Parceiros - Offgun

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Gun penteava seu cabelo em frente ao espelho sujo enquanto Off trocava de roupa no quarto. Ambos não falaram sequer uma única palavra sobre a noite anterior e o fato de Atthaphan ter acordado no colo de um homem apagado de sono. Mesmo assim, não poderiam ficar calados para sempre.

- Gun, podemos conversar?

- Sobre?

- Sobre ontem.

- Está falando sobre o que eu vi antes de ser drogado, eu espero.

- Sim, é sobre isso.

Gun franziu o cenho e passou por Off enquanto recolhia sua jaqueta.

- A porta abria com um comando de voz específico, que era extremamente semelhante ao que vimos no cartão preto. Ele me mandou ajoelhar no chão e chutou a minha minha costela, em seguida me forçou a levantar e me jogou na cama. O que aconteceu depois você já sabe, por mais que eu não me lembre de quase nada.

- Como era o quarto?

- Muito escuro, ele fedia a mofo e parecia ter sangue seco na parede. Havia um armário com ferramentas que eu acredito que servem para punir ou qualquer outra merda que ele faça com quem vai pra lá. Percebi que ele foca no rosto mas não machuca o corpo, enquanto eu me debatia ele segurava principalmente meu pescoço, o resto ele sustentava com o próprio peso. Ao que parece tem uma porta que dá acesso a outro cômodo, ele disse que se eu não cooperasse eu passaria alguns dias ali.

- O que acha que isso quer dizer?

- Eu acho que ele deixa as vítimas com muitos ferimentos no quarto até que elas se curem, para voltar ao trabalho.

- Você disse que a senha era a mesma.

- Sim, mas havia algo diferente, ele disse: N 13° 43' 15.042".

- Coordenadas.

- Com números faltando.

- Certo, mas 13° 43' não me é estranho.

- Não, é a latitude de Soi Cowboy.

- Tinha que ser.

- Mas isso é muito óbvio, é um lugar conhecido pela vida noturna, existem muitas casas de swing naquele lugar.

- Mas eles não colocariam esse número atoa.

- Vamos colocar isso no relatório, aliás, todas as câmeras estão dando erro. Parece que o departamento conseguiu acesso ao sistema de segurança do prédio.

- Isso é bom.

- É sim, mas muito suspeito. Quando fui até o saguão conversar com a camareira ouvi pelos corredores que estão de olho em nós dois, coisas estranhas começaram a acontecer desde que chegamos, então...

- Sim, isso era o esperado.

- Vongxai está entrando em pânico.

- Ele deve estar de mal humor, pressinto problemas para mim.

- Problemas?

- Você não se lembra? Eu acionei o alarme para te ajudar.

- Oh, certo. O que você disse pra ele?

- Que acabei colocando fogo no pano dos meus ombros quando fui fumar um cigarro. Ele me perguntou onde eu consegui um cigarro e eu disse que um cliente dele me ofereceu.

- E ele caiu nessa desculpa horrível?

- Consegui provar parte da mentira com vídeos nas câmeras de segurança.

- Que parte?

- Que um cliente realmente me ofereceu cigarro.

- Isso realmente aconteceu?