Afeição

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Vi

  Dentro da delegacia eu não via a hora de ir embora, faziam cinco dias desde que conseguimos as provas e eu não conseguia ficar 100% focada em mais nada, Warwick malemá falava comigo, Caitlyn e eu somos completas desconhecidas aqui dentro, fora o Jayce o tempo todo aqui! Talvez eu seja ciumenta demais? Talvez, mas sei lá ele me incomoda!

A investigação no geral está indo bem, reunimos provas naquele dia, e pelo visto eu não sou a única de olho nas coisas aqui dentro, tenho certeza que Caitlyn reuniu algumas coisas também, o único problema era o conselho de Piltover querendo matar Warwick sem dar para ele a chance de tentar se recordar de algo, isso estava me abalando demais.

   Me levantei e senti o ombro de alguém esbarrar em mim, eu me virei para trás pronta para mandar a pessoa olhar por onde anda, mas quando me virei meus olhos encontraram Ezreal e ele sorriu.

-Você está vivo!

Eu o abracei e o mesmo riu e confirmou com a cabeça me abraçando de volta, ver ele ali me deixou completamente feliz, mas provavelmente o Xerife não estaria.

-É bom te ver também Violet.

Ele se desvinculou do abraço colocando as mãos no bolso me encarando, Tremello que passava atrás de nós nos encarou e eu olhei para Ezreal novamente.

-Acho que precisamos conversar.

  Eu falei baixo e ele confirmou, caminhamos para o refeitório eu peguei dois copos de café, entreguei um para ele e corri meus olhos pelo local notando que não havia ninguém perto.

-Ezreal, conseguimos um arquivo, mais tarde vem em casa, eu vou mostrar pra você, nós precisamos da sua ajuda, esse esquema é mais extenso do que imaginei.

-Tudo bem, eu vou lá, e olha, estou feliz que estejam bem.

-Eu também estou por te ver bem.

  Seus olhos pousaram no meu pescoço e ele deu um leve riso, é a marca ainda estava aqui, e tem como piorar, bem perto da tatuagem, era inevitável, iriam ver de qualquer jeito; agora ele vai passar o dia debochando de mim.

-Pensei que você não tivesse "dona".

-Eu não tenho...Vira essa boca pra lá!

Ele gargalhou e bebeu o café, ele sabia que eu odiava marcas do tipo porque acabavam cortando meu papo com outras garotas, mas na verdade eu não me importei quando Caitlyn a deixou sobre minha pele, eu não tenho saído com ninguém além dela há um bom tempo, nós teoricamente não temos nada em si, pode ser só um tesão acumulado que acaba me fazendo chegar nesse ponto...Mas não seria ruim ter ela comigo eu admito.

Isso tudo é confuso, as vezes eu nego para mim a existência de algum sentimento, mas me pego pensando que ele existe as vezes.

  Balancei a cabeça negativamente tentando afastar esse pensamento repentino.

-Vai me contar quem foi a dona da chupada?

-Não tem como não.

-Por quê? -Ele pareceu confuso.

-Você não acreditaria em mim.

-Por quê?

-Somos de universos diferentes.

  Ezreal engasgou e começou a tossir algumas vezes, sua mão batia contra o peitoral, ele colocou o copo sobre a máquina e me encarou boquiaberto, sua expressão foi ilária.

-Meu deus, Caitlyn?! Eu fiquei fora por quanto tempo?

-Eu não disse que foi ela!

-E precisa? Tem alguém mais distante de você do que ela?

  Eu suspirei, Ezreal encarou meus olhos e apontou o dedo indicador para mim o balançando como se tivesse descoberto algo valioso.

-Você gosta dela.

-Que? Da onde tá tirando isso?

-Você nunca deixaria alguém marcar você desse jeito aí...

-Foi um acidente e eu nem toquei no nome da Caitlyn...Não foi ela seu panaca.

-Nem precisa! -Ele riu levemente. -Você gosta dela, senão gostasse não deixaria.

-Qual é Ez?

-Que você sempre achou ela atraente não é novidade, mas eu não achei que investiria.

  Eu senti meu rosto corar um pouco, como ele pode sair afirmando essas coisas assim? Mesmo comigo negando. Mas pelo visto agora eu acabei me entregado, eu desviei meus olhos e suspirei.

-Vou pra academia depois do trampo, aparece umas quatro horas, não atrase.

  Eu o dei as costas saindo.

Ezreal

Vi me deixou falando sozinho mas eu não me importei, na real, eu já achava que formam um belo casal, mas não achei que ela realmente tentaria algo, afinal Caitlyn não é muito de dar liberdade para que essas coisas aconteçam.

   Mas se ela não diz, eu tiro informação, eu caminhei até a mesa de Caitlyn e ali estava ela concentrada trabalhando, deveria ser sério para prender tanto a sua atenção. Eu já havia passado para ver ela antes de falar com Vi, então ela não acharia tão estranho eu voltar.

-Olá Cait.

-Oi Ez.

Ela me encarou de relance e voltou ao papel, eu suspirei me sentando na mesa dela, a mesma me encarou como se pudesse me fuzilar com os olhos, Caitlyn odeia falta de respeito nos ambientes e quando eu faço é apenas para que ela foque sua atenção em mim.

-Sabe o que eu andei reparando?

-Que não se senta em mesas?

-Ah...Isso é detalhe. -Dei um riso baixo e suspirei correndo a mão pelos fios lisos.  -Reparei que a Vi provavelmente tem um novo esquema, e dessa vezes sinceramente parece coisa séria.

-Como assim?

  Bingo, despertei a curiosidade dela, eu suspirei e dei de ombros colocando as mãos no bolso da calça.

-Bom, a Vi não gosta de marcas, e ela tem uma no pescoço, bem roxo, você sabe quem é a dama da vez?

Ela negou com a cabeça desviando os olhos e eu suspirei, mesmo que ninguém tenha a coragem de me falar, eu já entendi tudo.

Warwick

Meu corpo todo estava dolorido, faz tanto tempo que não vejo a luz do dia, eu ouvi passos no corredor e pude sentir de longe o cheiro da garotinha de cabelos rosas, ela vem me ver todos os dias, trás coisas pra mim, e me conta histórias, ontem ela não veio e eu senti sua falta, eu nem sabia o motivo, mas ela era minha única companhia, por mais que eu não falasse muito.

-Olá Warwick.

-Garotinha...

Eu me coloquei em pé e me aproximei da grade me sentando de modo que ficasse frente a ela, o que me intriga era ela não sentir medo de mim, eu não sei se as coisas que ela diz são reais ou não.

  Sua mão tocou a grade enquanto seus olhos encaravam o chão, parecia triste e repleta de desânimo.

  Uma lágrima escorreu de seus olhos, eu não sabia o motivo dela estar chorando mas abaixei meu rosto e passei o nariz pelo espaço entre as barras com um grande esforço me aproximei dela, minha língua enxugou sua lágrima e ela me olhou, eu me afastei um pouco, sentia meu rabo abanar, nada explica a afeição que tenho por ela, não faz sentido sentir isso por quem me prendeu, eu só queria saber o que era verdade e o que era mentira.

  Mas nesse momento nem importa, a garotinha estava triste, e eu queria vê-la no mesmo ânimo de sempre, minha pata tocou a bolinha de metal que ela me trouxe e jogou para o outro lado fazendo ela tocar seu pé, ela sorriu e me encarou.





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