109) Pinóquio

56 15 12
                                    

As mãos trêmulas tocaram aquele maldito documento como se cada linha sentencia-se sua morte. Mas na verdade, ela apenas expunha uma traição. Aquele homem estava no controle desde o início, tudo conspirava ao seu favor, e ele era uma de suas melhores marionetes. Tudo mudou naquele dia, e pela primeira vez, uma de suas marionetes rompeu suas cordas, e como Pinóquio, mentiu até que perdesse todo o direito de se tornar um menino de verdade. Agora ele não passava de uma casca oca de madeira, tão desumano quanto aquele que o comandou.

Gun Atthaphan estava coberto por pânico, preso a cadeira e tudo que pensava era no quanto precisava alcançar Off Jumpol, enquanto o sentimento de angústia o consumia a cada segundo em que passava longe do homem pelo qual seu coração continuava batendo.

— Por favor, me soltem. Eu faço qualquer coisa, qualquer coisa estão me ouvindo? - Era a primeira vez em que Atthaphan genuinamente se desesperava. Eles não tinham ninguém além de um ao outro, e Off não o chamaria se não precisasse de ajuda.

Atthaphan sentiu o cano de uma arma fria tocar sua cabeça e fechou os olhos. Ele suava frio e isso era visível mesmo embaixo da luz vermelha.

— E que tal morrer? Eu estouro a sua cabeça de bala e te solto.

Gun tremia, não por medo de morrer. Mas por medo que Off tivesse o mesmo fim, um dos dois precisava sair vivo, e seria Jumpol, Atthaphan estava certo disso, mesmo que ele precisasse se humilhar para conseguir tal feito.

— Por favor... - Pediu em meio ao pranto, ele realmente nunca havia se prestado ao ridículo daquela maneira, mas suas lágrimas eram realmente honestas.

— Você que manda, capitão. - Disse, olhando para o homem no centro da mesa, que encarava Gun de cima a baixo.

— E qual é a graça de matar um idiota quando podemos brincar com ele? - O homem se aproximou, tocando os ombros de Atthaphan e os apertando em uma breve massagem: - Você já jogou roleta russa, garoto?

— Essa pode ser a primeira vez. - Mas Gun nunca perderia sua essência, e de armas ele definitivamente entendia, então ele respondeu, e observou os homens presentes rirem em um tom grave.

— Perfeito. Então vamos fazer o seguinte... eu solto você, e você joga. Se tiver a sorte de sair vivo, meus parabéns, você está livre. Mas se você tentar fugir, você morre, e se perder o jogo... bom... - Ele riu: - Você também morre.

Jumpol não sabia o que dizer, ele estava estagnado, como sempre ficava quando seu cérebro não sabia reagir a eventos de grande catástrofe. Ele sentia repúdio, angústia, e principalmente: sentia que havia falhado. Mas de uma coisa ele tinha certeza, precisava chegar até Atthaphan, e entregar as provas, nem que ele precisasse morrer para isso.

— Eu sei quem é você. - O amante comentou com o cenho franzido: - Aarut, não o deixe sair.

No entanto, nada estava realmente ao seu favor. Quando Aarut quebrou o vidro ao seu lado e apertou com força o botão vermelho, decretando estado de emergência, o que fez cada entrada ser revestida com aço, isso incluía aquela em que Off estava preso. E agora, todos os seguranças estavam em alerta.

— Deve estar me confundindo com alguém. - Comentou, com as mãos para cima. Olhando em volta em busca de qualquer coisa que poderia usar para derrubar o homem que apontava uma arma para ele.

— Não, eu não estou. Você é Off Jumpol Adulkittiporn... está no caso do anfitrião. - O amante riu e Aarut franziu o cenho: - Do jeito que o anfitrião havia dito, você me parecia mais inteligente.

Off sorriu de canto, inclinando a cabeça para o lado afim de conter-se:

— Devo admitir que o anfitrião me superestimou, e eu o subestimei. Mas se a intenção é me matar, então recomendo que façam logo, porque se eu sair, garanto que todo esse império vai queimar... e eu não vou falhar dessa vez.

Parceiros - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora