Capítulo 55

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Allie

Me sento na cafeteria do outro lado da rua, Greta está dormindo então eu posso trabalhar um pouco nos relatórios enquanto vejo o Will decidir a vida dele.

— Gostaria de algo mais? — Ouço a garota que trabalha aqui.

— Não, obrigado.

     Coloco um espelho na minha frente e posiciono para ver a reação dele. Porque ele está tão fechado, é a Emmy, ele deveria ser educado. Tomo o café e arrumo os óculos. Então Emory chega, ela se produziu pra caralho pra falar com ele. Olhando assim, somos opostas né? Ela é morena, alta, tem cabelo cacheado. Não temos nada além da miopia em comum. Greta solta I'm barulhinho e estica os bracinhos e eu volto toda minha atenção a ela.

— O que foi? — pergunto mexendo no bolsa pra encontrar um lenço. — Você quer comer?

   Ela solta vários barulhinhos e abre os olhos, ela é adorável. Muito adorável. Arrumo ela no meu colo, preparo a toalha e coloco meu mamilo na boquinha dela, ela pega rápido e assim que ela o faz eu coloco a toalha e ela enrosca a mãozinha no cabelo dela. Fofa.

   Volto minha atenção para o espelho e Will parece nervoso, desço os olhos para as mãos e ele está segurando as mãos dela. Presto a atenção mais um pouquinho até alguém bater na minha mesa e o espelho cair deitado na mesa e quase quebrar, me preparo pra discutir com o idiota. Mas é a Winter com outra Garota. Engulo seco e finjo demência.

— Desculpe, quebrou alguma coisa?

— Não — Limpo a garganta e coloco a mão na cabeça da Greta. — Tudo bem.

— Desculpe de novo. — Dessa vez foi a Winter que falou, desço os olhos pra barriga dela e as sacolas de lojas de bebês.

Elas passam e eu suspiro sentindo um pouco de falta de ar. Levanto o espelho de novo e foi na hora, Will parece estar brilhando, pronto né? Respiro fundo e abaixo o espelho de novo, retiro os óculos e encosto minha mão no dorso da mão tentando me acalmar. Essa merda dói, meu peito dói, dizem que maternidade é uma benção mas não é não, isso dói. Depois de alguns minutos brega solta meu peito e eu sinto um alívio momentâneo e já me arrumo, coloco ela em pé no meu colo e bato de leve nas costas dela.

    Eu realmente odeio essa merda de cidade eu deveria ir embora. Eu deveria ter abortado ela. Mas agora não tem como voltar atrás, eu já me apeguei. Ouço um arroto e depois de mais alguns minutos outro e por fim mais um. Pego minha bolsa e guardo tudo dentro dela. Meu telefone começou a vibrar mas quando o nome eu travei.

DAMON.

   Deixei o telefone cair no chão, minha tela foi para o espaço e quando eu peguei já era chamado perdida, joguei o telefone dentro da bolsa e deixei cem dólares na mesa e saí dali, quero vomitar. Coloco os óculos e o chapéu e saio da cafeteria.

    Tudo isso é um saco. Eu queria ter morrido no incêndio. Coloco Greta na cadeirinha e entro no carro. Meus dedos estão presos no cabelo e sinto o puxão do meu couro cabeludo. Quero vomitar. Eu pedi isso, arcar com as consequências é o que deveria fazer. Eu nunca deveria ter voltado da Europa. Abro a porta do carro e começo a vomitar. Tem isso também, desintoxicação, eu não quero.

   Depois de colocar tudo pra fora, fecho a porta, ligo o carro pelo botão, encaro a via e saio dali. Eu vou fazer a desintoxicação, sozinha, não preciso de ajuda. Nem de terapia, não preciso de ninguém. Só preciso de alguém pra cuidar a Greta. So Isso.

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