Um palpite

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Vi

  Quando o guarda abriu a sela, eu saí do local caminhando com calma, meus pés me guiavam até o refeitório e para onde eu olhava, haviam pessoas falando baixo, tanto os carcereiros vigiando a gente, quanto os outros presos, eu percebi a presença da moça ao meu lado e encarei ela.

  Meus olhos voltaram ao caminho, era um corredor amplo e extenso, com uma iluminação melhor do que a do corredor das selas.

-Bom dia Fiora.

-Bom dia gata borralheira. -Eu revirei meus olhos e ela gargalhou, passamos pela porta entrando em uma sala grande cheia de cadeiras e mesas, havia uma fila dando a volta no salão, eu entrei na fila da comida, se é que isso pode ser chamado de comida, depois de esperar por muito tempo, eu  peguei a bandeja sobre o balcão e fui caminhando até uma mesa, eu peguei uma mesa no canto, para que tivesse que me preocupar apenas com o que poderia vir da frente, pelo menos assim eu estava preparada para um confronto direto, Fiora se sentou ao meu lado suspirando. -Quais as chances de sobrevivermos se algum deles atacar a gente?

  Ela falou enquanto se alimentava, eu suspirei levemente e dei de ombros, era uma ótima pergunta, e eu não faço ideia da resposta, eu observei discretamente quais guardas mais conversavam atentos em mim, e quais presos tinham um olhar curioso, ou duvidoso.

Cinco carcereiros.
Quatro presos.
Uma moça da faxina.
Mas os carcereiros eram os mais suspeitos.

-Fiora, aqueles guardas sempre se comportam assim?

-Assim como? -Ela perguntou e encarou o local ao redor disfarçando para olhar para eles. -Tipo, ficar olhando?

-Isso. - Eu mordi o pão e suspirei levemente, bati o alimento contra o prato e ela riu ao ver minha cara de desaprovação, se eu jogar na cabeça de alguém, capaz que mate. -Eles costumam vigiar desse jeito?

-Na verdade não, deve ser por você ser...policial.

Eu confirmei fingindo que havia me convencido da resposta, suspirei e encarei a garota ao lado dando um sorriso calmo, que saudade da Cait.

-Aiai.

Eu apoiei o rosto na palma da mão e encarei a mesa, naquele horário provavelmente a delegacia estaria a todo vapor, e minha mulher lendo algum caso.

-No que você está pensando? Parece distraída.

-Ah? Ah...Desculpe, eu só...Estava...Lembrando.

-Desse chupão? -Ela debochou e eu senti meu rosto corar, praticamente eu havia esquecido disso, eu coloquei a mão sobre a pele do pescoço cobrindo o local, ela suspirou segurando o riso. -A dama do chupão sabe que você tá cercada de mulheres que já transaram com você?

-Não.

Eu corri os olhos pelas mulheres no local e contei quatro que já haviam tido alguma relação comigo, meus olhos voltaram para Fiora, pelo menos com ela nada nunca aconteceu, seria bizarro comentar algo assim com a Caitlyn.

-A cadeia é uma realidade muito podre pra você compartilhar com ela?

-Não...

-Ou é só uma peguete?

-É minha mulher...Mas, eu não sei quando vou ver ela novamente.

-Olha, não quero desanimar você, mas esse povo é chato para visitas, e esse tipo de visita não existe aqui.

-Eu imaginava.

Ela riu levemente e deu de ombros, ela conhece meu passado, então não é nada demais falar sobre com ela, mas ainda sim, eu mudei tanto, que se pudesse apagaria tudo o que já foi.

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