19) Milícia

131 24 25
                                    

A perícia rondava o local, retirando amostras do sangue junto da balística que retirava resíduos para verificar qual arma foi usada contra o presidiário. A qual atingiu diretamente seu lóbulo frontal, fazendo um buraco avantajado no meio da testa da vítima.

Atrás da faixa de contenção amarela, Off e Gun encaravam a cena do crime com a exata mesma expressão de confusão.

- Bom, meninos... ao que parece tem um infiltrado entre nós. O lobo virou a ovelha... - Caskey comentou com as duas mãos na cintura, e o cenho franzido.

- Na verdade, tenente. Ontem quando fomos revistar a cela do Vongxai, um presidiário nos disse que... - Gun estava falando, mas levou um beliscão no braço que o vez quase dar um soco no homem ao seu lado. No entanto, sua dupla negava de forma singela com a cabeça, sinalizando para que ele não continuasse: - Que alguém de fora invadiu a prisão. - Ele mudou o rumo do depoimento: - Aliás, ele foi cooperativo, mas nós prometemos algo em troca das informações... eu posso passar na sua sala mais tarde falar sobre o caso dele? Eu sei que não tem nada haver com isso tudo, mas foi uma promessa.

- Me encontre as 15:30.

- Okay. - Gun acenou.

- Certo, vou deixar vocês falarem com a perícia. Venham até a minha sala no departamento vizinho se precisarem de alguma coisa.

Os dois acenaram, e Phunsawat esperou perde-lo de vista para se virar à Jumpol.

- O que você está fazendo? Por que não deixou eu contar pra ele?

- Gun, nós sabemos que é um policial, e que tem muito poder. Isso explica o motivo de conseguir corromper o sistema da polícia e limita-lo. Também explica ele ter acesso a todos os presídios com ligação ao departamento, e estar se livrando de todos que podiam depor, um por um.

- Está dizendo que o nosso tenente pode ser o cabeça disso tudo? - O menor franziu o cenho: - Você tá maluco, isso é loucura.

- Acha mesmo? Quer arriscar? - Alfinetou, parecendo acreditar firmemente em sua teoria.

- Ele é o nosso tenente, Off. O nosso chefe, é ele que guia essa investigação.

- Exatamente! Ele está guiando uma investigação de anos, extremamente complexa, onde nem os melhores saíram vivos. Aí ele decide enfiar dois agentes que se odeiam e estão no olho da rua para trabalhar juntos nele?

- Ele esperava que a gente falhasse...

- Isso! Exatamente, ah... como é bom concordar com você.

Gun permaneceu estático, parecia ter acabado de receber a notícia mais traumática de toda a sua vida.

- Mas se não podemos confiar nem no chefe, então em quem? Quem tem um posto alto mas jamais teria acesso a tudo que o suspeito tem?

- Meninos, vocês estão bem? - A voz de Papang se aproximando as pressas dos dois, fez com que ambos ficassem quietos.

- Estamos bem, por quê? - Off questionou.

- Quando recebi a notícia sobre o Aarut fiquei preocupado. Primeiro Vongxai é sequestrado, depois Aarut morre e... eu estava com medo que vocês fossem os próximos ou algo assim. Perceberam que estão sumindo um por um? A polícia está envolvida, não é? Me digam que eu não estou ficando louco.

O casal trocou olhares e então voltaram a encarar o chefe do departamento de treino das forças armadas, após isso, novamente repetiram ao mesmo tempo: - "Papang, precisamos conversar".

Sentados à mesa do refeitório vazio, Gun e Off estavam lado a lado enquanto Papang os encarava de frente:

- Basicamente, após a visita ao centro penitenciário, nós conversamos com um federal e um detento. O que o detento disse deixou claro pra gente que o invasor era alguém das reais forças armadas tailandesas. - Off comentou.

- Ele usava um distintivo como o nosso. - Completou.

- Ligando os pontos, faz sentido que apenas um policial experiente tivesse acesso ao controle de dados da polícia ao ponto de limita-lo durante as investigações.

- Isso inclui Gawin saber de todas as câmeras do hotel em que estávamos, menos as dos quartos.

- Também tem o fato de colocar dois agentes que na visão profissional eram "ineficientes", em um caso complexo como esse.

- Agentes que até aquele momento tinham um impasse.

- Então é por isso que consideramos Gawin um suspeito em potencial - Off contou todas linha de raciocínio com a ajuda dos acréscimos de Gun. Enquanto Papang os encarava com os olhos arregalados e as mãos juntas.

- Sabem que a acusação que vocês estão fazendo agora é gravíssima, não é?

- Não estamos acusando, estamos investigando. - Jumpol corrigiu.

- Mesmo assim, se Caskey descobre, a situação não fica boa para o lado de vocês dois.

- Não vamos dar pra trás depois de tudo que fizemos até agora, Papang. Estamos contando pra você porque confiamos em você. - Gun repreendeu, colocando a mão no ombro de Off, que continuou:

- E isso inclui você não contar sobre o que falamos para o tenente.

Papang estava ouvindo atentamente até então, mas um sorriso solto surgiu em seus lábios e ele não conteve sua fala:

- Vocês estão mais próximos. - Comentou, apontando para os dois.

Gun por sua vez tirou a mão de Off imediatamente, sentando um pouco mais afastado. Deixando o outro agente secretamente frustrado.

- Fomos obrigados. - Atthaphan respondeu, afiado. Jumpol permaneceu em silêncio.

- Pretendem mudar de parceiro depois que isso acabar?

- Não sabemos nem se vamos estar vivos até isso acabar. - Atthaphan usou seu humor mórbido para fugir do assunto, mas recebeu um sorriso pilantra de Papang e um olhar afiado de Adulkittiporn.

- Certo, que bom que as minhas crianças fizeram as pazes. - O treinador comentou, com um sorriso fechado e as mãos juntas rente ao peito: - Eu não vou contar sobre o que me disseram, mas não sei se tenho muitas... ferramentas em mãos para ajudar vocês com o caso. Mesmo assim, se precisarem de mim sabem onde me encontrar. Eu vou passar um café já que vamos passar a noite em claro, e vocês deveriam subir e falar com a perícia. Eu levo as canecas mais tarde.

- Obrigado, Papang. - Off agradeceu e Gun sorriu. Ambos se levantaram e caminharam até o andar de cima, onde estava a cena do crime.

- Mas tem algo que eu não entendo. Por que matar o Aarut se ele tecnicamente ajudou? - Atthaphan questionou seu parceiro enquanto subia as escadas ao seu lado.

- Ele não ajudou, nós continuamos no caso e uma das boates foi desligada. E querendo ou não, Aarut te ajudou a encontrar o porão.

- Mas era uma armadilha.

- Uma armadilha que deu errado.

- Bom... é uma pena. Queria ter interrogado ele um pouco mais.

- Acredito que Gawin vá nos enviar para a próxima boate logo mais.

- Espero que não.

- Por quê?

- Lembra do relatório que eu estava lendo antes da gente... bom, antes da ligação?

- Lembro.

- Ela falava a boate cujo a Purple tinha contato direto. E provavelmente é a próxima.

- E o que tem de novo?

- É uma casa fetichista.

Off franziu o cenho, ele não entendeu. Gun suspirou, revirando os olhos:

- Bdsm, Off. É uma casa bdsm.

Parceiros - Offgun Onde histórias criam vida. Descubra agora