Era fim de tarde, Gun estava em casa e naquele momento tirava sua farda para entrar no banho. Ele fazia isso em frente ao espelho lentamente, e observava então o tecido cair no chão em um som opaco, encarando seu corpo magro e curvilíneo.
Um objeto de desejo; "Está feliz?" "Sim, eu estou."
Atthaphan sentiu seu rosto ser manchado por lágrimas lentas, que escorriam por suas bochechas sem pressa alguma. Ele via então o reflexo de uma isca, o único motivo pelo qual ele ainda fazia parte do que toda a sua família idealizou para ele, era o fato de que o seu corpo poderia ser mais eficaz que uma arma. Isso deixou de ser um problema a alguns anos, ter que fazer o dobro do esforço por tudo que se considerava capaz apenas por ser quem era não doía mais. No entanto, era cansativo.
Por trinta anos, Gun sentiu tanta falta do amor que ele foi consumido por raiva. A inveja daqueles que tinham algo para amar era tanta, que ele buscava em cada esquina algo em que pudesse se apegar. E no fim, ele encontrou o ódio, e durante todos os próximos anos, a raiva tornou-se o amor de sua vida. Ele tinha tanto sangue em suas mãos que seu corpo banhava-se em vermelho, como uma armadura que o protegia do mundo real, e não o deixava sentir culpa. Dos seus dezenove aos vinte e dois anos, ele era chamado de ceifeiro por todos à sua volta ao ponto de esquecer seu nome, depois que voltaram a lhe chamar de Gun, aquilo não fazia mais sentido para ele.
Quando conheceu Off, e o ouviu proferir seu nome; Gun Atthaphan sentiu-se pela primeira vez, humano. Ele o via além da armadura sangrenta, além da raiva, além do medo. Jumpol admirava o lado mais humano de Atthaphan, e por essa mesma razão, queria protegê-lo do mundo.
Alguém como Gun, nunca pôde contar com a proteção de ninguém. Pelo fato de sua aparência ser aquela exatamente porque Caskey acreditava ser útil nas investigações, o agente por muitos anos não se viu como nada além de carne barata, bem ali, sempre ao risco de ser forçado a transar com alguém caso não escapasse a tempo.
Pensando nisso, poucos segundos após a sua saída do banho, quando seu corpo afundou-se no colchão, ele ouviu o toque do seu celular. Era Off ligando para ele;
— Sem chamada de vídeo dessa vez? - Questionou em rouquidão, ele não estava com sono, mas estava cansado. Cansado de viver aquela terça-feira.
[Estou horrível agora, meu cabelo ficou espetado.]
Gun riu, foi uma risada fraca, mas sincera:
— Você é lindo de qualquer maneira.[Não tanto quanto você... como se sente, meu pequeno?]
— Quer uma resposta sincera?
[Uhum.]
— Me sinto sozinho. - Phunsawat secou seu rosto molhado, mas não foi eficaz, pois a água salgada voltou as suas bochechas, como a onda do mar cobrindo a areia.
[... Você quer que eu vá aí?]
— O quê? - O menor franziu o cenho com um sorriso incrédulo: - Não, Papi. Está tarde e você precisa descansar.
[Hum... então coloque o celular no viva-voz de me deite do seu lado.]
Gun não entendeu o motivo do pedido, mas o fez sem questionar: — Pronto.
— Consegue me imaginar com você se fechar os olhos?
Phunsawat pregou suas pálpebras, e ele realmente tentou imaginar Off ali. Mas não conseguiu:
— Não... está faltando o seu cheiro.[Coloque uma roupa minha, eu já deixei muitas por aí.]
Gun suspirou e sorriu, se levantando e indo até seu armário. De lá retirou uma das camisetas que Off usou em alguma de suas noites ali, e trocou a sua por ela, voltando para a cama.
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Parceiros - Offgun
FanficDois homens de temperamentos completamente opostos, que servem ao departamento de investigação criminal, enfim descobrem algo que ambos tem em comum: estar próximos ao olho da rua caso não provem seu devido valor. E para a infelicidade dos dois, a ú...