Forasteiro

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Caitlyn

  Aquela situação toda era estranha, tanto as ações de Vi quanto Ekko despertando em um momento aonde eu fui acometida pela tensão do olhar acinzentado.

  Eu me sentei e ele fez o mesmo com dificuldade, seus olhos pareciam assustados, encarava tudo ao seu redor.

-Eu não sei como, foi tão rápido... -Ele tossiu e Vi tocou seu ombro com certa sutileza, aos poucos ela me mostra um lado mais sentimental, de forma positiva diferente da estourada raivosa. -Me perdoa Vi.

Ela franziu o cenho confusa e ele suspirou desviando seus olhos, esse papo está começando a ficar estranho.

-Perdão, por quê?

  O questionamento dela abraçou o silêncio, e tudo o que ouviamos era o som do fogo da lareira atrás de nós, Ekko derrubou o olhar, parecia envergonhado ou distante.

  Eu suspirei profundamente, ela apenas continuou o encarando esperando que ele dissesse algo, suas palavras vieram abaladas:

-Eu quase, quase atraí você pra uma emboscada...

Vi pareceu tão surpresa quanto eu, ela se levantou e se afastou um pouco dele, foi uma reação imediata, puro instinto.

-Como assim? -Seu tom de voz se tornou mais ríspido, quase como se tivesse lentamente sentindo a raiva começar a subir.

-A Renata queria um acordo comigo, ela, daria tudo ao meu povo, se eu entregasse você, para morrer. -Ekko apertou seus olhos com um pouco de força -Eu cogitei.

  Vi negou com a cabeça algumas vezes, acho que ela estava decepcionada, seus olhos estavam mais pesados do que o de costume, ouvir que ele cogitou aquilo, deve ter a deixado chateada, ela suspirou fundo e apertou os lábios, ótimo, nada parecia bem agora, ela se pronunciou baixo:

-Eu...Quis salvar você.

-Eu mudei de ideia, mas, ela mandou destruírem tudo.

  Vi desviou seu olhar, ela apenas se retirou da sala me deixando sozinha com ele, seus pés faziam barulho, ouvimos a porta do quarto se fechar, talvez com um pouco de força, os sentimentos dela deveriam estar uma bagunça, Ekko me encarou tossindo e suspirou.

-Vai falar com ela.

-É melhor ela ficar um pouco sozinha.

-Ela gosta de você.

  Eu franzi o cenho o encarando e ele deu um riso fraco, quase como se me achasse boba por nunca ter percebido nada em relação a isso. Como assim ela gosta de mim? Gosta como?

-Conheço ela, Piltie...Ela te trata diferente.

  Eu encarei seus olhos e ele sorriu fraco, Ekko parecia exausto, eu não queria ver ela brava, não era muito agradável uma decepção como aquelas, e eu já observei como ela fica quando sai do controle.

-Deve estar irritada.

-Deve...Mas comigo, não com você.

  Eu suspirei e confirmei, ele fechou seus olhos, parecia exausto, eu fui até a cozinha e peguei um copo de água o levando para ele, o mesmo bebeu e se ajeitou no sofá, eu esperei que ele adormecesse, levou quase uma hora, e quando caiu no sono eu me levantei devagar, caminhei até às escadas subindo-as.

  Eu bati na porta de seu quarto, Vi não respondeu e eu adentrei, ela estava na sacada, olhando para o horizonte de pedra, eu caminhei até a mesma me parando ao seu lado, não queria parecer inconveniente, eu apenas fiquei ao seu lado, ela sequer me encarou, após um longo período de silêncio, eu me pronunciei:

-Se você quiser eu saio.

-Não... -Ela me encarou finalmente, parecia um pouco abalada, acho que no fundo, ela era frágil, e havia uma carapaça dura para não pareceberem, a vida a moldou assim. -Fica.

  Eu confirmei com a cabeça sem dizer nenhuma palavra, ela suspirou fundo, como se sentisse um peso enorme em seus ombros, eu não podia evitar a pergunta que estava em minha mente:

-O que vai fazer a respeito disso?

-Eu não sei, ainda estou confusa.

-Entendi...

  Ela desviou o olhar para suas mãos, eu fiz o mesmo, notando que eram bem diferentes das minhas, seus dedos eram menores porém mais grossos e ásperos, já os meus eram finos e um pouco maiores, toquei sua mão devagar, meus dedos correram sobre a palma sentindo-a, áspera e rígida, com alguns calos, e  assim que ela me olhou eu sorri de forma terna, haviam muitos monstros em sua vida, eu respirei fundo:

-Tudo bem Vi, nenhum monstro vai te pegar enquanto eu estiver aqui.

  Ela deslizou seu polegar pelas costas da minha mão delicadamente, apesar da aparência rústica de sua mão, ela tinha um toque leve, que sensação é essa? Eu sentia meu corpo quente fácil, mas agora diferente de sempre, eu me senti feliz, mesmo com o silêncio e toda a desordem,  eu me sentia bem só dela continuar aqui.

-Como pretende fazer isso?

-Te tornando a minha única dupla.

  Ela sorriu levemente e me encarou dando um riso solto, eu apenas sorri, era a primeira vez que ela começava a se soltar dessa forma, rir abertamente, sem brincadeiras sarcásticas, ou risadas debochadas, era sincero, e sutil, uma risada gostosa de ouvir.

-Então eu vou ser, sua futura dupla?

-Acho que começamos com o pé esquerdo.

-Acha? -Ela riu abertamente e negou com a cabeça -Eu tenho certeza.

-Começamos errado, então... -Eu encarei sua mão que ainda acaricia minha palma com o polegar. -Vamos começar de novo?

  Eu abri a mão e ela a apertou, nunca pensei que isso aconteceria, na verdade nada estava sendo previsível desde que tudo isso começou, quanto mais eu descubro de você, mais eu percebo que não sei nada sobre você.

Ezreal

  Eu desci do barco me espreguiçando, eu odiava viagens marítimas, engraçado, Demacia nunca mudava, tenho que me lembrar de esconder a manopla se não quiser ser mal visto, eu respirei fundo encarando o lugar em minha frente enquanto guardava a luva na mochila, comecei a caminhar, as construções grandes e cheias de vida, aí aí, eu realmente adoro esse lugar, mas, me falta procurar mais coisas por aí, Shurima é meu próximo alvo, eu adentrei o portão do local, aonde caminhava avistava vanguardas armadas, essa galera de Demacia não costuma ser tão receptiva, mas ainda é melhor do que Noxus, preciso admitir, não que isso seja lá muito difícil!

  Eu continuava caminhando em meio aos campos esverdeados, havia um amigo meu ali, era atrás dele que eu estava, o clima ali era bem mais quente do que em Piltover, então eu preferia caminhar pela mata.

  Senti algo me atingir na testa, e eu caí ao chão tocando minha cabeça e a balançando lentamente, observei um cetro ao meu lado.

-Mas que isso? É assim que vocês recebem os visitantes?

  Eu questionei me levantando e pegando o objeto sem olhar a pessoa que havia me acertado, eu procurei alguém e vi um pouco distante uma menina, menor do que eu.

  Ela se aproximou de mim correndo, me encarou parecendo assustada e preocupada, era como se escondesse algo.

  Eu segurava o cetro na mão, estendi o mesmo para ela e a mesma o segurou, seus olhos eram azulados e sua pele branca, cabelos loiros e um rosto jovem, eu suspirei e sua voz me questionou:

-Você é da onde?

-Piltover, eu já estive aqui antes.

-Hum... -Ela parecia mais jovem do que eu. -Prazer forasteiro, meu nome é Luxanna, mas me chamam de Lux.

  Ela estendeu sua mão e eu a apertei levemente.








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