capítulo 3

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Allie

     Tem uma coisa que acontece quando chove vive longe de alguém importante, minha mãe disse que era sinônimo de saudade, eu sinto...medo. Faz quatro anos que joguei fora toda a carcaça de ser apoio ou ser protegida, eu queria viver, mas viver é complicado, eu desisti de tocar piano, eu desisti de tentar. Mas cá entre nós. Só o fato de eu estar viva já significa que eu ganhei. E não importa quão cruel e nefasto seja. Eu fui egoísta e vou continuar sendo egoísta.

    Quando minha mãe me deixou em Veneza para ir para Thunder porque o Kai tinha sido preso, eu me senti um misto de alívio e desespero. Por que eu estava sozinha e os filhos de verdade sempre vem a frente dos acolhidos. Por mais que ela me ligasse a cada três horas nas primeiras semanas me irritava, por isso. Eu quebrei meu telefone e apenas falava com ela a cada seis meses, para mim foi ótimo para minha família eu poderia parecer ingrata.

     Mas estou voltando, não porque eu estou perdida e precisa de um lar, estou voltando porque eu não quero mais tentar nada. Vou trabalhar no banco e me aposentar e morrer. É isso é pronto. Não tenho grandes planos para minha vida.

   Comecei a fazer aulas de piano porque eu vi o Damon tocando e ele era incrível e eu me apaixonei pelo som e a rapidez que os dedos dele ficavam cada tecla de um piano imenso. Queria fazer igualzinho. E fiz, fiz melhor. Mas quando eu fui para Londres eu soube, e eu quis gritar e arrancar meus dedos fora. Ele dormiu, não ele estuprou a winter. Pior ele realmente fez isso. Eu acho que ele é um cara totalmente vendido pelo prazer do terror e quando isso caiu na minha cabeça como uma bomba de Nagasaki. Eu só joguei tudo pro ar e foda-se.

     Estou no avião há vinte minutos de pousar e sabe o que mais me deixa nervosa hoje? É que já faz um ano que o Damon saiu da cadeia e eu espero que ele tenha esquecido de mim, eu sou uma sonhadora por pensar que devo ter um lugar no lixo ali no cantinho da cabeça dele. Mas não tem.

    O avião pousa suavemente, em menos de quinze minutos eu estou em solo americano e é como pisar no inferno. O bullying, a perseguição. Tudo volta como uma rajada de tiros atravessando meu corpo. Engoli a vontade de fugir junto com o vômito e segui até a área de desembarque. Desci as escadas e eu queria muito ter um motorista para me levar ao invés de ser...ele.

— Meu bebê! — Minha mãe me agarra e me enche de beijos! — Você cresceu tanto meu amor!

— Não é pra tanto. — Digo tentando ser emotiva mas não tem muito resultado.

— Kai pegue as malas. — a minha mãe diz.

  Ele pega sem qualquer comentário.

}×{

Estava demorando, na verdade não demorou tanto. Era óbvio que ele ia perguntar e eu teria que esconder mas ao que parece. Ele não sabe da história toda né.

— Desde quando...você tem uma amizade com o Damon?

— Nunca fomos amigos. — Digo abrindo minha gaveta.

— Não? Sério? Ele sabia bastante coisa sobre você... você está no contato de emergência dele.

   Isso me afetou, travo com o pijama em mãos, porque ele teria? Não somos amigos, nem nada. Ele me usava de alívio momentâneo e eu aceitava nada mais que isso.

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