Capítulo 1

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Allie

     Eu fiz o que prometi, ele não. Escolha são feitas e eu sou uma das pessoas que mais gosta de lembrar que isso foi totalmente errado. Eu gosto do caos, talvez eu tenha me joga de cabeça em alguma piscina infantil. Mas eu não me arrependo, por isso eu fiz toda essa merda que eu fiz. Kai vai me matar quando souber que eu fiz aquilo. Mas posso aguentar o show de irmão mais velho falso dele. Sempre aguentei.

    Aperto as mãos na mochila e me sento, eu gosto muito dessa parte das catacumbas, eu acho fascinante.

Noite do diabo, nunca participei de uma de verdade, talvez eu nunca faça isso. Mas eu estou bem comigo por estar fazendo isso hoje. Não é noite do diabo e eu vou embora.

    Ouço passos, pelo barulho, peso e velocidade, Damon. Limpo a garganta e tento não ser idiota novamente. Levanto a cabeça e lá está. Minha ruina, minha perdição e meu erro.

— Oi...— Digo limpando a garganta.

— Hum...— Ele disse acendendo um cigarro e se sentando no meu lado. Detesto que ele não se importe nenhum pouco que eu seja alérgica canela e ele faz questão de assoprar na minha cara.

— Feliz aniversário. — Digo sem olhar para ele, minha voz é normal. Eu deveria receber um prêmio.

Entrego a caixa que estava dentro da mochila. Ele abre e um nanosorriso surgiu no fim da linha dos olhos e lábios dele.

— Todo ano. Um esqueiro. — Ele diz abrindo a tampa e a chama nasce. — O que te faz pensar em presente ruins assim?

— Se não quer eu pego de volta já disse. — Digo engolindo a vontade de só deixar como está.

    Ficamos em silêncio como sempre, eu fico olhando para o nada, mas com total certeza eu sei cada expressão que esta no rosto dele. Por que é como um ímã. Meu relógio toca e eu suspiro.

— Algo para noite do diabo? — Pergunto educadamente.

— Sim. — Mordo o lábio, porque...ele está sorrindo de verdade. — Se quiser depois passo na sua casa e te conto como foi.

    Não me convidar, não me chama ou perguntar por que eu nunca vou. Uma presidiária é tratada com mais liberdade do que o Damon me trata.

— Não vou estar aqui no halloween. — Digo e ele vida a cabeça lentamente para mim e eu continuo sem olhar para ele.

— Kai não disse nada.

— Ele não sabe. — Refuto tentando parecer sarcástica.

— Oh! O que a garotinha da mamãe e papai vai fazer?

— Vou viajar com a minha mãe. — Digo sentindo um calafrio, uma cobra no meu estômago e um no de linhas na minha garganta.

— Hum. — Pronto acabou o interesse.

— Boa noite do diabo para vocês...— Já me levanto e arrumo a saia do uniforme da escola e coloco os óculos na mochila.

— Já vai? Tão cedo? Estamos aqui há duas horas só.

— Não conversamos. — Digo tentando parecer debochada. — E se for para não falar nada prefiro enfiar a cara nos livros e os dedos no piano.

— Você toca piano ainda né? — Ele diz se levantando — Pode tocar para mim?

— Não. — Digo olhando para minhas mãos. — Sabe que não sou boa para ter plateia.

— Quem disse isso? — Damon retira minha franja do rosto e coloca atrás da minha orelha.

— Você.

    Dou dois passos para trás e finjo que isso não me atinge. E ele solta uma risada contida.

— Você teve um ótimo professor! — Ele disse dando três passos largos até mim.

— Você não é um bom professor. — Digo sorrindo com escárnio.

     Ficamos nos olhando por mais alguns minutos ou horas sei lá. Mas meu telefone tocou e era o Kai então eu saí dessa disputa de quem fica mais calado.

— Oi... Kai! Não, eu disse que não, você é um merda sabia? Espero que você morra empalado! — Desligo o telefone brava.

— Ele ainda te controla?

— Ele está lá fora. Vou pra casa. Sabe...

— Ninguém pode saber que o lixo e a pérola se encontram nas catacumbas e outros lugares. — Ele pode até parecer ofendido. Mas sou eu que sempre estou no precipício.

      Dei de ombro e sai correndo, subi as escadas e sai em St. Killian, Kai estava me esperando. Caminho até ele devagar e ele está encostado no carro dele.

— Por que você vem aqui? Sozinha? Você tem parar de ser estranha. — Falou o fã de igrejas.

— Eu não tenho amigos. — Digo sorrindo mas estou com tanta raiva — Porque meu irmão é um filho da puta sabe como é.

  Dou a volta no carro e entro na porta de trás. Não ando com o Kai, ao que parece eu sou estranha. Ele entrou e bufou e virou para trás, ele fecha a boca em uma linha. E então diz:

— Você vai viajar com a mamãe. — Ele disse — Ela disse que ia ser uma viagem de uma semana. Mas está fazendo malas de mais.

    Senti uma linha grossa de suor na minha testa mas me acalmei o máximo que pude quando ele continuou.

— O nosso Pai acha que você está precisando sair um pouco. Mas você resolveu fazer isso quando eu volto da faculdade. Você é tão difícil de lidar.

— Não foi eu. — Digo e minha voz sai falha — Ela conheceu uma professora de piano famosa. Queria me levar para o Reino Unido para conhece-la e fazer umas aulas com ela. Você é mais egoísta que eu.

— Não quis ser cuzão. Só estou achando que você sempre está... fugindo de mim, ou do papai, ou de qualquer pessoa que não seja nossa mãe.

    Talvez seja porque... ela é que anda com minha adrenalina na bolsa? Ou quem sabe porque ela que me levou para casa indo contra todos? É deve ser.

— Mas foi. Podemos ir. A mãe disse que eu tinha que cortar o cabelo hoje. O shopping vai fechar se não formos rápido.

— Ok.

    Sim eu vou embora dessa cidade, vou deixar o Damon para trás, o Kai e qualquer outra coisa inútil.  Vou morar para o resto da minha vida na Europa e nunca mais quero pisar em Thunder Bay. Espero que o Damon...fique com a Winter.

    Sou um tapa buraco, ele sai da casa da Winter desde que ela voltou para Thunder Bay e invade meu quarto e tem uma crise humana e começa a agir como um ser humano normal. Espero que os planos dele sejam efetivos porque não vou estar quando ele tiver outra crise de Pânico por causa da mamãe.

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