Clima tenso

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  Vi 

   Eu escutei passos, pararem no andar onde eu estava, droga! logo quando tudo estava ficando interessante, sabia que havia alguém na sala mas não queria parar, não agora, meus olhos se abriram para encarar a figura, e realmente eu me senti...É inexplicável, Kiramman, sorri ladino e arrastei a língua sobre a pele da garota em minha frente, Cait tinha um rubor excessivo no rosto, eu queria que ela sentisse pelo menos um calafrio quando se lembra-se do que viu, mas não posso fazer muita coisa provavelmente ela já estava ponderando ir embora, soltei a garota em minha frente e encarei a mesma.

-A gente pode se ver outro dia...- Fiz um sinal apontando Caitlyn com a cabeça. -Isso é trabalho.

-Humm... -Ela suspirou se levantando e encarou Caitlyn de baixo para cima, Kiramman pelo contrário estava imóvel, a loira se retirou e assim que ouvi a porta do salão fechar respirei fundo, eu peguei a camisa que estava caída no chão, ajeitei o top preto e vesti a camiseta.

-Bom, você acabou com a minha noite, então...- Encarei Caitlyn me aproximando da mesma, seu rosto ainda estava avermelhado. -Espero que seja importante.

-Você...- Me sentei no tatame a encarando. -Você gosta de mulheres?

-E não é perceptível?

-A... -Caitlyn parecia perdida, dei um sorriso ladino, era cômico ver ela perdida, deslizei meus olhos pelo corpo dela, não costumo evitar meus pensamentos, Caitlyn sempre atraiu o olhar de muitas pessoas, muitos homens, mas não nego que não era difícil sentir uma ponta de atração, mas não passava disso, comigo nada nunca passava do desejo carnal. -Eu ia propor ir para Zaun amanhã, mas...Não queria atrapalhar você e a sua namorada.

-Ela não é minha namorada.- Caitlyn arregalou seus olhos e me encarou, eu imagino o que ela está pensando, como eu simplesmente saio por ai me pegando com qualquer pessoa. -Para namorar precisa sentir algo além da vontade de transar com alguém, e eu ainda não me perdi desse jeito.

-Entendi.

-Por falar em namoro, aonde está o seu engomadinho?

-Ele não é meu namorado! -Ela me encarou perplexa, eu ri de forma travessa negando com a cabeça.

-Conta outra. 

-Somos amigos.

-Então tá. -Me levantei e coloquei as mãos no bolso, me recordei do pedido de Ezreal e fixei meus olhos nos dela. -Você não luta corpo à corpo não é?

-Não, só...Se não houver escolha.

-Venha cá...-Retirei as botas pisando no tatame, Caitlyn parecia hesitar, eu retirei a jaqueta a jogando no chão. -Deixa eu te ensinar algumas coisas, só para não ser capturada.

-Eu...Aprendi coisas na academia policial.

"O mulher difícil, relaxa, eu não vou te morder"

-Concordo, mas são inúteis...Em Zaun nada é justo como ensinaram para você.

  Caitlyn apertou os lábios e se sentou no banco onde eu estava antes, eu não acredito que ela realmente vai fazer isso, ela retirou as botas de salto e pisou no tatame caminhando em minha direção, é, ela é realmente atraente...e alta.

-Bom, vamos lá...

  As horas passaram rápido, eu expliquei algumas coisas e a ensinei alguns movimentos, ela era bastante atenta, obviamente só estava a ensinando a se soltar caso alguém tentasse a capturar, nisso eu segurei seu pulso e ela torceu minha mão me fazendo rir, realmente nem se compara com as lutas que já tive, mas estava sendo divertido e engraçado, ela não parecia me odiar naquele momento.

-Olha se eu te segurar assim...-Me aproximei dela a pegando em um mata leão, tive que ficar na ponta dos pés para segurar da forma correta, Caitlyn suspirou e eu soltei o braço explicando que ela deveria acertar o cotovelo embaixo da minha costela, e em seguida girar o corpo, assim que ela o fez eu caí no chão. -Só não precisa bater forte.

-Desculpe. 

-Não doeu, tô brincando.

   Me levantei, Caitlyn me empurrou me derrubando, ergui uma sobrancelha, ela apenas sorriu, em seguida eu me levantei e quando ela tentou me empurrar novamente eu esquivei e peguei suas duas mãos a encostando contra a parede e colocando suas mãos sob a lombar.

-Corpo à corpo é meu forte Caitlyn.

  Ela me encarou por cima do ombro e naquele momento eu quis pressionar ela contra a parede, entre a parede e meu corpo, mas não tinha como fazer algo do tipo sem comprometer-me, ela poderia me tirar de circulação em Piltover, sua mãe podia, o engomadinho, apesar dela não tentar se soltar eu não faço idéia do que ela estava pensando. 

 Soltei o pulso dela e a mesma se virou para mim, ela não parecia ter sentido medo, desviei meu olhar lentamente, eu não posso pensar nada disso e isso é ridículo! 

-Está tarde. -indaguei, ela permanecia me encarando em silêncio. -Se você quiser eu te acompanho até sua casa...

-Sei me defender sozinha.

-Eu sei...

   Ela sorriu e foi saindo do tatame, eu apenas confirmei com a cabeça e vesti as luvas, me aproximei do saco de pancadas e comecei a bater no mesmo, o treino dela acabou, o meu começou.

Caitlyn 

  Aquilo foi muito estranho, quando ela me encostou na parede meus pensamentos ficaram em branco, nada passava por minha mente, eu nunca havia sentido tanta vergonha em um único dia, primeiro descobri que Vi gostava de mulheres, depois treinamos combate, depois Violet deixou o clima tenso quando me empurrou para a parede, sinceramente eu não sei o que ela pode ter pensado, mas eu não consegui formular uma palavra sequer.

  Saí do local caminhando até minha casa, tudo isso era realmente estranho, mas amanhã seria um novo dia e nada disso assolaria minha mente! Assim que abri a porta meu pai sorriu. 

-Olá Cait, por onde andou?

-Eu...Estava treinando.

-Entendi. -Ele sorriu, meu pai costumava ser compreensivo e acolhedor, o oposto total da minha mãe, naquele horário minha mãe costumava estar saindo do conselho, me sentei ao lado do meu pai no sofá da sala e encostei minha cabeça em seu ombro, era um bom momento para conversar com ele.

-Pai...

-O que?

-O que você pensa dos Zaunitas?

-São parte da nossa cidade, mesmo que em outras condições, eu conheci algumas pessoas de lá.

-Conheceu?

-Sim, Viktor era um rapaz muito inteligente, mas ele desapareceu, e houveram outros...

-Do que estão falando?- A porta se abriu e minha mãe entrou nos encarando, meu pai se calou e se levantou indo até ela, deu um leve abraço nela e depositou um beijo em seu rosto.

-Zaunitas...

  Respondi, ela claramente não pensava como meu pai, mas não só sobre isso, sobre quase tudo, quando ela não gostava de algo costumava deixar nítido, e sua expressão não mentia, ela desprezava os Zaunitas.

-Zaunitas são arruaceiros, e se acham vítimas de um sistema, são todos péssimos!

 Torci meu lábio e meu pai pareceu não gostar do que ela havia dito, mas ele nunca manifestava sua opinião de forma decidida, minha mãe parecia não gostar muito do assunto, então eu apenas me retirei sem dizer nada, assim que cheguei no quarto fechei a porta, tranquei a porta e em seguida suspirei pesadamente.    

    

  

Opostos ComplementaresOnde histórias criam vida. Descubra agora