144) Respirando sozinho

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As noites começaram a cair como falsos cometas, que disfarçados de um inofensivo brilho destruíam tudo que viam pela frente. A missão era simples, Gun entraria e tiraria todas as vítimas que encontrasse, a última leva delas seria resgatada pouco antes de Phunsawat ordenar o massacre. Naquele ponto, todos os soldados presentes estavam extasiados com o seu comando, alguns por respeito e outros, para a surpresa de ninguém, por medo.

Eles assistiram de perto como Atthaphan escondia corpos com a facilidade que um serial killer faria, observaram o que acontecia quando ele estava completamente fora de controle e não tinha nada a perder.

— Ele merecia pena de morte. - Gun comentou sentado na borda da janela do prédio abandonado, devorando salgadinhos enquanto Tahan estava deitado com o fuzil calibrado na janela da boate.

— Qual deles, capitão?

— Todos.

— É só mandar.

Gun negou com a cabeça enquanto sorria:
— Espere aquele idiota começar a beber. Ele vai pedir pra trancar a porta, fez isso nas duas últimas semanas.

Tahan acenou e suspirou:
— Capitão, eu queria te pedir desculpas por aquele dia. Me enganei quanto a você, e não existe mundo aonde eu saísse como certo naquela situação.

Atthaphan respirou fundo e olhou para a lua:
— Eu nem pensei muito nisso, sendo sincero.

— Você parece estar sempre de cabeça cheia.

— É porque eu sempre estou.

— E no está pensando? Digo... bom, já estamos trabalhando juntos a um mês, você pode se abrir comigo se quiser.

— Você tem alguém, Tahan? Alguém que está te esperando voltar pra casa?

— Tenho uma noiva.

— O que faria se você soubesse que o assassino dela está na sua frente, mas você não sabe quem ele é?

— Atiraria em todos.

Gun riu, acenando:
— Então faz um favor pra mim... - Ele se inclinou e sussurrou no ouvido do sniper: - Atire em todos.

1 tiros...
                    2 tiros...
                                        3 tiros...
                                                           4 tiros...

Nenhum deles espaçados, Gun acordava e ia dormir ao som de tiroteios. E assim como no seu passado, tal melodia póstuma não lhe causava desconforto e tão pouco estranheza, mas a sensação de estar sempre preso a um destino bélico.

Na manhã seguinte, quando se daria início a segunda missão, tendo sido a primeira concluída com sucesso, Gun que dessa vez havia adormecido na poltrona foi despertado pelo som de enfermeiros entrando no quarto e se amontoando em cima de Off. Confuso o homem piscou algumas vezes:

— O que está acontecendo? - Questionou rouco e desnorteado devido ao sono.

— O paciente teve um progresso. Ele não precisa mais dos aparelhos para respirar, e a ferida no pescoço está completamente cicatrizada. - Anunciou a enfermeira com um sorriso, sabendo que aquela informação traria a Gun um honesto gosto de esperança, já que em um mês inteiro ele não viu nada além de paradas cardíacas noturnas e retrocesso. Era nítido em seu rosto o quanto ele estava aliviado.

— A senhora... vocês não podem me dar uma data, podem?

— Olha, com o resultado dos exames dessa semana eu acredito que as horas de sono do paciente Adulkittiporn estão contadas. - Optou pelo otimismo, e mesmo que aquilo não respondesse a pergunta de Atthaphan, ele aparentava estar mais do que satisfeito.

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