico, será que pode nos dar licença? 

- Claro que sim. - Sorriu e se afastou, indo até o quarto do bebê, encontrar com Bruna. 

- Você é casado com a promotora que condenou o meu filho? - Luciana disse brava. - É alguma piada de mau gosto?

- Não tem muita coisa a ver não. - Tentou se defender. - Isso não interfere em nada na minha conduta. 

- Pelo amor de Deus, no mínimo isso é antiético! - Rebateu ainda irritada. - Você deixou essa mulher ganhar e condenar o meu filho, não é mesmo?

- Jamais faria uma coisa dessa! - Disse baixo e calmo. - Eu e Sophia somos até competitivos demais pra entregar algum caso de mão beijada! - Deu de ombros. - Se acalma, não vai mudar nada, vamos a audiência amanhã e vamos sair de lá vitoriosos. 

- Como se eu fosse confiar no que você diz. - Disse entredentes e viu o advogado respirar fundo. - Eu devia é procurar um advogado mais profissional. 

- Você pode até tentar, mas a audiência é amanhã, vai sair prejudicada, nenhum advogado vai conseguir se colocar a par de todas as partes do processo do seu filho em menos de vinte e quatro horas. - A mulher expirou e voltou a se sentar. - E não vai ser a Sophia a promotora, ela esta grávida, não sei se percebeu. 

- Grávidas não vão ao tribunal? - Perguntou interessada. 

- Vão, no começo da gestação, Sophia está bem avançada, cumprindo trabalhos burocráticos, apenas. - Deu de ombros. - Não se preocupa, vai dar tudo certo. 

Micael voltou a repassar as informações sobre a audiência e quando finalmente acabou, levou os dois até a porta. Caminhou pra dentro e encontrou Bruna e Sophia arrancando e cortando as etiquetas das roupinhas de Caio, havia uma pilha no chão. 

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora