Capítulo 88

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Ele não dormiu bem, ficou remoendo tudo o que Sophia havia dito sobre ele e chegou a conclusão de que ela tinha razão. Ele queria aquilo, era só difícil admitir e mesmo após assumir para si mesmo que queria, não sabia bem o que fazer com aquela informação.

Afinal, tinha rolado todo o clima com a Lilian por conta da nostalgia, ele desejou aquele beijo, mas queria ficar com ela de novo? Não demorou meio segundo pra saber que a resposta era não.

E em relação a Fátima que era mais confuso. Porque tinha algo ali, rolava um jogo entre os dois. Algo mal resolvido, mas ele tinha certeza que não era amor.

Perdeu quase toda manhã do domingo pensando naquelas coisas e a única coisa que tinha certeza era que não queria perder Sophia, mas também não tinha chegado a nenhuma conclusão sobre o que diria a ela.

- Alô. - Atendeu o telefone insistente sem nem olhar quem perturbava.

- Oi, pai. - Reconheceu a voz de Nathaly. - Você podia responder as mensagens. Esse negócio de ligação é chato hein.

- Você não larga do meu pé, não é Nathaly? - Rolou os olhos. - É sério, eu não posso ter um dia de folga de você?

- Tá ignorante assim porque tá na fossa? - Perguntou achando graça. - A Sophia não vai longe com isso, ela ama você. - Ficou surpreso com o tom da filha. - Não precisa ficar sofrendo como um adolescente.

- Você me ligou pra quê? - Ignorou tudo o que a menina disse. - Pra me dar conselhos amorosos eu duvido que foi.

- Não. - Ela riu, bem humorada. - Pra você vir almoçar aqui com os meus avós e meus tios, minha mãe que chamou.

- Não vai rolar. - Disse com raiva. - Não quero ver a cara da sua mãe.

- Para de palhaçada, homem. - Ela gargalhou. - Você acha que a minha mãe vai fazer o quê? Tentar agarrar você de novo, gostosão?

- Nathaly. - Ia repreender, mas ela interrompeu.

- Tá legal, me desculpa pela falta de respeito. - Pediu, mas ele sabia que ela ainda estava rindo, mesmo que disfarçado. - Mas você podia deixar de birra.

- Nathaly, se você quiser almoçar com eles, você vem pra cá e traz a Bruna. Pronto, problema resolvido. Mas eu não vou aí, lamento.

- Ótimo, você quer dividir a família e fazer eu e Bruna escolhermos um lado. - Resmungou. - Não tem como eu deixar a minha mãe em casa sozinha. Você não tem dó?

- Não. - Disse seco. - Estamos divorciando, tem que ser assim. Vou esperar vocês duas.

- Mas o Rafael ia vir almoçar aqui. - Contou e ouviu o pai bufar. - Vou poder levar ele aí também?

- E você só sabe andar com esse garoto no bolso agora? - Foi ignorante. - Traz, Nathaly. Faz o que você quiser.

- Você precisa se entender com a Sophia. - Comentou. - Fica dez vezes mais chato quando estão brigados. Pode deixar que eu vou falar com ela.

- Não se mete nisso, Nathaly. - Pediu baixo. - Assunto meu, deixa que eu resolvo. Até mais. - Desligou na cara da filha e então se levantou pra ir no banheiro.

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- Quem é vivo sempre aparece. - Lidiane brincou quando viu o irmão chegar na sala. - Achei que ia ficar o dia inteiro trancado no quarto, mamãe está cozinhando.

- Ela não devia cozinhar, a gente podia comer fora, ou então pedir alguma coisa. - Disse desanimado. - Mas ninguém segura essa mulher.

- E você está assim com essa cara de derrotado por causa do que? - Jorge falou, longe da esposa era fácil. - Ainda por causa da namorada?

- É que vocês não viram a pisa que ela deu em mim na frente de todo mundo. - Suspirou. - E ela está certa, eu sou um idiota, vou fazer o quê?

- Você botou chifre nela na frente de todo mundo, é justo ela terminar com você na frente de todo mundo. - Luan implicou. - Agora me diz, você arranjou uma loira daquela e aí do nada resolve beijar a Lilian de novo? Sério?

- Luan, será que dá pra calar a boca? - O rapaz deu risada. - Aconteceu, eu nem quero ficar com a Lilian, não sei nem o que deu em mim.

- Mas sério, Sophia tá solteira não é? Então eu posso chegar? - Implicou mais um pouco.

- Sério, se você não calar a boca eu vou te dar um soco. - Ameaçou sem traço de humor. - Você não tem ideia de tudo o que eu passei pra poder ficar com ela. Tudo o que superamos, isso não pode acabar dessa forma.

- Então vai lá e fala com ela ué. - Jorge incentivou. - Se você ama essa garota e quer ficar com ela, insiste.

- Se minha mãe ouvir você falando contra o casamento... - Micael achou engraçado a careta que o pai fez. - Não sei como é você aguenta ela há tantos anos.

- Já tivemos crises. - Micael franziu a testa. Se o pai fica mudo na presença de Antônia, como é que brigavam? - Eu acabei deixando esse negócio de dar opinião pra lá. Deu certo.

- Claro, uma relação bem saudável. - Suspirou. - Nathaly vem aí com a Bruna, almoçar com a gente.

- Mandou deixar a Lilian pra trás? - Ele assentiu a pergunta da irmã. - Maduro da sua parte hein, vai acabar igual ao papai.

- Sophia não se parece com a nossa mãe, se bobear Lilian parece mais. - Ele deu risada. Precisava descontrair, então os irmãos começaram a contar histórias deles, e foi assim que Micael descobriu que a irmã estava noiva.

Mais tarde, quando a campainha tocou, as filhas e o genro se juntaram a resenha. Micael queria a todo momento perguntar a Rafael sobre Sophia, mas não queria fazer aquilo na frente de todo mundo e não sabe como, mas Rafael entendeu.

Os dois se encontraram no quarto, depois de ambos terem dado desculpas esfarrapadas. Rafael fechou a porta e se virou pro sogro/cunhado.

- Como é que ela está? - Perguntou baixo. - Não atendeu as minhas ligações.

- Eu não a vi hoje, ela não saiu do quarto, pelo visto não está bem. - Confessou e Micael ficou chateado. - Ela chegou em casa bem abalada ontem.

- Mas que inferno! - Praguejou. - Ela podia ao menos me atender.

- Eu duvido que vá atender pelos próximos dias. - Revelou e recebeu um suspiro. - Ela é bem teimosa quando quer e com todo respeito, ela não errou no que falou de você ontem.

- Moleque, acho que estou te dando confiança demais. - Resmungou. - Sua mãe está em casa?

- Não, saiu com umas amigas. - Revelou como se fosse uma informação banal.

- Ótimo, eu vou lá. - Pegou a carteira e enfiou no bolso, logo em seguida chaves e celular.

- Com todo respeito, mas ela não vai abrir o portão e muito menos a porta pra você entrar. Ela não sai do quarto. - Jogou um balde de água fria e fez uma cara de decepção que deixou Rafael com pena. - Toma aqui. - Enfiou a mão no bolso e ergueu um chaveiro do Vasco com três chaves penduradas. - Ela vai me matar depois, mas vai lá.

- Obrigado. - Voltou a sorrir e pegou a chave da mão do genro. - Muito obrigado.

- Só não magoa mais ela... - Pediu sem graça e esperou alguma resposta brava de Micael, ou até ameaça em relação a Nathaly. - Ela não merece ficar sofrendo.

- Pode deixar, se depender de mim, tudo vai dar certo. - O mais novo assentiu e ambos saíram do quarto. Micael saiu em disparada pela porta, não se deu ao trabalho de dar a menor explicação. Rafael riu.

- O que deu no meu pai? - Bruna perguntou alto e todo mundo ficou se olhando. - Você sabe, Rafael. - Ela nada boba percebeu o sorriso no rosto do cunhado.

- Ele foi atrás da Sophia. - Contou com um dar de ombros. - E bem decidido, pelo que pude perceber.

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