Quarto 113

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Ezreal

  Eu cheguei na frente da casa de Vi e bati na porta, um suspiro saiu de meus lábios, acho que ela não está em casa ainda, cheguei a bater quarto vezes e nada.

  Eu era praticamente de casa, pensei por alguns segundos...

  Usei a manopla para me teletransportar para dentro da casa da mesma, eu escutei o som ligado e subi até o segundo andar, eu deveria imaginar, do local aonde estava eu ouvia os socos altos e fortes contra o saco pendurado no último quarto do andar superior, haviam três portas, o banheiro, seu quarto, e seu local pessoal de treino, eu empurrei a porta e entrei no ambiente esbarrando com sua imagem socando o saco de pancadas com velocidade e força, o suor pingava no tatame azul e vermelho, seu cabelo estava molhado, ela não notou minha presença e eu analisei seus movimentos, apenas de Top e Shorts ela parecia muito mais leve do que nas habituais lutas, ela girava o corpo deixando cada pancada mais forte, fazendo o saco de pancadas balançar, sua respiração controlada a fazia bater muito mais forte do que a maioria das pessoas conseguiria, com certeza seu coração está calmo.

  Vi luta como o mar em tempestade, agressivo por fora, calmo por dentro, seus olhos pareciam prever cada movimento que o saco fazia, a cada sequência um combo perfeito em cada batida.

  Eu respeito esse físico sensacional dela, mas porra o custo de suor disso, já me desanima, eu pigarreei e ela segurou o saco me encarando sobre o ombro.

-Olá... -Ela sequer estava ofegante, retirou as bandagens e se sentou no tatame, naquela sala mediana, havia o saco, um boneco mecânico, alguns equipamentos de academia, uma enorme estante de livros, e o tatame, ela estava enrolando as bandagens da mão. -Perdi a noção do tempo.

-Eu queria mesmo é saber porque você tem um abdômen melhor que o meu?

-Eu treino... -Ela correu a mão sobre os fios fazendo algumas gotas caírem em seus ombros, quando seu cabelo se jogou para trás. -Bastante.

-Que pique em.

  Ela suspirou e levantou caminhando em minha direção, passou por mim e entrou no quarto onde dormia, eu apenas a segui, imaginava que ela iria me mostrar o que havia dito que descobriram.

  Ela abriu o criado mudo e entregou o papel para mim, eu me encostei na parede abrindo o mesmo e lendo tudo com atenção enquanto ela caminhou pegando uma pequena toalha e enxugando seu pescoço e rosto.

-Caralho, isso é sério?

Vi cruzou seus braços e confirmou retorcendo o lábio, eu a encarei então aquela perseguição fez sentido, o Xerife ajuda eles a exportar a droga e Demacia está na lista de compradores.

-Bom, estamos investigando tudo ainda, mas Caitlyn está de olho nas coligações dentro da delegacia, ela ficou de vir aqui segunda, é sexta...falta pouco, mas se precisarmos brigar, não conseguimos, não sozinhas, precisamos de você.

-Entendi, querem minha ajuda para conseguirem fazer a apreensão.

-Isso, a ideia é um flagrante, pegar eles em um momento em que estejam juntos, flagrantes não precisam de muitas provas, mas nós também temos isso...

  Ela apontou para o papel.

-É uma ótima ideia, mas nós três, somos capazes de fazer isso?

-Somos os únicos em quem podemos confiar agora.

  Eu confirmei, parece suicídio tentar um flagrante como esse, três contra tanta gente.

Caitlyn

  Eu havia acabado de me trocar, estava exausta, caminhei até a janela me apoiando nela, eu pude lembrar da imagem de Vi bem ali, naquele dia em que invadiu meu quarto, eu sorri leve e fechei meus olhos ao sentir a brisa do fim da tarde tocar minha face e esvoaçar meu cabelo.

  Eu abri meus olhos, não imaginei que esse tempo sem contato algum com ela me faria sentir sua falta, nunca imaginei que sentiria algo por ela.

  Eu ouvi a porta ser aberta e olhei para trás surpresa e assustada, meus pais não tem o costume de fazer isso, meu pai correu até a janela e segurou meus ombros tremendo e com os olhos cheios de lágrimas.

  Eu senti meu coração disparar mesmo desconhecendo o motivo de sua expressão, ele respirou fundo.

-Filha...Sua mãe está no hospital.

-O que? O que aconteceu?

  Uma lágrima rolou de seu rosto e ele sorriu curto, parecia emocionado.

-Sua tia, ela acordou.

 
  Eu arregalei meus olhos, minha tia estava em coma a tanto tempo que eu sequer tinha esperanças de que em algum momento ela fosse despertar, mas agora, aqui estava meu pai chorando de emoção, eu o abracei, suas emoções pareceram invadir minha alma, e eu derramei lágrimas, sentia o aperto em meu coração, pela primeira vez, lágrimas de alegria deslizaram pelo meu rosto, nós saímos rapidamente de casa, fomos de carro até o hospital e assim que chegamos ficamos na sala de espera, eu me sentei em uma das cadeiras, aguardando para poder vê-la, eu não sabia o que pensar sobre tudo isso, mas minha tia sempre teve meu respeito e admiração, era uma ótima policial e a única pessoa para quem eu contava coisas pessoais, e agora ela estava acordada.

  O médico responsável por ela surgiu e sorriu curto olhando o papel que tinha em mãos, ele encarou meu pai e em seguida me encarou.

-Kirmmans.

Nós levantamos e caminhamos até o doutor, ele entregou o papel para meu pai, sabia que ele entenderia tudo ali, o mesmo começou a ler atento e o médico enfim disse algo:

-Vocês não podem sobrecarregar ela, ela tem respondido bem desde que despertou, não perguntem muitas coisas nem forcem nada, todos os órgãos dela estão funcionando , sua saúde está boa, e seus reflexos nervosos também, exceto na perna, nos parece até o momento, que ela perdeu completamente os movimentos e sentidos da perna... Começaremos os tratamentos para ela voltar a se locomover amanhã, com sorte dentro de alguns meses estará tudo normal, já que estava em um estado vegetativo, teremos que ter calma.

  Eu suspirei e meu pai entregou o papel para ele, o médico nos guiou até a porta do quarto 113, assim que abri a porta ela sorriu, eu me aproximei dela me sentando ao lado de minha mãe que já estava ali.

-Olá Titia.

-Olá, Caitlyn. -Ela me encarou de cima a baixo e sorriu -Cait, como você mudou, parece mais...Radiante.

  Eu sorri e me aproximei dela, ela correu a mão por meus cabelos colocando uma mecha atrás de minha orelha.

-É bom te ouvir de novo tia.

  Ela apenas sorriu e meu pai se aproximou ficando atrás de minha mãe, ele pousou suas mãos nos ombros dela, minha tia o encarou e sorriu levemente.

-Obrigada por cuidar bem da minha irmã Tobias.

   Meu pai e minha tia sempre foram amigos, ela o apresentou para minha mãe, então ele estava tão emotivo e feliz quanto minha mãe nesse momento.

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