Ludmilla - São Paulo 📍19:40
Fecho de forma rápida o zíper da calça social preta que estou usando e retiro do cabide o blazer da mesma cor, o vestido de forma rápida. Me observo no espelho e solto meus cabelos deixando algumas mechas caírem sobre meus ombros. Pego sobre o criado mudo do quarto meu celular e as chaves do meu carro. Guardo tudo dentro da bolsa e saio do quarto deixando a porta fechada. Ao chegar na sala vejo alguns funcionários fazendo a limpeza diária, me limito apenas em dar um sorriso sem mostrar os dentes e abro a porta principal.
Caminho pelo corredor do último andar do apartamento, chegando enfrente ao elevador, aperto o botão para descer até a garagem, onde está estacionado a BMW. Ao serem abertas as portas de metal, uma de minhas vizinhas aparece sorrindo de forma alegre e me cumprimenta com um aperto de mão, um tanto quanto forte, talvez por sua animação. - e por um momento desejei ser feliz igual a ela. Afastei meus pensamentos e adentrei o pequeno cubículo que me causa uma fobia. Encostei meu dedo no lugar que estava indicando a garagem e as portas se fecharam. De forma automática encostei meu corpo no espelho um tanto quanto sujo e suspirei pesadamente.
Fazem três noites seguidas em que eu não consigo me relaxar por completo, fechar os olhos e ter uma boa noite de sono. Muitas preocupações sobre as despesas do meu comércio está me atingindo. Não posso dizer que estou a falência, mas se tudo continuar pouco movimentado como está, em alguns meses, poderei abaixar as portas da boate e me considerar classe baixa. Afasto meus pensamentos quando as portas se abrem novamente, me fazendo ter a visão de vários carros estacionados de forma estratégica.
Quando encontro meu carro, retiro a chave do bolso e aperto o pequeno botão para destravar as portas. Adentro o carro e consigo sentir perfeitamente o perfume de couro novo. Deixo a bolsa sobre o banco do passageiro, ao meu lado, e dou partida em direção a boate. Ligo o rádio do carro e conecto na rádio musical, escutando as músicas que estão em alta no Brasil.
Cerca de vinte minutos depois, estaciono meu carro enfrente a faixada da boate, de longe já consigo escutar o funk tocando em um alto volume. A fila está um tanto quanto grande, me fazendo suspirar aliviada por ter um dia movimentado, em meio a tantos dias calmos por aqui. Cumprimento o segurança que está pegando os ingressos e empurro a grande porta de vidro. No palco está algum dj qualquer, que foi escolhido por minha sócia, no bar central, algumas mulheres semi nuas conversando com homens mais velhos, um típico dia da Boom Room.
Caminho até o pequeno bar, localizado em um lugar estratégico, que me dá a visão dos corredores em direção aos quartos, da pista de dança, da porta e dos outros bares. Peço ao barman uma dose de whisky e me sento no banco de madeira. Hoje está um típico dia de São Paulo, durante o dia frio e agora a noite uma onda de calor infernal. Tiro o blazer que estou vestindo e o deixo jogado sobre minhas pernas.
— Chegou cedo hoje, Lud! — minha sócia, Dayane fala após parar em minha frente.
— Senhora, sua bebida. — o homem chama minha atenção, para me entregar o pequeno copo com o líquido.
— Muito obrigada. — agradeço e volto minha atenção para a morena que ainda estava a minha frente, me olhando — Eu não tinha nada para fazer em casa.
— Entendi. — se conforma com minha explicação — Hoje estamos com bastante movimento por aqui, tudo isso graças ao meu investimento no Dj Gui.
— Aquele que está tocando? — pergunto depois de dar um gole na bebida e sentir toda a minha garganta queimar.
— Sim. Ele é famoso entre as mulheres, um verdadeiro galã. — fala animada e eu reviro os olhos.
— Pra mim é um homem, como qualquer outro por aí. — falo com desdém — Você vai ficar aqui em baixo? Estou querendo ir até o escritório resolver os assuntos pendentes sobre a saída da nossa última garota.
— Fique a vontade, qualquer coisa eu mando irem te chamar. — ela sorri.
Subo os degraus da escada de vidro feita em formato de caracol e a música alta se afasta de meus ouvidos, me causando um conforto momentâneo. Abro a porta do escritório e acendo as luzes, me dando a visão da grande desorganização que havia deixado por aqui na noite anterior. Deixo meu blazer sobre a mesa e abro alguns botões da minha camisa social branca. Me sento na cadeira de rodinhas e abro o notebook a minha frente. De todos os trabalhos feitos aqui dentro da boate, esses são os piores, encerrar os contratos das garotas de programa.
Brunna - São Paulo 📍 20:30
Rodo de forma calma a chave na maçaneta da porta e a empurro, tendo a visão da sala de estar devidamente organizada e com um cheiro impecável de limpeza - pelo menos para alguma coisa ele presta - penso por alguns minutos, antes de finalmente fechar a porta atrás de mim e me sentar no sofá de cor branca. Escuto passos vindo em minha direção e viro meu olhar, então encarando a loira vestida com um pijama qualquer.
— Chegou mais tarde hoje, minha querida.
— Por favor, Caio. Não comece com seu sermão. — reviro meus olhos enquanto massageio minhas temporadas, tentando reduzir a dor de cabeça que começava a me atingir.
— Não está mais aqui quem falou. — ele sorri triste — Eu comprei pizza para a gente jantar, mas já esfriou.
— Tudo bem, eu já jantei na casa da minha mãe. — falo sem me importar — Eu estou cansada, vou tomar banho e tentar dormir.
— Você quer uma massagem? — pergunta cuidadoso e eu tento ao máximo responder com educação.
— Obrigada. — sorrio forçada — Faça massagem na Nina, ela está precisando.
— Eu não sei fazer massagem em cachorros, Brunna. — ele fala franzino as sobrancelhas.
— Pois você deveria aprender. Nunca se sabe quando ela realmente vai precisar de uma massagem. — dou de ombros.
Antes que ele pudesse continuar o assunto, me apressei em caminhar até a suíte - por sorte eu não a divido com ele. Tranquei a porta atrás de mim e retirei a roupa que eu estava usando, incluindo os saltos que estavam me matando. Pego meu pijama na gaveta do guarda roupa e caminho até o banheiro para tomar meu banho. Assim que o finalizo, me visto e deito sobre a cama de casal com lençóis brancos.
Retirei meu celular da bolsa e liguei o visor vendo algumas mensagens no grupo de amigas que eu tinha, e uma delas me animou.
📱 Juliana: Meninas, consegui três ingressos para aquela boate do centro da cidade. Vamos?
Respondi imediatamente avisando que eu iria - o que não seria novidade para ninguém do meu ciclo de amizade. E adormeci com o celular nas mãos.
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Crazy In Love (Brumilla)
FanfictionLudmilla Oliveira (27 anos): Uma empresária do ramo de prostituição possuí uma boate no centro de São Paulo. Durante as noites, várias mulheres passam por ali, entregando seu corpo em troca do dinheiro. Ludmilla por sua vez, não se entrega a esse ní...