74) Azar na sorte

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A primeira coisa que ele viu ao abrir os olhos foi a luz branca que o cegou por instantes, e então uma dor de cabeça extrema o fez grunhir de dor, onde que por reflexo sua mão foi parar em sua cabeça e ele pôde notar que sua veia estava recebendo uma espécie de soro.

— Gun... - A voz rouca de alguém que havia chorado chamou a atenção de Atthaphan, que virou para o lado, de encontro para o rosto inchado de Off. Ao qual o menor tocou e acariciou com leveza, suas mãos ainda estavam frias e fracas.

— O que aconteceu? - Questionou, mas sua boca estava tão seca que sua garganta doeu. Foi então que Jumpol levantou-se e recolheu um copo d'água, ao qual Gun tomou pelo canudo.

— Você teve uma overdose de alucinógenos, vários misturados: Lsd, Psilocibina, Mescalina, todos diluídos em água. - A feição de Jumpol demonstrava uma preocupação avassaladora, mas sua voz expunha uma raiva que se não contida causaria um estrago: - Você fez uma lavagem estomacal que durou três horas, e gritou de dor até apagar...

— Respire, Papi... sinto sua raiva daqui. - Atthaphan riu, sentindo uma lágrima cair por seu rosto ainda pálido, era dor.

— Você quase morreu, Gun. E eu não consegui fazer nada.

— Oh... - O menor se acomodou na maca, e desequilibrou-se. Off se apressou para sustentar seu corpo, e ouviu o menor rir.

— Você fingiu? - Franziu o cenho, e recebeu em resposta um selinho, que amoleceu o coração amargo instantaneamente.

— Nem sempre você vai conseguir salvar a minha vida, Papi. - Respondeu com calmaria: - Mas em momentos assim eu salvo a mim mesmo... eu podia ter desistido bem ali, já tinha tudo filmado mesmo. - Ele deu de ombros: - Eu poderia ter morrido.

— Não poderia...

— É... eu pensei nisso. - Gun acenou: - Eu não poderia, porque o meu namorado estava me esperando lá em cima. Então eu lutei contra o real e o imaginário só pra voltar pra ele... e eu não quero ver ele assim. - Phunsawat puxou Jumpol para um abraço e Jumpol retribuiu com força, beijando a bochecha de Atthaphan que permitiu que ele o fizesse repetidas vezes até cansar.

— Eu sinto muito...

— Não sinta, amor... não sinta. Eu estou bem, coloque mais fé em mim. Dizem que vaso ruim não quebra, e eu sou muito, muito ruim. - Jumpol riu abafado entre o pescoço de Atthaphan, fazendo o menor rir também: - Por quanto tempo eu dormi?

— Você dormiu por sete dias.

— O que? - Gun franziu o cenho em pânico, e Off riu.

— Estou brincando, você apagou por onze horas.

— Vai se foder, Jumpol. - Gun o afastou e cruzou os braços, enquanto Off sorria. Em seguida sua expressão suavizou, e ele encarou seu parceiro outra vez: - E o que aconteceu durante as onze horas em que eu estive desacordado? Conseguiram apreender os culpados?

E então, o bom humor de Jumpol parece ter se diluído, e o homem respirou fundo antes de responder:
— O departamento recebeu a filmagem.

— Isso é ótimo.

— Mas eles disseram que isso não é o suficiente para o mandato de prisão, porque não temos provas do envolvimento dos culpados com o zodíaco, e se a RFAT prendesse aqueles presentes no vídeo "eles estariam interferindo nas investigações da polícia federal".

Gun ficou em silêncio, seus olhos dormiram na agulha que levava soro as suas veias, e então rolaram até o lixo, onde ele pôde ver o tubo usado para a lavagem estomacal repleto de sangue. Foi ali que ele se questionou pela primeira vez, se continuar naquele trabalho realmente valia a pena, já que mesmo quase custando a sua vida, seu sacrifício não valeu de absolutamente nada.

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