71) Rainha branca

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Gun estava parado, observando as strippers dançarem atentamente, enquanto Off conversava com o barman sobre a dita Rainha Vermelha, em busca de informações extras sobre seu nome, e quem ela realmente era.

Após alguns minutos, Jumpol retornou, encostando ao lado de Gun enquanto olhava para frente na intenção de parecer que ambos não estavam conversando;
— Está gostando da vista? Eu sou ciumento. - Provocou, mas Atthaphan não reagiu a brincadeira.

— As strippers estão representando a rainha branca.

— O quê? - Off arqueou a sobrancelha, olhando para elas.

— Veja, todas usam renda branca, gargantilhas vitorianas e tiaras que simulam coroas. Elas são a rainha branca, mas que sentindo isso tem? A rainha não é a grande e benevolente personagem? A poderosa que todos servem por amor e não por medo? Não é exatamente quem a Rainha Vermelha odeia?

— Na verdade... não na história original.

— Como assim?

— Na história original, a rainha branca aparece apenas em Alice através do espelho, e ela é representada como uma mulher extremamente alucinada, ao ponto de se tornar incapaz de realizar funções básicas. Alice cuida dela, arruma a roupa, faz os banhos, prepara o chá... ela está ali na história para fazer Alice se sentir mais velha, se sentir superior.

— Então as prostituição é caracterizada no cassino como a Rainha branca, porque passa aos compradores a ideia de ter alguém ingênua que eles possam controlar, ou no caso, se sentir superiores por estar pagando alguém que irá agir como inferior mesmo sendo uma mulher por vezes mais velha.

— Isso mesmo.

— Como você sabe tanto sobre Alice no país das maravilhas?

— Isso é uma história... um pouco conturbada. Meu pai dizia que a pessoa que me deu a luz era uma grande maluca, ele disse que o livro favorito dela era Alice no País das Maravilhas, e talvez essa fosse a razão por ela ser tão insana. Eu não me lembro do rosto da minha mãe, todos os quadros estão queimados, não restou nada. Então meu eu criança vinculava a imagem dela à Alice, e eu sentia tanta falta dessa figura que pedi o livro de presente, e lia ele todos os dias sem pausa... só pra ter um pouco dela.

— Eu sinto muito... você não fala muito sobre ela.

— Bom, isso é porque é como se ela nunca tivesse feito parte da minha vida. Além disso, assim que a Hana apareceu, essa falta da figura materna desapareceu, e eu acabei doando o livro.

— Isso é... - Nesse momento, Phunsawat observou um dos garçons indo em direção a porta trancada, cujo o acesso era restrito a funcionários: - Off, é agora.

— Sabe onde está a caixa?

— Sim.

— Você tem um minuto cronometrado.

Gun acenou e apertou o passo para fora, Off por sua vez correu até o garçom, esbarrando em seu ombro intencionalmente, mas se curvando para pedir perdão.

— Me desculpe, eu estou desatento hoje.

— Não tem problema.

— Você... saberia me dizer onde fica o banheiro desse lugar?

— À esquerda.

— Oh, ali? - Respondeu enquanto caminhava para trás, esbarrando e derrubando o pequeno carro de utensílios que o funcionário segurava: - Merda! Deixa eu te ajudar.

— Por favor, se afaste. Eu dou um jeito nisso.

— Oh... claro, já que insiste. - Off deu um passo para trás, foi quando todas as luzes do cassino se apagaram, e o soar de vozes confusas e algumas por sua vez em pânico substituíram a música antes alta da cabine. Quando a energia voltou, o garçom estava apagado no chão, e Jumpol não estava mais ali.

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