Vi
Já haviam se passado sete meses desde que eu esbarrei com a Caitlyn no hospital, e agora, eu voltei a ser exatamente quem eu era, o bom filho à casa torna, e meu lugar é no tatame, derrubando pessoas aleatórias, o meu trabalho não é o que sonhei...Mas eu nunca tive sonhos.
Eu estava mais forte do que antes, parecia que toda minha raiva estava sendo descontada na academia e na luta, toda minha dor e frustração, que porra!
Em momento algum eu fiz algo de forma egoísta, mas com o tempo que passou, o que mais me emputece, é que eu não consigo deixar de pensar na Caitlyn, e porra, certeza que ela tá pouco se fodendo pra mim, a voz do treinador veio mais ríspida do que no golpe anterior:
-Mais um!
Eu acertei o aparador de chute, sentindo o suor deslizar entre os gomos da barriga e pelo vão entre os músculos das costas.
-Mais forte!
Eu acertei novamente, dessa vez o aparador fez um estalo alto, a costura abriu e eu sorri levemente, o treinador confirmou e deixou os aparadores no chão, veio na minha direção bagunçando meus fios molhados.
-Boa! -Ele ajeitou os aparadores e eu me deitei no tatame, o mesmo me encarou e se sentou ao meu lado, eu sentia a adrenalina tomando meu corpo, meus olhos se fecharam enquanto minha respiração buscava tranquilizar todo meu corpo. -Está treinando muito bem.
-Valeu.
Eu me sentei e comecei a desatar as bandagens, algumas gotas de suor pingaram contra o tatame, eu suspirei e me levantei caminhando até a mochila, guardei meus equipamentos e avisei o treinador que iria tomar uma ducha e ir para casa, eu assim fiz, após o banho vesti uma calça de moletom, e vesti os tênis, coloquei a regata preta e fui descendo as escadas, assim que eu cheguei na saída fui surpreendida por uma voz conhecida.
-Hey Vii!
Eu encarei Anny e ela sorriu levemente, eu suspirei e ajeitei a mochila sobre o ombro, assim que ela parou na minha frente eu a questionei:
-Eai, o que tá fazendo por aqui?
-Á, queria fazer uma leve surpresa, por mais que você não goste.
Eu franzi o cenho e ela me entregou uma caixinha de madeira, eu ergui uma sobrancelha e encarei o laço vermelho, logo iniciei a fala, que caia mais como um convite:
-Eu quero ver isso, tá afim de comer alguma coisa?
Ela confirmou e caminhamos até o parque mais próximo, geralmente haviam barracas no parque, no caminho eu observava a empolgação dela falando da sua faculdade de bioquímica, eu estava feliz por ela ter encontrado algo que goste.
Assim que chegamos no parque caminhamos lentamente até encontrar uma barraca com crepes, eu acabei pegando dois e ela um, nós voltamos a caminhar até achar um local bem distante e sentar na grama, eu me encostei contra a árvore.
-Você come em!
Ela afirmou quando eu parti para o segundo crepe em apenas minutos, eu dei de ombros.
-Só o suficiente.
-Você vai mesmo lutar?...
-Vou.
-Não está com medo?
Eu neguei, eu lutava desde minha infância, não existia motivos para temer qualquer coisa dentro do ring, ela tocou minha orelha balançando os piercings, em seguida fez o mesmo com o do nariz.
-E como isso não rasga?
-Eu tiro... -Terminei de comer e quebrei os palitos jogando ambos em uma lata de lixo não tão distante, eu acertei em cheio. -Mas quando eu era da polícia, eu enfrentava as pessoas sem tirar eles, nem tinha tempo pra isso, nem lembrava disso.
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Opostos Complementares
FanfictionCaitlyn e Vi são pessoas completamente diferentes, com vidas diferentes e histórias muito distintas. Mesmo assim, vencer as diferenças pode ser necessário para um bem maior. Da diferença, nasce algo ainda maior do que tudo já conhecido por ambas. ...