capítulo 46

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WILL


   Quero falar com meus pais, dizer que eles vão ser avós. Só que eu não quero dizer isso com a Allie não sabendo disso. A filha e dela antes de ser minha.

— Allie...— Digo e ela está com um ursinho de pelúcia em mãos.

— O que? — Ela diz olhando para o coala.

— posso contar pro meus pais sobre a Greta?

   Ela abaixou o ursinho e abaixou o olhar e colocou de volta na prateleira, ela gostou do urso...

— Por que? — ela pergunta baixo demais para não ser incomum.

— Por que eles vão gostar de saber.

— Will...— ela me olha — eles vão odiar saber. Eu literalmente dou drogas pra você. Sou má influência e aposto que todo mundo de thunder bay sabe que eu fiz um caos aquele dia e tem boatos sobre o que aconteceu.

— Por que você não confia em mim, eu não preciso das opiniões de Thunder Bay, eu quero contar para os meus pais que eu vou ter uma filha. E você é mãe. É um comunicado. Não vou perder aprovação. — ela engole seco umas três vezes e se vira e sai

— Ok. Conte. — Ela muda de corredor.

   Eu meio que sabia que ela reagiria assim, nem os pais dela sabem que está quase dando a luz ela não fala com eles, não fala com o Kai, ela não fala com ninguém. Eu queria apresentar ela e a Alex o quanto antes para ela enteder que não é todo mundo que quer destruir ela. Ela criou uma muralha muito grossa.

    Eu sei o quanto é ruim ser massacrado, mas acho que não é só doloroso para Allie e como morrer. E como uma parte dela morrer. Como morreu durante a vida dela. Allie teve versões que eu nunca vou conhecer, teve versões que eu poderia conhecer mas estava em outra sintonia.
    Dizem que as pessoas morrem mas continuam vivendo. Não mata de verdade uma parte da pessoa morre. Aposto que Allie só tem um pedacinho dela intacto. Eu entendo o medo dela. Mas ela não conhece meus pais, eles são incríveis e vão amar ter uma netinha. Eu sei que eles vão ficar felizes com isso.

   Sigo ela e passo por um corredor de roupas de menina e alguns laços. Allie está no fim do corredor. Paro um pouquinho antes, porque um laço azul me chamou atenção. Sem querer, sem nem me esforçar eu imaginei minha filha, um aninho com esse laço. Ah...eu quero vê-la... acho que agora está caindo a ficha. Em semanas vai ter um negocinho mole e frágil respirando o mesmo ar que eu. Crescendo e me deixando louco. E querendo ou não eu ia entrei em contato com um vendedor de armas, vou comprar uma automática pra deixar em casa. Só por precaução.

— Azul?

   Allie colocou uma chupeta nude no carrinho.

— Eu achei bonito. A cor. — Digo encarando o laço.

— Azul né. — ela pega o laço...— É muito azul, vou ter que usar minha cabeça demais para vestir ela com esse laço...

— Eu pensei nela com uma jardineira. — Digo e ela me encara com um mínimo sorriso.

— Pelo amor de Deus, uma jardineira. Você está pensando nela com quantos anos?

— Um ou dois anos. Ia ser fofa. — Digo e ela coloca o laço no carrinho.

    São os últimos itens que falta pro enxoval que a Allie está montando, eu nem sabia que ela sabia bordar até ver ela fazendo isso uns dias atrás quando dormi na casa dela. Ela é muito burguesa.

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