Fratura exposta da Alma

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Vi

Era estranha demais a relação daqueles dois, quando dei as costas imagino que Caitlyn deve ter contado tudo sobre a reunião, principalmente sobre ser uma dupla comigo, aqueles dois...Eles sempre estavam muito próximos, Jayce não é lá meu conselheiro favorito, aliás não gosto de nenhum deles, nem sei porquê a Caitlyn não seguiu os passos da mãe se tornando conselheira, ela não combina com essa profissão.

  Suspirei enquanto caminhava, meu turno estava perto de acabar, das seis da manhã até as três da tarde, o lado bom é ter tempo pra treinar.

  Mas até na academia de luta eu tinha um grande problema, ser Zaunita. Zaunitas em Piltover, pareciam um grande incomodo, no trabalho nada do que eu dizia era escutado, e isso já me cansou, eu deixei Zaun para salva-la, e tudo o que eu estou conseguindo fazer é vigiar um bando de ricos mimados que acham que são donos do progresso universal, como o tal namoradinho da Caitlyn Kiramman.

  Sinceramente, eu esperava que conseguisse fazer mais, não sei aonde botei na cabeça que conseguiria fazer alguma coisa no lado alto, tudo o que eu consegui foi uma vida melhor pra mim, enquanto isso...Ekko, Powder e todos em Zaun só me encaravam como alguém que abandonou a causa e trocou de lado.

-Vi ! 

 Me voltei para a voz masculina que me chamava, era o nosso explorador, Ezreal era um cara legal, até hoje não compreendo como é amigo da Kiramman, que apesar de excelente profissional, é irritantemente perfeccionista, além dele ser amigo do engomadinho também, sorri levemente tocando na mão dele.

-Precisa de algo?

-Preciso...Quero que proteja a Caitlyn no mano a mano, ela é uma ótima atiradora mas em Zaun talvez seja diferente, ela nunca esteve lá.

-Relaxa, a moça da Realeza não vai quebrar a unha.

-Eu sei que vocês não se batem.

-Sim - Encarei ele, um suspiro leve saiu de meus lábios, seria um desperdício para os meus olhos deixar que o rostinho da Caitlyn ficasse deformado. -Mas isso é trabalho, ninguém vai toca-la.

-Você está pronta para pisar lá novamente?

-Aquele lugar...- Fechei meus olhos e apertei os lábios, me dói lembrar de tudo o que aconteceu, Ezreal costumava ser compreensivo, então não era difícil falar com ele, todos gostavam desse cara, me incluo nisso. -Eu queria ajudar, e só estou cuidando de pivetes mimados.

  Ezreal riu e confirmou com a cabeça cruzando seus braços.

-Você é uma boa pessoa Vi, tem bom coração. -Sua mão tocou meu ombro e ele sorriu -Um dia o Ekko vai entender sua escolha.

  Ele se foi e eu apenas olhei para o chão, Ekko era como um irmão para mim, na última vez que nos vimos, tive uma fratura exposta da alma, todas as suas palavras, cada gesto, seu olhar de dor e desgosto para mim, e aquela luta...Em seguida ganhei uma cicatriz no ombro, mas isso não foi o mais doloroso, Powder...Powder se tornou uma pessoa totalmente diferente, no tempo que estive fora, ela se tornou um monstro, e dói saber o quanto meus colegas querem prende-la, dói saber que talvez tudo estivesse diferente, se eu não tivesse sumido por dez anos, as coisas mudaram radicalmente depois disso.

  Continuei caminhando e passei em frente a um restaurante chique, sua fachada era toda de vidro e o piso de madeira, lustres sobre o centro do local e mesas de madeira polida, ali dentro estava a Caitlyn e o namoradinho dela, ela é uma mulher muito atraente, uma das mais bonitas que já vi, ainda não sei o motivo de estar com esse cara estranho.

-Vamos ver no que vai dar essa missão.

Eu dei de ombros e ao observar o horário eu dei um suspiro leve, o turno havia acabado.

 Fui para casa logo em seguida, minha casa ficava pertinho de Zaun, praticamente a casa mais próxima da ponte.

Caitlyn

  Suspirei enquanto Jayce falava sobre o conselho e sobre minha mãe, também falou sobre a Mel, a senhorita Medarda era a principal financiadora das pesquisas de Jayce, ainda acredito que eles tem algo.

-E você? Como está o trabalho?

-Tenho uma missão sobre os barões da Química.

-Uau, isso é ótimo! Cada vez mais perto dos seus objetivos. -Eu não demonstrei ânimo, Jayce notou e tocou minha mão, eu sorri curto e o encarei. -O que foi?

-Iria pedir para que Ezreal fizesse a missão comigo, mas o Xerife colocou a Vi.

-A...

  Jayce sabia bem que eu não gostava da forma que ela falava se portava ou expressava, ele riu levemente.

-Que foi?

-Eu também acho ela estranha, mas talvez ela não seja tão ruim quanto parece, vai que vocês acabam sendo uma boa dupla.

-Acho difícil.

  Após o almoço com Jayce eu fui para casa, tomei um banho longo, talvez Jayce não estivesse tão errado sobre Violet, mas também não acho que esteja certo, ela não é flor que se cheire, mesmo em dúvidas assim que sai do banho eu me arrumei, por mais que não quisesse não tenho muita opção uma hora vamos ter que começar a trabalhar nisso.
 
    Eu iria até a academia de luta que Vi frequentava, como eu sabia que ela estaria lá? Bom, simples, uma das oficiais comentou uma vez com Ezreal, e disse inclusive o horário em que ela costumava treinar.

  Eu caminhei até lá, estava exausta porém eu simplesmente não poderia deixar aquele diálogo para depois.

  Eu cheguei frente a academia de luta e estranhamente tudo estava apagado, porém a porta estava aberta, suspirei e adentrei o local, subi as escadas e assim que cheguei no segundo andar eu parei de andar, haviam equipamentos sobre o tatame e no banco longo ao lado do tatame e dos armários Vi estava sentada, mas me surpreendi com o que eu avistei, ela estava aos amassos com uma garota que eu nunca havia visto, mas parecia algo intenso e bom, porque a menina a puxava para si como se quisesse unir seus corpos.

  A loira estava de costas para mim enquanto Vi tinha uma mão entre os cabelos dela e outra em sua cintura, por baixo da camisa da menina, que inclusive estava caindo em um lado dos ombros; senti meu rosto corar quando Vi desceu seus beijos pelo pescoço da garota e abriu seus olhos, seus olhos claros me fitaram.

  Constrangimento foi tudo o que eu senti quando ela me encarou, mas ao contrário do que eu imaginei ela não parou de imediato, ela sorriu ladino e arrastou sua língua pelo pescoço da garota enquanto seus olhos continuavam fixos em mim.

  É melhor eu ir embora...

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