Vi
Eu acordei quando a luz do sol invadiu o local, notei que estava encolhida na parede gelida com a cabeça caída sobre o ombro de Caitlyn, acho que preciso de férias, me levantei devagar, eu suspirei ao sentir uma ardência no braço, a fogueira estava apagada, pelo visto foi o bastante para me manter aquecida, minhas roupas estavam úmidas, eu não esperava que aquilo fosse acontecer, senti um aperto no meu peito assim que me recordei das falas dele, eu não deveria ter me abalado tanto, fazia tempo que eu não estava tão perto da morte e tão fora de mim.
Caminhei até a saída do local para sentir a luz vaga de sol que habitava em Zaun, acho que não sou forte o bastante para lidar com isso.
Escutei Caitlyn se levantar, eu continuei imóvel, ela parou ao meu lado, seus olhos buscaram meus órbes, ela pousou sua mão sobre meu ombro, senti uma leve tranquilidade me atingir, ela demorou mas quebrou o silêncio.
-Como você está?
-Eu, não vou esquecer o que ele fez.
-Com sorte ainda o pegaremos, se é que ele está vivo.
Eu suspirei e encarei ela, parece que Caitlyn é uma boa pessoa, apesar de tudo, está sendo agradável, eu não poderia desejar outra dupla.
-Vamos ao laboratório pegar os resultados?
Minha pergunta foi objetiva, mas eu queria mesmo era uma pausa, meu corpo quase todo estava dolorido.
Caitlyn confirmou, dessa vez a exaustão tomava conta dela também, então nós caminhamos até às ruas de Zaun e fomos de carro, até que não foi tão ruim, eu me sentei no banco de trás com ela ao meu lado, o motorista não disse nada além do preço, as pessoas em Zaun não costumam dizer muitas coisas, Caitlyn estava atenta ao lado de fora, tinha a cabeça apoiada na mão, eu suspirei.
-Atiradora, no que pensa?
-Futura chefe, por favor.
Eu ri com a suposição, realmente ela se tornaria minha chefe em algum momento, e acho que não vai demorar tanto para Kiramman se tornar Xerife, e eu gostaria de estar ali na premiação dela, por mais que ela não goste de mim.
-Então tá... -Eu suspirei e encarei seus olhos. -Queria te pedir uma coisa.
-Pode dizer.
Eu entreabri meus lábios, não sabia como começar a falar, com um leve suspiro eu retirei do bolso algumas moedas e entreguei para o motorista vendo que estávamos próximas a ponte, ele pegou e eu voltei a encarar ela.
-Quero um lugar reservado para ver sua premiação.
Ela arregalou seus olhos, pareceu surpresa, era como se não esperasse, eu sabia que seus pais teriam seus lugares, Ezreal e Jayce, mas eu gostaria de ver de perto, mesmo que não tivesse essa proximidade com ela.
O carro parou e descemos, mas que merda de pergunta eu fiz? Senti um leve desconforto pelo silêncio que estava reinando, ótimo, isso foi ridículo, eu sei que provavelmente isso não vai acontecer.
Caminhamos em silêncio e eu não tive coragem de perguntar mais nada, Caitlyn foi direto para o laboratório, ela não parecia ter gostado da ideia, e eu a acompanhei sem dizer nada, ciente de que não deveria tocar nesse ponto novamente, assim que entramos no laboratório Caitlyn abriu a porta caminhando na direção do magrelo sentado.
-Bom dia.
Sua voz soou seria até demais quando foi proferida, acho que eu falei demais no carro, Tremello soltou um caderno o fechando e pareceu nervoso, okay, mais um bobo em relação a Caitlyn, não que não fizesse algum sentido, ele era um jovem magrelo de óculos totalmente desajeitado, nutrir algo em relação aquela mulher, uma mulher alta, forte determinada e inteligente, deveria ser torturante para ele, na verdade seria para qualquer um, é natural desejos existirem, principalmente a pessoas inacessíveis.
-B-Bom dia.
Ele respondeu tirando um riso baixo meu, qual é esse rapaz é uma piada, passei por Caitlyn me sentando na frente dele, peguei o copo de café que até então estava na mão dele o balançando, ele pareceu intimidado, eu continuei encarando seus olhos seriamente, enfim eu me pronunciei.
-Queremos nosso resultado.
-Ah...Sim, sim! -Ele se levantou e ia sair, quando voltou para pegar o livro, eu o encarava com seriedade, esse rapaz não é normal, existe algo errado com ele. -Já voltarei.
Ele saiu dali entrando na sala onde ficavam as coisas, Caitlyn me encarava sem entender nada, ou entendendo tudo.
-Você intimidou ele?
-Tem alguma coisa errada com ele.
-Ou com você!
Eu a encarei perplexa, ótimo, era só o que faltava, ela realmente não tem um pé atrás com ele? Ele é um rapaz estranho e nem é a respeito de sua aparência, mas sim das situações, sempre atrasado, desculpas que não fazem sentido, eu me atrasei uma vez e quase fui expulsa, o Xerife não o desliga por qual razão? Porque ele fica somente no laboratório tendo acesso a todos os casos? Tem algo que cheira mal pra mim.
Mas no final das contas na visão da Caitlyn eu sou a errada em intimidar o moleque desajeitado, desviei meus olhos dos dela e suspirei voltando meu olhar para o chão, não estou com paciência para explicar nada pra ninguém.
-Talvez tenha também.
-Talvez? -Ela me perguntou brandando, parece que estava brava mesmo, eu não queria brigar com ela agora, mas que saco! Mulher é insuportável as vezes!
-Eu já entendi Caitlyn...
Ele retornou e eu o encarei, ele entregou a papelada para Caitlyn e ela me encarou como se me obrigasse a calar a boca, eu suspirei e revirei os olhos seguindo ela pela saída.
Ela continuou caminhando, sem sequer me esperar, isso estava me deixando irritada, qual é? Eu salvei a vida dela!
-Dá pra você me esperar?
-Vai me intimidar também?
-Mas que merda, Caitlyn! -Ela parou de andar e eu a alcancei, no mesmo momento ela se virou para mim.
-Você sabe o que isso pode causar? Se você perder a farda vai ter que sair, você não pensa não? Intimidar um colega de trabalho pode tirar você do jogo!
-Você apontou uma arma pra mim no refeitório na frente de todo mundo e está aqui não está?
Ela ficou em silêncio e eu suspirei, ótimo, isso parece uma DR e olha que ela nem tem motivos para isso.
-Isso é passado... -Ela encarou o chão por alguns segundo e voltou a me encarar. -Eu só fiquei preocupada com você, não seja egoísta, todo mundo sabe que ele é protegido do Xerife, não seria difícil ele tirar você daqui Violet!
Eu me senti idiota no mesmo momento, suspirei profundamente e confirmei com a cabeça.
-Tem razão.
-Vamos chegar nesse ponto, de investigar ele a parte sem ninguém saber, mas, agora, precisa parecer que o vê como qualquer outro defensor.
-Tá.
É melhor eu não subestimar a inteligência dela, começamos a caminhar e eu a encarei quando chegamos na frente de uma casa enorme.
-Eu moro aqui, vem.
Ela abriu o portão e eu a segui um pouco relutante, nós caminhamos até a escada, tudo era enorme, havia um jardim enorme e a casa era enorme, quantas pessoas moram aqui?
Nós entramos e eu fiquei surpresa, por dentro tudo parecia ter muito valor, o chão era de porcelanato líquido, os móveis de madeira pura, subimos as escadas e parte do corrimão tinha detalhes banhado à ouro, assim como o rejunte nos cantos da parede, estamos em um patamar de vida bem distinto, o lustre da sala era de cristal, chegamos no corredor e ela abriu uma porta, entramos e eu paralisei, o quarto dela também era enorme, ela colocou a papelada sobre a mesa no canto da parede e me encarou.
-Meu pai é médico, vou chamá-lo para ver o seu braço.
-Eu estou bem.
Ela saiu do quarto me deixando ali sozinha, eu encarei tudo e suspirei, estou começando a ficar nervosa com isso tudo.
Eu me sentei na cama e comecei a batucar o pé no chão enquanto esperava ela voltar.
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Opostos Complementares
Fiksi PenggemarCaitlyn e Vi são pessoas completamente diferentes, com vidas diferentes e histórias muito distintas. Mesmo assim, vencer as diferenças pode ser necessário para um bem maior. Da diferença, nasce algo ainda maior do que tudo já conhecido por ambas. ...