91) Lágrima fantasma

61 17 7
                                    

Ninguém conseguia falar com Jumpol, Gun teve que oferecer todo o depoimento, entregando cada elemento do qual se lembrava, o caso estava nas mãos da polícia civil, então não era um ambiente ao qual Phunsawat sentia-se confortável. Off estava sentado na cadeira da recepção, encarando a parede em completo silêncio.

A tinta branca em sua mente tomava a coloração vermelha, e o som do disparo o fazia ter um espasmos.

— O que aconteceu aqui? - A voz conhecida fez Atthaphan arregalar os olhos e correr até ela.

— Papang... - Os olhos de Gun estavam inchados e molhados, ele havia chorado, mas seu estado mental após ver o assassinato não o preocupava mais do que Jumpol.

— Eu soube que alguém foi morto na casa do Off, ele está bem?

Gun olhou para trás, encarando o homem sentado ao banco, que batia o pé contra o chão freneticamente:
— Fisicamente sim.

— Quem morreu?

— ... A mãe dele.

— Porra... - Papang caminhou até Off, e ajoelhou-se perto dele, mas o agente não o encarou de volta: - Off... eu soube o que aconteceu. Sinto muito...

— ...

— Ele não fala com ninguém, os policiais tentaram de tudo para arrancar um depoimento e nada.

O treinador acenou, se levantando e se afastando:
— Ele ficou assim quando Tay morreu também.

— Eu me lembro.

— Gun, sabe que é provável que ele seja retirado do caso, não sabe?

Phunsawat abaixou a cabeça, ele era péssimo lidando com a morte. Tay mostrou à Gun que ele não era um desperdício de ser humano, o fez ver que era digno de amor e companhia, e quando enfim Atthaphan percebeu que não estava mais sozinho, Tawan morreu. Anos depois do acontecido, ele conheceu Hana, que lhe mostrou uma nova perspectiva de família, e o fez se sentir como um filho desejado outra vez, depois de muitos anos sendo rejeitado por sua linhagem de sangue.

Mas ela também estava morta. Se Phunsawat estivesse sozinho, ele estaria em prantos no chão, se derretendo e queimado como se estivesse sendo consumido por chamas do inferno. Sozinho...

Gun Atthaphan não estava sozinho

Ele caminhou até Jumpol quando Papang já havia se distanciado. Sentou-se ao lado de seu parceiro, olhando para o mesmo ponto que ele:

— Sei que não consegue falar com ninguém. Também sei que não sou especial ao ponto de ser o único... mas quero que saiba que estou aqui, Off. Da última vez que isso aconteceu, eu virei as costas pra você... - Gun encarou seu parceiro, e tocou sua mão gelada: - Eu não vou virar as costas outra vez. Mesmo que não queira falar comigo, eu vou estar aqui...

Atthaphan sentiu a cabeça de Off pousar em seu ombro, aquilo o surpreendeu, já que seu parceiro não havia feito nenhum único gesto desde que chegaram a delegacia.

— A culpa é minha...

— O quê? - Gun franziu o cenho.

— A culpa é minha.

— A culpa não é sua.

— A culpa é minha a culpa é minha a culpa é minha a culpa é minha a culpa é minha a culpa é minha a culpa é minha... - Ele começou a repetir freneticamente, agarrando e ferindo a própria cabeça enquanto tremia, Gun levantou-se e forçou seu parceiro a fazer o mesmo, tentando impedir que ele continuasse ferindo o próprio corpo.

— Off... Off, para! - E Jumpol acabou arranhando Atthaphan também, que não se afastou ou se irritou, apenas segurou com firmeza o corpo de seu parceiro, o abraçando com força: - Papi... Papi, não foi a sua culpa, por favor, para!

Parceiros - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora