Opostos Complementares

Não tem nada para contar?

Cassandra

  Eu estava em frente ao espelho do quarto, logo após terminar de me arrumar para ir até a audiência do conselho, faz alguns minutos que Tobias chegou e até o momento nada de Caitlyn, e eu precisava falar com ela antes de deixar a casa, havia expressado essa necessidade para meu cônjuge assim que ele chegou e ele notava minha impaciência enquanto eu ajeitava as vestes.

-Fala com ela quando ela voltar. -O homem que pegava a toalha no guarda-roupa falou em um tom ameno. -É muito importante?

Pelo visto ele ainda não sabe de nada.

-Sim. -Eu falei enquanto ajeitava os brincos nas orelhas. -É urgentíssimo! -Eu caminhei até ele selando meus lábios nos dele e me despedindo, me conformando em falar com minha filha quando ela chegasse, eu me guiei até o corredor.

  Assim que desci as escadas esbarrei os olhos na mulher que fechava a porta, eu a encarei e assim que ela me viu ela deu um curto sorriso.

-Boa noite mãe.

-Boa noite Caitlyn.

  Ela subiu a primeira leva de escadas e eu suspirei, assim que seus pés atingiram o último degrau deixando ela perto de mim eu fitei seus olhos; antes que ela continuasse seu caminho eu questionei em bom tom:

-Você não tem nada para me contar? -Eu questionei com a voz séria, ela franziu o cenho e me encarou confusa e imóvel, eu cruzei meus braços a olhando com o mesmo ar rigoroso que a olhava quando era criança. -Em Caitlyn?

-Não...-Ela pensou por alguns segundos e negou com a cabeça. -Desculpe, eu não consegui entender.

-Hum...Bom, vou ajudar você a entender... -Eu sentia um pouco de raiva em tocar naquele assunto dessa forma, mas eu não permitiria que minha filha agisse de forma tão insensível por aí -A sua namorada está em Aguamansa, e você beija outra mulher em uma lanchonete? -Ela arregalou seus olhos, eu com certeza acredito que Vi não mereça nada do tipo. -Você acha correto fazer isso com alguém como a Vi? Francamente Caitlyn...

-Mãe...Isso foi um acidente e...

-Acidente? Por Deus Caitlyn!

-Mas foi! Eu não sabia que ela faria aquilo, além do mais eu estava conseguindo provas de um caso de investigação...Eu não trairia a Violet.

  Eu encarei a mulher cerrando meus olhos, eu espero realmente que isso seja verdade, depois de conhecer melhor minha nora eu não acho que ela mereça algo desse tipo, eu suspirei ajeitando as luvas.

-Espero que isso seja verdade Caitlyn, Violet não é qualquer uma, não a trate como se fosse!

-Mas é verdade! E em que mundo maluco  você gosta tanto assim da Vi?

-Ora! Eu gosto da troglodita da sua namorada! -Eu suspirei e desci as escadas, assim que cheguei no último degrau eu falei alto. -Por mais que ela não tenha etiqueta alguma!

Caitlyn

  Eu entrei no quarto completamente exausta, não tem como piorar, se minha mãe sabe disso, significa que é um assunto, se é um assunto a Vi em algum momento irá saber, eu fechei a porta e retirei os saltos, caminhei descalça até a cama e me sentei nela, minhas mãos correram suavemente pelos meus braços.

   O que Ezreal me entregou era bastante suspeito, eu havia descoberto que Rell estava discaradamente armando algo para Violet...O pior, pelo que eu li, ficou visível que era algo para tirá-la da polícia, não entendi suas motivações, mas isso era preocupante, o plano parecia bem elaborado, porém foi interrompido quando eu prendi a rosada.

  E para ajudar sua teoria toda sobre Tremello estava correta.

-Que obsessiva maluca...-Eu sussurrei baixo e me levantei pegando a toalha e adentrando o banheiro para tomar um bom banho, o pior era que eu não poderia aplicar uma  advertência nela pelo beijo, já que não estava em horário de trabalho.

  Eu tomei um longo e quente banho, saí do banheiro apenas com o Baby Doll, meus olhos estavam pesados, eu me deitei na cama permitindo que meu corpo desabasse, amanhã seria o dia de voltar para Aguamansa, e eu espero que Vi tenha conseguido reunir algo valioso.

Ezreal

  Eu estava na sala jogando banco imobiliário com o garoto e com Ekko, no momento eu estava ganhando, a madrugava se estendia até tarde para nós três nessa sexta-feira.

  Ekko era um verdadeiro fracasso, o que nem faz sentido, já que ele é o mais inteligente entre nós.

-Boa jogada Ekko! -O menino falou dando um riso debochado, ele pegou os dados na mão e um barulho do lado de fora fez ele encarar a porta, um estrondo se fez novamente e nós direcionamos os olhos para a porta ao ouvir ela abrir e fechar, a criança levantou e correu até a tatuada que havia entrado na casa encharcada, o menino a abraçou com força, naquele instante eu sorri levemente e me levantei, Ekko se levantou e ambos ficamos observando Vi correr a mão pelos cabelos do menino enquanto ele estava agarrado nela. -Achei que você não fosse mais voltar. -O menino falou baixo e eu pude ouvir ele fungar, Vi se desviculou dos braços dele e se abaixou encarando os olhos do menino.

-Mas eu voltei... Não vou abandonar você tão fácil.  -Ele sorriu e ela fez o mesmo correndo as mãos pelos fios dele e puxando o menino para um abraço. -Eu preciso de um banho...- Os olhos dela foram até Ekko e ela sorriu abertamente por ver ele ali, o moreno aguardou que ela soltasse o menino e caminhou até a mulher abraçando ela. -Bom te ver Ekko.

-Obrigado Vi...Mesmo.

  Ela soltou ele e sorriu confirmando, eu caminhei até ela a abraçando, naquele instante eu lembrei do ocorrido entre Caitlyn e Rell e suspirei pesadamente, quando seus braços me soltaram ela perguntou:

-Onde está a Cupcake?

Eu engoli a seco e respondi de prontidão:

-Na casa dela... Nós três estamos aqui, ela está lá mesmo.  -Vi confirmou com a cabeça, o menino parecia feliz, feliz até demais, acho que ele gosta mais dela do que do próprio Ekko. -Precisamos conversar. -Eu falei encarando ela, a rosada confirmou e tocou meu ombro.

-Beleza, só vou tomar um banho e cozinhar alguma coisa...- Ela começou a subir a escada e parou no meio do caminho encarando cada um de nós. -Comprem umas três Pizzas! Eu pago!

O menino pulou contente e eu confirmei com a cabeça, por sorte a pizzaria não ficava longe dali, e seria o momento perfeito para conversar com ela, eu então afirmei:

-Vou esperar você sair do banho, aí vou lá contigo!

-Tá bom.

Ela enfim sumiu do meu campo de visão, eu encarei o relógio na parede e ele marcava 2:14...A pizzaria fechava as três então teríamos tempo o bastante.