58) Arma branca

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Jumpol estava na ala de treino ao alvo, no subsolo da instituição. Não era um local apenas focado em armas de fogo, armas brancas também entravam na lista, e nisso, Off era particularmente bom.

Aquela pequena arma afiada em suas mãos era jogada contra o alvo, de maneira especialmente certeira. Enquanto isso, Gun estava atirando à poucos passos dali, ou pelo menos deveria, pois ao invés de cumprir com a sua responsabilidade ele observava Off, encostado na parede com os braços cruzados e um sorriso no rosto.

— Não sabia que era tão bom nisso.

— Por que acha que Papang fez aquele espartilho com compartimento para navalhas?

— Pensei que fosse porque é mais prático. - Deu uma resposta com sentido, e Off acenou.

— Sabe fazer isso?

— Não. - Respondeu em meio a risadas, ele realmente nunca havia feito algo do tipo.

— Ótimo, é a minha vez de te ensinar alguma coisa. - Off esticou a mão para que Gun segurasse, e relutante ele o fez, permitindo que fosse colocado de costas para Jumpol. O outro corpo o encoxava, o queixo estava praticamente sobre seu ombro, e o seu pulso estava sendo firmemente segurado pela mão larga de seu parceiro, que não tinha dificuldade alguma para fecha-la em adorno, assim como não tinha qualquer dificuldade ao envolver seu pescoço. Off adorava como aquele corpo sempre bruto com qualquer um, parecia tão frágil ao seu lado, como se estivesse prestes a desmanchar-se em suas mãos por pura e espontânea vontade.

— Papi, não esqueça de que estamos em público.

Jumpol sorriu e inclinou-se para sussurrar:
— Mas eu não fiz nada, estou apenas te ensinando a atirar sem precisar de uma bala.

Mas Off sabia o que estava fazendo, seu corpo quente e rígido anestesia Phunsawat sempre que se aproxima, e ele se aproveitava disso como um viciado.

— Atire pela lâmina, é uma faca de cabo pesado, não mova o braço para o alto, não use a força, apenas deixe que ela escape da sua mão. Cuidado para não cortar a palma, mesmo que já esteja acostumado com isso.

Gun riu, seguindo as instruções; mesmo assim, ele errou, e suspirou frustrado, revirando os olhos.

— Merda, isso parecia bem mais fácil. - Respondeu perto de se retirar, mas sua mão foi segurada.

— Ei, não perca a paciência tão rápido.

Atthaphan encarou Jumpol, e então suas mãos juntas. Respirando fundo ele soltou-se do toque e se aproximou novamente:

— Você está muito estressado nos últimos dias. - Comentou, entregando a faca na mão de Gun, que lançou-lhe um olhar tão afiado quanto o daquela navalha.

— Caskey está à cinco dias sem dar notícias sobre o caso, como eu poderia estar calmo?

— Não deu nem uma semana ainda, Gun. Não se estressa, é sexta-feira, você está de folga amanhã.

Phunsawat atirou a faca outra vez, que atingiu o alvo com tanta força ao ponto do cabo entrar quase por inteiro no tecido. Em seguida ele grunhiu, cobrindo seu rosto:
— Eu vou matar alguém.

— Contanto que não seja eu.

— Off! - Gun chamou sua atenção e o homem arregalou os olhos: - Você sabe a quantos dias eu não consigo dormir? Estou cansado, exausto, mas quando fecho os olhos tenho pesadelos sem parar. Eu preciso trabalhar... quanto mais esperamos, mais pessoas morrem. Você não estava lá, você não viu quando a pele daquela mulher rasgou por inteiro, ou quando ela caiu de uma altura tão alta que sua cabeça rachou ao meio. Mas eu estava, eu ouvia os gritos, eu ouvi os ossos e a pele, e eu vejo de novo toda noite.

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