46) Lesão

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A manhã acordou resplandecente assim como ambos os agentes, que ao estacionar, desceram do carro respirando profundamente.

— Como se sente? - Jumpol questionou, ajustando a gola de Atthaphan.

— Nas nuvens. - Agraciou com sua resposta, ficando na ponta dos pés para lhe dar um beijo rápido, mas sem pavor. Os dois sorriram um para o outro pouco antes de caminhar para dentro, lado a lado.

— Você vai para o estande agora, não é?

— Uhum.

— Eu vou finalizar meu treino e te encontro lá.

— Bom treino, Papii. - Atthaphan acenou e Jumpol se afastou radiante. O menor sorriu como um bobo. Tudo caminhava em direção ao mágico, faziam anos que seu coração não se sentia assim e por pouco ele esqueceu-se do quão sagrado era o sentimento de estar a mercê da adoração.

Chegando no seu destino, os agentes presentes encaravam Gun por cima dos ombros. O que não o espantou já que era comum um ex-sniper chamar a atenção em um estande de tiro, somente por essa razão ele rejeitou outra possibilidade para ter olhos fuzilando mais que as armas.

Phunsawat planejava fazer algumas contas naquela manhã, usando sua nova aquisição que agora ele tirava da cintura e lentamente namorava com os dedos: Desert Eagle .50, a pistola semiautomática mais potente do mundo. Não muito usada na área civil, mas reconhecida entre os atiradores de elite.

Em posição de ataque, mirando no alvo, Gun fez o seu primeiro disparo certeiro, e se curvou para anotar uma fórmula no bloco de notas pendurado ao gancho da parede. Em seguida, seu próximo feito foi mirar rente a placa de aço em uma precisão de 180°, para testar se o projétil seguiria o percurso desejado. A primeira tentativa foi falha, então ele riscou um dos números de sua fórmula e tentou de novo, levando em conta a energia cinética. Aquilo o garantiu sucesso no experimento, e um largo sorriso preencheu seu rosto, mas não durou muito.

Em um baque desprevenido, o corpo de Atthaphan bateu contra a parede. Instintivamente o menor tentou bater a arma contra o pescoço de quem o prensou, e conseguiu mas não foi o suficiente para ser solto, ele teve que desviar com dificuldade do soco. Sua mente estava tão turva que ele sequer teve tempo de raciocinar o que o homem dizia.

— É isso que você está fazendo no trabalho enquanto pessoas morrem? Você é uma vergonha para esse departamento.

— Que merda você está falando? - Gun questionou ao homem enquanto tentava segurar seu pulso, no entanto, ele era extremamente musculoso e pesado. Um combate corpo a corpo não seria inteligente.

— Não se faça de idiota, todos aqui virem as malditas fotos. Você foi um erro do Caskey!

Gun sentiu uma joelhada em seu estômago e contraiu-se dolorido:
— Eu não... - Ele precisou recuperar ar antes de continuar: - Eu não sei do que você está falando, porra.

— Estou falando de você transando com um cara na boate que deveria estar trabalhando. O que é? Faz parte do disfarce também?

Estilhaços de alegria caíram no chão. O som dos tiros tornaram-se abafados, o mundo parecia mover-se em câmera lenta, e Phunsawat não conseguia mais defender seu corpo de levar repetidos socos e chutes; em sua cabeça a dor não chegava nem perto de perguntas como: "se as fotos foram vazadas, as pessoas sabem quem estava comigo?" "Se as pessoas sabem. Ele vai ser machucado assim também?"

As vozes pedindo para o policial que feria Atthaphan parar, enquanto outras incentivavam a continuar também pareciam bagunçadas para o menor que chorava sem nenhum estardalhaço. O agente nunca saberia que o motivo das lágrimas de sua vítima não eram referentes a dor e a humilhação que ele estava sendo forçado a sentir.

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