Capítulo 95

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Ele cerrou os olhos e fuzilou a filha com um olhar. Sabia que estava se divertindo e sabia que arrumaria confusão com Sophia se ao menos cogitar almoçar com Fátima.

Tentou pensar em mais alguma desculpa pra fugir daquele almoço e então suspirou, era hora de ser sincero.

- Não vai rolar, Fátima. - Ela o olhou sem entender. - Sophia vai me matar. - Nath achou graça e não escondeu isso.

- É sério isso? - A mulher foi pega de surpresa. - Você se transformou no capacho daquela garota? Está me dizendo que uma menina de vinte anos manda e desmanda na sua vida?

- Não é assim que funciona. - Suspirou de novo. - É um relacionamento, Fátima. Se ela não se sente a vontade com a situação, por que é que eu vou forçar?

- E então você não sai pra comer com amiga nenhuma? - Ergueu uma sobrancelha. - É isso? Ela decide quem fica na sua vida e quem sai?

- Ela é jovem e ciumenta... - Foi interrompido.

- É, baseado na minha experiência, você bem se importa com jovens ciumentas né, Micael? - Ele arregalou os olhos, sabia o que a mulher falaria e não era um boa ideia, não na frente da filha. - A Lilian que o diga, não é mesmo.

- Fátima, minha filha está aqui. - Chamou atenção. - Acredito que isso não seja assunto. - A mulher deu risada. - Por favor.

- Claro, mantenha a sua fachada de homem fiel, não serei eu a acabar com ela. - Tinha uma raiva mal disfarçada na voz.

- Perai, como é que é? - Nathaly quase deu um grito. - Você começou, agora termina.

- Ela não vai terminar nada. - Micael se meteu. - Isso não é assunto pra você.

- O chifre que você colocou na minha mãe, é assunto meu sim! - Disse também brava e observou o pai colocar as mãos no rosto. - Ridículo da sua parte e ainda paga de correto e quer dar lição de moral em mim!

- Baixa a bola, Nathaly. - Tirou as mãos e encarou a filha. - O que eu fiz ou deixei de fazer não é da sua conta. - Ele estava apoiado na mesa da filha, de costas a Fátima, a mulher pós a mão em seu ombro e ele rolou os olhos. Em que situação tinha se enfiado. Se virou e afastou a mão de si. Não tinha visto Sophia caminhando pra perto dos dois. - Por favor, Fátima. - Juntou as mãos implorando. - Já me causou problema demais, será que você pode ir embora de uma vez?

- Só quando eu conseguir o que quero. - Antes que ele perguntasse o que era, a mulher avançou para um beijo, mas foi impedida por ele, que a afastou gentilmente. - Micael!

- Isso não vai acontecer. - Balançou a cabeça negativamente. - Eu não quero mais problemas pra minha vida. - Aquela altura, Sophia já conseguia ouvir o que era dito. - Você ficou no passado, Fátima. Não inventa moda.

- Olha aí, eu cheguei a tempo de ver você levando um fora. - Sophia disse bem humorada. - Eu te disse no sábado, não te quis com quinze, não vai querer com trinta.

- Tá legal, eu já fui humilhada demais aqui. - Disse com raiva. - Você tem que se lascar mesmo. - Bufou e saiu pisando forte.

- O que veio fazer aqui? - Ele perguntou a Sophia. - Combinamos alguma coisa e eu não sei?

- Não, vim te chamar pra almoçar e falar com a sua filha. - Apontou pra Nathaly que fez uma careta e se sentou com os braços cruzados. - Não faz essa cara de bunda.

- Vocês não estão brigadas de novo?! - Ele ergueu uma sobrancelha. - Ou já fizeram as pazes e eu estou perdido?

- Não, ninguém fez as pazes aqui. - Nath respondeu emburrada. - E eu também nem quero fazer, estou ótima.

- Chata. - Sophia rolou os olhos. - Recebemos um e-mail da faculdade hoje, vão abrir o processo de rematrícula hoje, às 14h. Já marquei com as meninas, faltava só avisar a você que vamos nos encontrar lá na sala de informática, como todo semestre.

- Tudo bem. - Disse ainda de cara feia e Sophia rolou os olhos antes de encarar Micael.

- Vamos? - Ele assentiu. - Você não vem? - Perguntou a enteada. - Fala sério, você vai ficar com raiva de mim por conta daquela briga idiota até quando?

- Você viu as coisas que você falou pra minha irmã? - Ficou de pé irritada. - Não achei uma briga idiota.

- Ah, você pode ter certeza que foi idiota. - Micael se meteu rindo. - Todo mundo sabe que vocês vão passar o natal com a Lilian. Isso não é algo que tem que ser discutido, até lá, a Bruna acostumou com a ideia.

- Ela disse que ia afastar você da gente. - Sophia encarou Micael e os dois prenderam o riso. - Como eu odeio vocês juntos, sério.

- Larga de ser besta, Nathaly. A única coisa que vai me afastar de vocês duas são vocês duas. - Rolou os olhos. - Você conhece a Sophia, não tem motivo pra acreditar nessa baboseira dita na hora da raiva. Vamos logo almoçar, porque senão sua mãe vai me acusar de deixar você trabalhando o dia inteiro com fome e eu não quero mais estresse.

- Tá bom. - Suspirou e pegou o celular, não tinha uma cara muito animadora quando saiu na frente dos dois. Que riram e foram abraçados atrás da menina.

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Os três estavam no restaurante, comendo em meio a um clima minimamente aceitável. Quando o telefone de Nathaly tocou. Micael rolou os olhos na hora achando que era Rafael, se surpreendeu quando a menina disse "oi, mãe".

Ouvindo a conversa unilateral ele e Sophia não entenderam muita coisa.

- Daqui a pouco, tenho que ir até a faculdade hoje. - Explicou. - Ué, mas e a Bruna? - Franziu a testa e deixou os dois curiosos. - Você acha mesmo que é uma boa ideia? E se for um louco? - Soltou um suspiro. - Tá bom, mãe. A vida é sua, qualquer coisa aviso. - A ligação foi desligada e Nath gastou um tempinho olhando pra tela do celular, refletindo.

- O que foi hein? - Micael perguntou, não se aguentando de curiosidade. - Sua mãe tá inventando ideia?

- Ela tem um encontro. - Disse após erguer a cabeça pra encarar o pai. Micael engasgou com a comida, claramente não esperava por aquela situação tão cedo. - Meu Deus, bebe água. - Sophia de tapinha em suas costas e Nath ergueu o copo. - Tá melhor? - Perguntou quando parou de tossir.

- Como é que é? - Ele falou alto. - De onde a sua mãe conheceu alguém assim do nada?

- Eu não tenho detalhes. - Deu de ombros. - Ela ligou pra dizer que vai sair agora e vai passar a noite fora.

- A sua mãe ficou maluca? - Arregalou os olhos. - Como que vai passar a noite fora com alguém que nem conhece direito?

- Pois é. - Nath deu de ombros. - Mas ela não me ligou pra pedir permissão, ligou pra avisar.

- E a Bruna? - Ele não tinha uma cara muito satisfeita.

- Ela vai mandar a Bruna pra sua casa. - Micael rolou os olhos. - Não faz essa cara, responsabilidades divididas, é justo.

- Sua mãe sair com um cara aleatório, numa segunda feira e despachar a filha dela como se não fosse nada, é bem justo mesmo.

- Está com ciúmes é? - Sophia perguntou prendendo o riso.

Súbito AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora