Preocupações

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  Caitlyn

Por mais que eu quisesse ficar eu estava me martirizando mentalmente por não estar em casa nesse horário, eu me virei para a mulher que fitava o teto atenta, ela sequer piscava.

-No que você está pensando?

  Questionei curiosa, Violet piscou algumas vezes e se virou para mim me encarando, eu não faço ideia do que estou vivendo ou sentindo, mas até então está bom, não quero que isso acabe.

-Eu estou pensando, se tem algo errado nisso tudo, pareceu muito fácil.

-Está preocupada?

-Um pouco...

-Agora?

-Eu não consigo relaxar.

  Eu ri, meus dedos tocaram seus fios e deslizaram suavemente por sua face, ela era linda demais, cada detalhe em seu rosto, em seu corpo, até mesmo suas cicatrizes que não eram poucas, ela sorriu fechando seus olhos.

  Acho que eu estou começando a gostar dela, mas isso parece que vai me causar tantos problemas...tanta dor.

-Violet...

-Hum?

-Eu acho você linda.

-Você é cega...E muito gata.

Eu neguei com a cabeça lentamente, como assim ela não se acha bonita? Isso só pode ser brincadeira não é? Minha mão continuou correndo sobre sua pele macia, naquele mesmo instante Vi suspirou fundo e após alguns minutos caiu no sono.

  Darius

  Eu não adormeci, diferente da garota ao lado, o sol já dava a graça de seus primeiro raios, iluminando a menina, sua pele morena parecia delicada, mas ela parecia forte, muito mais do que a maioria das Noxianas, uma faixa preta pintada riscava os olhos caramelos que fitavam sem temor algum os guardas que abriam cela por cela, e prendiam os prisioneiros um no outro com correntes nas mãos e nos pés.

   Eu franzi o cenho e encarei a garota novamente, agora ela também me encarava, eu queria entender tudo aquilo:

-O que está acontecendo?

-Vamos trabalhar, o que achou que seria?

-Somos...Escravos?

-Como você achou que isso funcionava?

A cela foi aberta e o primeiro homem que entrou veio até ela a algemando e depois me algemando nela, em sequência soltaram as algemas que nos prendia ao chão, um deles ajudou ela a levantar e logo a empurrou de modo que ela quase caísse, diferente do que eu imaginei ela sorriu ladino e ergueu uma sobrancelha limpando suas vestes com as mãos.

  Seu olhar desafiador caiu sobre o homem e ele riu e franziu o cenho, eu me levantei e caminhei sendo seguido por ela.

  A menina deixou um longo suspiro enquanto seguimos na fila de presos.

-Onde vamos?

-Darius...Não faz perguntas difíceis, existem coisas que você não pergunta.

-Você é meio mal educada garota, seus pais não educaram você?

-Que pais?

  Um nó se formou em minha garganta, então ela não tinha pais, fomos em silêncio seguindo o fluxo de caminhada logo o sol tomou meu corpo, ventava muito a ponto dos meus olhos se apertarem um pouco.

-Ô velhote... -Eu encarei a menina sobre o ombro e ela apontou para meu irmão, agora conversando com um dos antigos soldados que era meu, eles poderiam me ajudar!

-Preciso ir lá!

-Pirou? -Eu fui caminhar e ela puxou a corrente, eu a encarei e me aproximei olhando-a com frieza. -Não me intimida com isso já apanhei de homens bem maiores! -Eu puxei a corrente a trazendo para frente, abaixei o corpo me arqueando para frente. -Acorda velhote ele prendeu você, você está sozinho.

  Eu suspirei e soltei a corrente de modo que ela batesse contra o chão, a menina voltou a caminhar e eu passei a caminhar atrás dela, vez ou outra encarava meu irmão, mas eu estava invisível aos seus olhos.

  Deram um machado para cada um de nós, não eram afiados, constatei correndo a mão sobre a lâmina, e nos levaram até as árvores distantes no bosque, estávamos rodeados de guardas como cervos sendo espreitados por lobos.

Enquanto eu batia de um lado da árvore a pequena garota fazia o mesmo do outro lado.

-Riven...

Eu Bati e ela me encarou sem perder a linha de postura que tinha para atingir a árvore.

-Fala velhote.

-Você tem quantos anos?

Eu perguntei sem perder as batidas, era na força bruta que o trabalho era executado, o fio da lâmina que me deram não tinha nenhuma parte cortante.

-24...Nem vou perguntar pra você, deve ter uns 39.

  Eu ri e neguei com a cabeça, comecei minha carreira bem cedo, admito, mas eu não tinha 39 anos ainda.

-Tenho 33.

-Velho do mesmo jeito.

  Vi

  Pela manhã eu estava me arrumando para o trabalho e Caitlyn continuava dormindo, estava deitada de lado abraçada ao travesseiro, eu me encostei no batente da porta encarando a mulher, ainda nua, deitada na minha cama, seus cabelos eram inundados pelo sol da manhã, ela tinha uma beleza fora do comum.

  Puta merda esses pensamentos nem fazem sentido, meus olhos deslizaram por ela, Caitlyn parecia um anjo dormindo, eu caminhei até a cama me sentando ao lado dela e tocando seu ombro, eu a balancei levemente, sua pele se arrepiou e ela se encolheu abrindo os olhos lentamente.

-Cupcake, levanta, já está meio tarde, você vai acabar atrasando.

Ela esqueceu que estava nua e apenas levantou, eu deslizei meus olhos por todo o corpo dela, a mesma pegou o travesseiro o jogando sobre meu rosto, antes de sumir da minha vista, eu ri baixo e assenti lentamente.

   Desci as escadas e comecei a preparar algo para comer, não demorou muito para sua imagem surgir na cozinha.

-Bom dia.

  Ela disse se sentando e eu suspirei, eu ainda estou preocupada com a facilidade daquele caso, não fazia sentido algum resolver tão fácil assim.

-Bom dia...Você, bom...O que vamos fazer agora?

Eu coloquei café em uma xícara encarando ela, Caitlyn se sentou e cruzou suas pernas e eu a encarei esperando uma palavra sua, ela ajeitou uma mecha atrás da orelha e bebeu um gole do café que entreguei em sua mão.

-Acho que é válido investigar através do que temos, os policiais, lembra que estava escrito quando eles exportam a droga para fora, então os policiais de lá vão ser corruptos e sempre os mesmos.

-É faz sentido.

  Não posso mentir eu estou com uma péssima sensação de tudo isso, talvez seja paranóia, encarei os olhos azulados da mulher em minha frente, por que eu acho que isso tem a ver contigo?

-Está muito quieta. -Ela falou me encarando.

-Não quero que nada saia errado.

-Não vai.

Eu confirmei com a cabeça e bebi o resto do café pegando um biscoito e o levando para os lábios e perguntando:

-Vai falar com o Jayce?

-Hoje quando sair do trabalho, vamos passar uma semana investigando, antes de nós nos encontrarmos novamente, acho que teremos mais provas.

  Eu confirmei, ela desceu da cadeira e caminhou para a porta, assim que ela saiu eu suspirei.

-O que está perturbando minha mente?

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