capítulo 60

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Allie


   Jogo tudo na sala de casa e pego Greta no colo. Encaro e quase quero mandar essa merda toda pelos ares. Mas só o pesinho no meu colo eu já mudo de opinião. Ok. Eu só tenho que jogar isso no lixo. Não. Devolver para o laboratório. Ouço a porta abrir, eu até me colocaria de pé mas não estou afim. E Greta parece gostar de deitar em coma das pessoas então... não vou me mover.

— Porra...— Ouço e não olho para Ele.

Passo as mãos pelo rostinho dela e pelo cabelinho.  Ergo a cabeça e encaro o demônio na minha vida e faço uma careta repugnante.

— Por que você está aqui? Melhor, Will porque ele está aqui? Da última vez que não vimos ele quase me matou sabe...— Digo com escárnio e sarcasmo.

— Quando cheguei ele estava no térreo. — Will diz jogando todas minhas drogas dentro de uma bolsa térmica. — Você disse que não usava isso.

— As vezes eu quero sentir dor. — digo segurando as duas mãozinhas da minha filha perto do meu nariz. — Mas a Greta me fez parar.

— Que bom então. — Ele joga tudo sem dó dentro da bolsa. — Você escondeu alguma coisa?

— Não sei. — digo repassando tudo. — Dá uma olhada por aí. No fundo falso do closet também.

   Ele bufa e sai a procura de Hades, MD e coca pelo meu apartamento. Greta abre um sorrisão e deita a cabeça no meu peito e me encara como se eu fosse a deusa do seu mundinho. Gosto disso. Faço carinho na bochecha dela.

— Então...agora você me odeia? — Por que ele está aqui ainda?

— Greta, Greta, olha pra mamãe. — ignoro e seguro Greta no ar. — Boa princesa!

   Ela cai na gargalhada.

— você ainda guarda rancor? Que péssima influência.

— Não guardo nada. — Digo segurando Greta e apoiando ela no meu colo.

     Deito ela nas minhas coxas até ela olhar demais para cima e eu ver um sapato caro na minha frente. Não quero olhar pra ele. E nem estou morrendo de vontade de chorar, só não sinto nada.

— O que acha que está fazendo? — Pergunto passando o dedo devagar e leve, entre os olhinhos verdes de Greta indo até o nariz dela.

— Não sei do que está falando Allie.

— Então só se manda. — Digo vendo o sorriso banguela dela. — Você não pode estar mais aqui. Perdeu esse direito D.

— Eu acho que ainda tenho esse direito, essa criança é filha do meu melhor amigo Allie. Estou na vida dela querendo ou não.

— Que hipócrita. — Digo rindo. — Você não é amigo de ninguém.

— Olhe pra mim Allison. — olhei pra ele com o maior cinismo que eu tenho e revirei os olhos. — Você não me ama mais? Me odeia?

— Você é doente pra caralho sabia?

— Não foi isso que eu perguntei. — ele se abaixa até a altura no sofá e senta na minha mesa de centro. — Responde certinho Allie.

— Eu acho que isso é meio inútil. — Digo sorrindo — Eu não te odeio, mas também não te amo, pra você você é uma existência que só nasceu pra me foder.

— Você gostou dessa parte. — ele diz sorrindo com sarcasmo.

— Não me olhe assim. — ordeno tão irritada.

— assim como Allie. — Ele pergunta me mostrando aquele olhar.

    Eu quis tanto isso, receber essa atenção e esse olhar de quem realmente me quer. Mas só me dá ânsia de vômito.

— como se me quisesse. Como se eu realmente pudesse ser sua. — digo olhando no fundo dos olhos dele. Ele é tão hipócrita. — Você não pode me olhar assim D.

— Por que não? Nao é o você sempre quis Allie?

— Me lembra de quando eu queria que isso fosse verdade e me dá vontade de vomitar.

— E você não quer mais? Isso não é bom?

— Quinze minutos de uma conversa tóxica e escrota não substitui os quinze anos de sentimentos jogados no lixo por você Damon. — Digo sorrindo — não vai acontecer nem se eu voltar no tempo, nem se eu renascer, eu queria perder minha memória e esquecer você e tudo que você me fez passar. Seria mais fácil.

— Está dizendo que depois de toda essa merda você não me quer. Nem se eu largar a Winter? Nem se eu te beijar.

— Não. Nem se você pudesse mudar. — Digo seria — Acabou Damon.

— Allie...— Ele diz apertando as mãos em punhos — Você tem dívidas...e dívidas caras...

— Não eu não te devo nada. — Digo me levantando e me afastando dele. — Eu te dei tudo. Não venha me cobrar nada.

— Você jurou que seria minha âncora até eu morrer. Jurou ser a parte intocável da minha vida. Não ouse sonhar em acabar com as coisas.

— estou acabando. — Digo encarando ele. Não chore como se fosse humano, você não é. — Não da mais Damon. Se você continuar entrando na minha vida assim... vou acabar morrendo.

— Era seu sonho. — ele diz entredentes — Morrer pelas minhas mãos. Está pulando fora?

— Estou. Não chore e nem finja que está se sentindo traído. — digo olhando de esguelha para o corredor. — Você me abandonou primeiro, você me devolveu, jogou tudo que te dei no mar. Você...me traiu primeiro Damon. Me deixou sozinha.

— eu nunca te deixei sozinha.

— Nunca? Quando foi que você fez algo pra mim que não seja me dizer que eu era uma trouxa e fraca, o que você me deu além dos traumas e a sensação de que não sou o suficiente, como pôde... falar o nome dela quando tirou minha virgindade? Era meu aniversário Damon...

— eu estava bêbado. — ele diz e eu começo a rir.

— Todas as vezes? Ok. — Digo incrédula. — Mas acabou. Você está com a Winter vão ter um filho, some da minha vida e me deixa colar meus caquinhos sozinha.

— Mentirosa. — ele diz — Você enrolou o Will, ele mal consegue respirar longe de você. Não entendo como você fez ele largar Emory pra ficar atrás de você como o cachorro.

   Eu nem vi, mas Will deu um soco no Damon.

— Não acredito que fez isso. — E outro e outro e mais outro soco.  O Damon não está revidando.

— Will...para. — Digo cética — Faça isso quando Greta estiver fora do cômodo. Vou levar ela para passear. Não ouse fazer essa merda no meu tapete novo, e espere eu sair.

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