Capítulo 73

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- Por que é que você está tratando a sua filha desse jeito? - Arthur perguntou com a testa franzida. - A filha que você lambia o chão por onde passava.

- E ela não te contou o que fez? - Arthur negou com a cabeça. - Nada? Ela chegou aqui e não falou nada?

- Nada demais pelo menos, só que você tinha mandado ela vir as oito pra ser a sua secretária. - Arthur deu risada. - Eu achei engraçado, nunca pensei que faria isso.

- Eu dei uma surra nela ontem á noite. - Contou pro amigo. - Nathaly cada dia está mais irresponsável. Ela pegou o cartão pra pagar a festa de aniversário dela, e gastou quinze mil, Arthur. Você tem noção?

- Fala sério, você bateu nela? - Estava muito surpreso. - Eu não achei que fosse possível. E você botou ela pra trabalhar aqui como castigo?

- Botei, como é que vou contratar uma outra secretária? Eu não tenho dinheiro pra pagar essa merda não, o tratamento da Lilian levou todas as minhas economias. Vou ter que ir no banco pegar um empréstimo ou então ligar pro cartão e pedir pra parcelarem a fatura em sei lá quantas vezes.

- Duas opções horríveis. - Arthur se recostou e cruzou as pernas. - Vai morrer de pagar juros.

- E o que você quer eu faça? - Tinha uma careta. - Procure um agiota? Aí que eu vou morrer.

- Você quer que eu te empreste? - Arthur ofereceu. - Pelo menos eu não vou te matar e nem te cobrar o dobro de volta.

- Sério? - Se animou. - É lógico que eu quero, já tava pensando em opções como prostituição.

- Então eu vou comer seu cu pra compensar. - Brincou.

- Come sim pô, mas aí eu não vou te pagar de volta. - Ergueu uma sobrancelha. - Você que sabe.

- É ruim hein, você não vale tudo isso. - Respondeu rindo. - Enfim, não precisa ficar pegando no pé da garota o tempo todo. É só uma adolescente.

- Irresponsável. - Rolou os olhos. - Quando eu tinha a idade dela já tinha ela pra cuidar.

- Irresponsável também, não acha? - Arthur respondeu rindo. - Ou você acha que ter filho aos dezesseis foi o seu momento mais responsável?

- Arthur, não deu a sua hora não? - Micael disse bravo e fez o amigo dar ainda mais risadas. - Caça seu rumo que já já eu tenho um cliente.

- Tem nada, seu cliente deve estar preso. - Debochou. - Sempre estão, seu trabalho é soltar eles.

- Arthur. - Apontou pra porta.

- Tudo bem. - Foi embora rindo. E quando saiu olhou pra Nathaly. - Seu pai agora tá com raiva de mim também. - A menina rolou os olhos. - Onde que foi parar o senso de humor dele?

- Está todo reservado pra Sophia. - Respondeu com uma careta. - Não tá sobrando nada pra gente.

- Aqui, entre nós dois. - Gesticulou com os dedos entre eles. - Você não vai deixar os dois em paz? É tão ruim assim?

- Você acha normal? - Ela se virou pra ele. - Eles dois, é normal?

- Sinceramente? - Arthur caminhou pra perto com as mãos no bolso. - Não é melhor que ele esteja com alguém que você sabe que é legal e que já é sua amiga do que encontre uma megera por aí que só afaste o seu pai de você e da sua irmã?

- O ideal era com a minha mãe, não acha? - Ele balançou a cabeça positivamente. - Você acha? Para de mentir, é amigo dele há anos deve ter apoiado essa palhaçada desde o primeiro dia.

- Você tem razão de novo. - Deu uma risada. - Ele me contou desde o primeiro dia e eu não disse a ele que era furada, eu falei pra insistir.

- Então você está sendo contraditório. - Fez uma careta. - Tem que escolher um lado.

- Não é bem assim. - Puxou a cadeira que ficava na frente da mesa de Nathaly. - Seu pai e eu somos grandes amigos há alguns anos, sempre falamos de tudo e ele sempre falou da sua mãe. A questão é, não estava bom pra ele, por vocês duas seu pai aguentou no mínimo uns dois anos a mais e eu tenho certeza que seria infeliz no casamento por vocês por mais tempo.

- Não fala infeliz. - Fez uma careta. - Não é assim.

- Nath, ele odiava ir pra casa. Ficava aqui até tarde fazendo absolutamente nada! - Revelou. - Eu passei muito tempo sem ver o seu pai sorrir de verdade, era só irritação, reclamação. Todo dia ele chegava aqui contando uma briga diferente com a sua mãe. Eu já perguntei muitas vezes a ele porque não saia de casa.

- Era tão terrível assim? - Suspirou. - Eu e a Bruna sempre ouvimos discussões, mas parecia que tudo ia se resolver.

- Você gostaria de viver dessa forma? - Ela parou e pensou um pouco antes de negar com a cabeça. - Ele disse que não saia de casa porque a sua mãe não aceitava a separação, ela não entendia e agindo dessa forma ia afastar você e Bruna dele. Nathaly, ele passou dois anos sofrendo por causa de vocês.

- A minha mãe nem é tão ruim.

- Eu concordo, conheço sua mãe, não se esqueça. - Sorriu. - Por isso eu disse no começo dessa conversa que o ideal seria que ficasse com a sua mãe, mas não tem amor. Não tem como ressuscitar e sendo assim e melhor que ele encontre alguém que ame e que o ame de volta.

- Tá legal. - Soltou um longo suspiro. - Eu não tenho nem mais argumentos, você é um advogado melhor que meu pai. - Arthur gargalhou. - Lua deu sorte.

- Fala isso para os dois. - Brincou. - Eles precisam ouvir a verdade de vez em quando.

- Não posso, eu e meu pai não estamos num bom momento. - Suspirou. - Estamos com raiva um do outro por motivos além da minha madrasta. - E pela primeira vez, deu uma risada sincera daquilo.

- Eu sei, ele te bateu. - Arthur falou com ironia e a menina fez uma careta. - Mas ó, você gastou quinze mil, ele te bateu, ficou elas por elas.

- E o meu namoro? - Cruzou os braços. - Ele proibiu meu namoro a troco de nada.

- Seu namorado deu um tapão na cara da Sophia. - Ergueu uma sobrancelha pra menina. - Eu estava lá na casa da Lua quando ela chegou. Eu não acho que ele proibiu a troco de nada, mas se vocês fizerem as pazes e você parar de atazanar a vida dele com a Sophia, capaz dessa proibição acabar já já.

- Talvez você tenha razão, vou pensar nisso. - Ela piscou. - Agora me diga, cadê a tal Rosana? Eu continuo aqui sem saber bem o que fazer.

- Tá claramente atrasada, se bobear vou ter que demitir também. - Disse levemente irritado. - Mas não é difícil, você atende telefone, anota na agenda, recebe os clientes quando chegar. Esse tipo de baboseira.

- É, não parece difícil. - Suspirou e abriu a agenda no computador. - E cadê os clientes? - Olhou a data de hoje. - Não tem ninguém aí.

- Isso significa que não tem clientes. - Arthur deu de ombros. - Nem todo dia é dia. - Suspirou.

- Arthur, não tem ninguém nos próximos dias. - Falou alarmada e viu Arthur dar de ombros. - É sério isso?

- Parabéns, você acabou de descobrir a situação financeira do seu pai. - Disse em tom de brincadeira e a mulher não entendeu. - Seu pai é um falido, Nathaly.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora