14) Péssimo parceiro

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"Entre a cruz e a espada" - Off estava no fogo cruzado, com um pedaço de vidro quebrado a poucos centímetros de sua garganta, enquanto um homem explosivo e sentimental lhe questionava se o que ouviu era verdade.

- Você realmente disse aquilo? Escolheu proteger provas que não te levaram a lugar algum ao invés de desarmar a porra da bomba? - Os olhos dele estavam vermelhos, seus lábios inchados e seu nariz ruborizado. Sua feição era dolorosa, mas a de Jumpol continuava ilegível, permanecia silenciosa, Gun sentia-se atacado com o seu silêncio.

- Vai me matar? Isso fará você se sentir bem? Então faça.

Phunsawat franziu o cenho e jogou o caco no chão, segurando com firmeza a nuca de Jumpol o empurrando com força contra a cama, sem que o mais velho pudesse se defender; mesmo que quisesse, o que não era o caso.

- Você mente, mente e mente. Essa é a única merda que você consegue fazer, eu disse que confiava em você, tentei entender o seu lado, tentei ser gentil. Mas você literalmente o deixou morrer tendo escolha, você tinha a porra de uma escolha.

Jumpol permaneceu sem dizer nenhuma palavra, apenas encarando o homem que segurava o choro na sua frente. E comprimido com raiva, sentiu um travesseiro o atingir com força.

- Fala alguma coisa!

- O que exatamente você quer que eu diga? Que eu peça desculpas? Que eu te conte o que aconteceu? Isso vai adiantar de algo?

- Por que continua fazendo isso? - Phunsawat não conseguiu mais segurar as próprias lágrimas, sua mão sangrava devido ao vidro que apertou com tanta força, mas seu corpo não sentia a ardência: - Por que continua vago? Por que continua desejando que eu odeie você. É isso? É realmente só isso que aconteceu? Eu quero ouvir que ele está errado, é isso que eu quero que você diga.

Off deslizou seu olhar até a mão que manchava o chão com uma coloração carmesim.

- Ele disse a verdade.

- ... Toda a verdade?

- Importa?

Phunsawat estava em negação, ele deu passos para trás e sentou-se no chão. Apenas Off sabia o que estava sentindo, mas ele também não entendia o que aquele aperto em seu coração significava, sua feição apática não ajudava em nada.

- Está tarde. Eu vou dormir no chão, você pode deitar. - O mais alto levantou-se e esfregou o rosto entrando no banheiro. Gun deitou de costas para os travesseiros, seus olhos permaneceram abertos por muito tempo no breu do quarto, mas quando ouviu passos aproximarem-se de si, ele fingiu já ter pego no sono mais profundo que um ser humano poderia atingir.

Sentiu o estofado afundar, e então o toque singelo em sua mão. Sentiu a água morna vinda do pano úmido limpar sua ferida, então o cheiro de remédio atravessou seu olfato e a sensação de ter a mão enfaixada fez seus olhos abrirem-se. Off estava cuidando do seu corte aberto em silêncio. Atthaphan quis, mas não afastou sua mão do toque daquele homem concentrado. Permitiu que ele terminasse o serviço, e observou sua face quase sempre inexpressiva ser manchada por uma única lágrima solitária.

Ele deveria estar feliz por vê-lo chorar, deveria ser gratificante. Mas ao invés disso, sentiu-se culpado mais uma vez; "Está chorando por ele? Ou por mim?"

- Off.

A voz fez o agente se assustar e soltar com pressa a mão que segurava, levantando-se imediatamente. Phunsawat por sua vez sentou-se na cama vazia e respirou fundo.

- É que você não lavou, isso podia infeccionar.

Gun olhou sua mão e sorriu em meio a um olho marejado.

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