Brutos

517 41 63
                                        

Vi

  A semana se passou rápido, o pai da Caitlyn havia retirado o dispositivo que Singed havia acoplado em mim, como a função de disparar o veneno foi anulada por Ekko, ele conseguiu retirar, talvez não estar na delegacia fosse bom nesse momento, se eu estivesse ali, eu lembraria do Ezreal o tempo todo, bastaria chegar na sala ou olhar para a mesa da frente.

Nesse momento não era assim porque eu estou ocupada o tempo todo com as coisas dentro da casa, eu penso, em momentos aleatórios, chorar é natural em alguns outros momentos, mas eu não faço isso na frente do Otta, nesse exato momento Caitlyn estava no trabalho, e eu estou muito preocupada com ela, a minha mulher não curte falar muito do que aconteceu, e tudo o que eu queria era um jeito de melhorar as coisas para ela, mas eu não faço ideia de como fazer isso, felizmente o Otta consegue melhorar os ânimos dentro de casa.

  Nesse momento eu estou ao lado do Otta pintando o quarto dele, o calor era enorme então eu vestia apenas o top e um shorts soltinho, ele queria um tom esverdeado e não o tom creme que estava nas paredes antes, então eu estava fazendo a vontade dele, considerando que ele nunca teve um quarto só dele.

  E aqui estamos nós dois, pintando tudo antes dos móveis que escolhemos para ele ocuparem o espaço, nesse momento eles estavam desmontados na sala, eu sugeri um degradê, e era isso que estávamos fazendo, Otta assim como todos já sabe o que aconteceu com Ezreal, e ele não tocava no assunto, Ekko já não estava mais no hospital e me visitava vez ou outra, ele havia adquirido uma cicatriz enorme no rosto, mas sua visão não foi prejudicada, não totalmente, só em partes.

O menino me tirou do meu transe:

-A gente pode fazer sorvete hoje? -Ele perguntou enquanto passava o rolinho na parede, seu olhar era esperançoso, eu estava fazendo o recorte com a tinta, pintando as beiras ao lado do teto na parede, encarei ele e confirmei. -Você anda triste, não gosto de ver você triste.

-Desculpe Otta, o Ezreal era importante para mim.

-Eu entendo, fiquei muito triste quando perdi papai, mamãe e todos meus amigos.

  Eu confirmei e suspirei, ele parecia pensativo, naquele instante eu desci da escada e baguncei os cabelos negros dele tentando tirar ele desses pensamentos.

-Ainda temos um ao outro, não é mesmo?

-Sim! -Ele me abraçou e deu um sorriso travesso, eu até sei o que ele vai dizer agora. -E você tem a patroa.

"Sabia"

-Nós temos... -Eu corrigi ele dando um sorriso leve e sujando seu nariz com a tinta-Ela manda a gente obedece.

-Ótimo saber que longe de mim você confirma a verdade, Violet.

  Eu arregalei meus olhos e encarei a mulher na porta, eu não sei a quanto tempo ela estava ali parada de braços cruzados apoiada na porta, Otta riu e correu até ela a abraçando.

-Eu? -Eu caminhei em direção a ela e dei um selinho na mesma fazendo um olhar de desentendida -Confirmei o que?

  Ela revirou seus olhos e Otta pegou a mão dela a puxando consigo para o andar de baixo.

-Vamos! A Vi e você vão fazer sorvete! -Ele falou alegre, ela riu e me olhou por cima do ombro com um olhar convencido.

-Você está deixando de ser a preferida meu amor.  -Foi minha vez de revirar os olhos e dar um riso leve seguindo os dois, Otta gargalhou e Caitlyn deu uma piscadinha. -Não fica com ciúmes não.

  Os momentos com o Otta ou os momentos românticos com a Caitlyn, são os únicos onde me esqueço completamente do que aconteceu com Ezreal.

  Nós três chegamos na cozinha, eu suspirei e Caitlyn encarou os móveis desmontados na sala, os essenciais estavam montados, o armário da cozinha a mesa, o meu guarda-roupa, mas o resto ainda não, ela analisou tudo e perguntou:

-Você vai montar isso hoje?

-Se o Otta me ajudar a gente termina rapidinho.

O menino que lavava as mão na pia franziu o cenho e me encarou sobre o ombro:

-Eu sou um filho ou um escravo? -Ele perguntou apontando para as roupas sujas de tinta, eu mostrei a língua para ele brincando e Caitlyn deu um riso leve. -Ela tá me explorando Caitlyn! Manda ela parar! Ela obedece você mesmo!

-Explorando nada! -Eu falei enquanto pegava um copo e colocava água. -É imposto, você é obrigado a me ajudar, você mora aqui.

-Corrigindo, ela tá dando uma de chantagista! -O menino afirmou e eu soltei um riso nasal.

-Depois reclama dele gostar mais de mim agora.

Caitlyn afirmou se sentando na mesa e cruzando as pernas, ela estava no horário de almoço, e pelo visto iria almoçar comigo e com Otta hoje.

-Como você chegou do trabalho tão rápido? -Eu perguntei encarando o relógio da cozinha, era perto mas nem tanto, ela sorriu e pegou uma chave girando na mão. -Como você comprou uma casa, pensei que não poderia ser egoísta, então comprei um presente... -Eu franzi o cenho e ela lançou a chave na minha direção, eu a peguei e encarei a chave arregalando meus olhos, ela havia comprado um carro. -Agora é sua obrigação levar o Otta para a escola e me levar para o trabalho, enquanto estiver de férias Srta.Violet.

  Eu arregalei meus olhos e caminhei até a porta, abrindo ela olhei para a garagem avistando o carro cinza chumbo, a casa que eu comprei tinha um quintal médio na frente, um corredor ao lado da casa que dava acesso ao quintal de trás, esse era maior, a garagem coberta sustentaria facilmente dois carros, e dentro dela estava um carro, mas não era um carro qualquer era um HRV, eu me aproximei do carro e arregalei meus olhos, aquilo era enorme, eu ouvi os passos dos dois e olhei para Caitlyn que agora estava ao lado da porta, ela sorriu e perguntou:

-Por que você não testa ele hoje? -Ela me olhava com um olhar carinhoso eu suspirei. -Detalhe importante, ele é blindado.

Eu corri a mão sobre o carro, abri a porta e me sentei assim que toquei a porta na intenção de puxar ela e fechar, eu senti algo pular em cima de mim, cai para o lado de fora, por estar apenas com o top preto eu senti uma leve dor nas costas quando ela bateu no concreto, meus hematomas são um grande problema nessas horas.

Um animal estava me lambendo sem parar, eu segurei ele e o ergui arregalando meus olhos, era um filhote de pastor alemão, ele tinha um laço vermelho no pescoço, eu ainda no chão encarei Caitlyn e o menino correu até o cachorro o pegando e abraçando o animal.

-A gente vai ter um cachorro? -Eu perguntei me sentando, Caitlyn se aproximou com toda a sua elegância e estendeu a mão para mim, eu peguei a mão dela e ela me puxou para cima, eu encarei o menino correndo na grama com o cachorro e ela sorriu dando um beijo na minha bochecha. -É...A gente vai ter um cachorro.

-Que nome você quer dar para ele? -Ela me perguntou, eu continuei vendo o menino correr com o cachorro.

-Que tal...-O cachorro pulou sobre o menino o derrubando, Otta ria sem parar eu dei um sorriso sincero e encarei Caitlyn. -Brutos?

-É a cara dele mesmo.

-É...-Eu falei encarando o cachorro desajeitado correndo, Caitlyn suspirou levemente e tocou meu braço machucado, ela sorriu leve e eu a puxei dando um selinho em seus lábios, mesmo sem a intenção de transformar ele em um beijo intenso, eu beijei sua bochecha e em seguida fui me aproximando do ouvido dela, assim que meu nariz correu sobre a orelha dela eu sussurrei. -É errado eu querer foder com você nesse banco de couro?

  Ela corou e deu um riso sutil, eu pude notar sua pele se arrepiar, a mulher encarou a chave na minha mão e suspirou.

-Bom, eu não acho errado...Mas tem uma criança bem na nossa frente.

-Carros tem isolamento acústico? -Eu perguntei sorrindo ladino, ela arregalou seus olhos incrédula.

-Violet!

  Eu dei de ombros e corri até o menino e o cachorro tomando a bola da boca do cachorro e jogando longe, o dog saiu correndo e Otta me olhou sorrindo, quando o cachorro voltou correndo desajeitado eu o derrubei na grama fazendo cócegas nele.

  Otta jogou a bolinha novamente fazendo o cachorro correr novamente para o fundo do quintal.



Opostos ComplementaresOnde histórias criam vida. Descubra agora