Adaptação

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Vi

  O tempo foi passando e eu fui me adaptando a minha nova vida, já fazem três meses, três meses que eu não vejo Caitlyn, três meses em que o Ezreal estava em coma... Três meses em que eu estava dormindo de dia e acordada de noite, isso provavelmente não é bom para minha saúde, mas depois do presídio, nada superará essa época.

  Eu cheguei em casa pela manhã, como de costume, tudo estava arrumado, ultimamente eu tenho faltado em alguns treinos, o que me deixa bem desapontada comigo mesma, porra, é a única merda que ainda faz sentido.

  Deixei as chaves sobre a mesinha de centro da sala e subi as escadas tomando um banho relaxante e me deitando em seguida, hoje, é um dos dias em que tudo o que eu quero fazer é dormir, eu não sou de procastinar muito...Mas esse desânimo momentâneo tem me vencido, ou eu só não quero mais tentar, sei lá...No fim eu ainda nem sei o que fazer.

  Eu peguei no sono facilmente e acordei por volta das seis quando alguém tocava minha campainha freneticamente, eu me levantei um pouco cambaleante e desci as escadas, apenas de shorts e de top, que se foda, eu não sou a visita indesejada aqui. Não tô perturbando a paz de ninguém!

-Já vai!

  Eu afirmei enquanto pegava a chave e caminhava até a porta, eu a abri e arregalei meus olhos suavemente.

-Olá Violet.

  O velho diante de mim cruzou seus braços, ele parecia um pouco desapontado, somos dois então.

-Á, oi treinador.

-Tem faltado aos meus treinos.

-Eu não estou mais na polícia, sabe, não faz muito sentido ir todo dia agora.

O mesmo estreitou seus olhos, ele me conhece o suficiente para saber que eu não treinava por conta do trabalho, ele suspirou e encarou o sofá.

-Podemos conversar?

-Á...Sim.

  Eu dei passagem para o velhote bombado, ele entrou e se sentou me encarando, eu me sentei no sofá ao lado dele após fechar a porta.

-Vi, eu sei que não é legal perder algo que se goste de fazer, muito menos quando deu duro por isso, e eu sei que você deu, eu também sei que as pessoas não tratam Zaunitas tão bem e que você é firme com isso... -Sua mão pousou sobre meu ombro e eu apenas o encarei, aquele gesto e suas palavras me lembravam um pouco Vander. -Você é uma mulher jovem, bonita, talentosa, não existe só um caminho para o seu sucesso pessoal.

  Ele suspirou e retirou um folheto do bolso o entregando para mim, eu o abri e encarei a escrita, luta, amadora, mas...Não ilegal.

  Ele se apoiou nos joelhos e levantou.

-Eu nem estou treinando direito.

-Pois é, mas é um convite, você não se abateu, eu sei que muitas coisas aconteceram de uma vez, mas desperdiçar o talento que é seu, não vai melhorar nada, tente aparecer mais vezes, e, quem sabe, dar seu nome.

  Eu confirmei e ele se despediu saindo pela porta, eu não fazia ideia se isso era bom ou ruim, deixei o papel sobre o balcão e corri as mãos pelos cabelos.

-Por que é tão complicado?

Caitlyn

  Nesses últimos dois meses a delegacia estava voando, estávamos atendendo os casos com velocidade e estávamos solucionando praticamente tudo, eu realizei uma busca em cada arquivo fechado e estava trabalhando nisso para manter a delegacia acima das médias anteriores, e por incrível que pareça, parece que a satisfação da sociedade estava boa.

  Eu me levantei naquela manhã, disposta como tem sido, gastava quase todo meu tempo no trabalho e me empenhando em minhas obrigações, visitava Ezreal constantemente e por sorte ele estava melhorando, apesar de ainda não ter despertado.

  Desci as escadas após me arrumar para o trabalho e me sentei na mesa, meus pais estavam tomando café, eu depositei um beijo sobre a testa de cada um e me sentei pegando algumas torradas.

-Como anda a delegacia?

  Meu pai perguntou sorrindo, minha mãe não costuma perguntar nada sobre o trabalho que ela nunca sonhou para mim, já meu pai, parece contente com minha conquista.

-Vai bem, estamos trabalhando bastante.

-Eu tenho notado, você vem chegando tarde em casa.

  Minha mãe disse, sem muito ânimo ou entusiasmo, meu pai apenas a encarou e voltou a me olhar.

-Tem dormido bem?

  Ele questionou e eu confirmei, o silêncio se instaurou e ele se levantou pegando as chaves do carro, ele me ofereceu uma carona e eu aceitei saindo junto dele.

  Dentro do carro ele dirigia em silêncio, era como se estivesse curioso sobre algo, mas não quisesse perguntar ou tocar no assunto.

  Ele estacionou frente a delegacia e pousou sua mão sobre a minha, eu apenas o encarei franzindo o cenho.

-Não se esqueça, estou aqui se precisar de mim.

  Eu confirmei e sorri minimamente.

-Obrigada.

  Eu saí do carro e fechei a porta adentrando a delegacia, eu fui direto para o mural de avisos colocando alguns avisos breves no mesmo, em seguida fui para a sala de reuniões, os defensores já estavam lá aguardando por mim.

-Bom dia.

  Eu falei enquanto adentrava a sala cortando o centro do local até o palanque, todos se levantaram fazendo uma continência e se sentaram em seguida.

-Bom, vou distribuir rapidamente os casos que estamos tendo, defensores mantêm a ordem...-Eu caminhei até a primeira dupla de defensores entregando o primeiro papel -Nós estamos tendo alguns roubos na zona leste, fiquem com o caso.

Eu entreguei outra papelada para a segunda dupla que estava na primeira mesa, em seguida fui para a terceira entregando outro papel.

-A feira no centro da cidade, parece que estão perambulando por lá atrás de Quimtec, a proibição já foi feita, então se acharem algo suspeito abordem e revistem.

  Caminhei até a quarta dupla pegando outro papel e colocando frente aos dois novatos.

-Rondem entre a ponte durante o dia, existem alguns movimentos suspeitos do lado-baixo para cá.

  Caminhei até a quarta mesa e coloquei o último papel frente aos dois Oficiais, eu encarei as duas garotas e sorri levemente.

-Preciso que batam a cidade atrás de qualquer ato suspeito, uma ronda de rotina perto do porto, já vai atender nossas necessidades.

  Os defensores se retiraram e eu saí da sala caminhando para minha sala, eu me sentei abrindo as janelas, encarei a cidade por um bom tempo, o contraste entre Zaun e Piltover, era de extrema diferença, eu suspirei e me apoiei no batente da janela.

-Eu vou limpar essa cidade.

Opostos ComplementaresOnde histórias criam vida. Descubra agora