22) Investigando

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Crescer com pais disfuncionais e uma madrasta cega de amor gerou sequelas irreversíveis em Adulkittiporn. E ter desenvolvido trauma de abuso graças ao seu pai quando era criança também não foi de grande ajuda para que Jumpol entendesse o que de fato era amor, e o que não passava apenas de um interesse carnal ou possessivo.

- O que foi? - Gun questionou enquanto segurava o cinto de segurança, com a expressão confusa.

- O quê?

- Está me olhando a muito tempo. Aconteceu alguma coisa?

- Você está bonito hoje. Quer dizer, você está bonito todos os dias, mas... está muito bonito hoje.

Gun franziu o cenho enquanto ria:
- Estou do mesmo jeito que estive em todos os outros dias.

- Tem algo diferente.

- Tem?

Jumpol se curvou e deu um beijo na bochecha e então um selinho nos lábios do menor. Que apesar de ter sido pego de desprevenido, retribuiu.

- Eu não podia fazer isso em todos os outros dias.

Gun sorriu, ainda confuso com o humor esquisito de seu amante. Mas não quis questionar, pois, não era algo ruim. O caminho em direção ao trabalho foi calmo, Jumpol permitiu que Atthaphan controlasse a música, o que animou o menor durante o percurso, que cantava sem parar.

- Quer ouvir alguma coisa, P'Off?

- Não tenho nada em mente.

- Não tem nenhuma música em específico que goste?

- Nenhuma que me venha em mente agora, mas... sei tocar uma de côr no baixo. Não sei se posso chamar de favorita, mas eu gosto dela, do som.

- Você toca baixo? - O menor arregalou os olhos e Off o encarou de volta rapidamente, antes de voltar sua atenção a estrada.

- Aprendi quando era novo, toco quando estou entediado. As vezes enquanto fumo para relaxar.

- Você tocaria essa tal música pra mim se eu pedisse?

- Se é o que você quer, posso fazer isso hoje a noite se me deixar dormir com você outra vez.

- Você quer mesmo dormir comigo, ou só é uma desculpa para fugir do seu pai?

- Não posso fazer os dois ao mesmo tempo?

Gun suspirou, se ajeitando ao banco:
- Por que não se muda? Você tem o suficiente para comprar uma casa e morar sozinho. É bem sucedido, está em uma patente alta... quer dizer, a gente trabalha para a monarquia parlamentar. Quer um trabalho que renda mais benefícios que isso?

- Esse não é o problema, definitivamente. Mas não é como se eu já não vivesse sozinho de um jeito ou de outro, só não me sinto bem deixando a Hana no mesmo ambiente que o meu pai só.

- Hana?

- A minha madrasta. Ela não aceita se divorciar, e ter que separar as brigas quando ele chega bêbado é... pavoroso. Mas ela sabe se defender, então os dois acabam machucados no final sem um mediador.

- Você não foi criado para ser mediador de ninguém, Off. Muito menos do seu pai com a esposa dele.

- E o que eu faço? Deixo ela sozinha para apanhar? - Jumpol respirou fundo: - Eu acho que ando me invalidando para garantir a segurança dos dois.

- Seu pai já foi denunciado?

- Não, nunca. - Jumpol suspirou: - Mas não daria em nada.

- Um coronel ser fichado por violência doméstica não vai ser nada. Mesmo que ele prove inocência, o histórico fica. Eu juntaria provas contra ele e quando fosse o suficiente, chamaria a polícia e daria voz de prisão com antecedência.

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