Capítulo 85

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Ludmilla

Hospital Sírio-Libanês (São Paulo)

Demorou muito para que o médico desse o último laudo para o mal estar do meu filho. Início de pneumonia. Minha mente trabalha de forma rápida, para saber como o pequeno esta doente, sem ao menos pegar uma chuva, ou já ter estado resfriado. Mas a verdade é que quem estava criando ele nos últimos dias é a Brunna, e só ela sabe - ou não - o motivo para que ele esteja doente.

Passo minhas mãos por meus cabelos e suspiro pesado, vendo a loira fazer um leve carinho no rosto do menino que está sendo picado por uma fina agulha, na intenção de o fortalecer com soro. A enfermeira está atenta no braço do pequeno, que nem ao menos percebe o início da discussão que se formou no quarto do hospital.

- A culpa disso é sua. - falei em direção a mais nova, que estava perdida nos próprios pensamentos, mas ao ver que eu estava falando com ela, levantou seu olhar - Você não cuidou bem do meu filho. - frisei a palavra meu.

- Agora ele é seu filho? - ela sorriu irônica - Pois até hoje a noite, era eu quem estava cuidando de tudo sozinha.

- E é exatamente por isso que ele está assim, se eu estivesse presente ele não teria passado mal. - falei estressada.

- Então porque você não esteve presente para fazer o seu papel de super mãe? - ela se levantou para que ficarmos mais próximas.

- Ah cala a boca, o que você tem pra dizer sobre maternidade? Não era você que não queria ter um filho? - a olhei incrédula.

- Pra você ver, eu não queria e estou fazendo mais papel de mãe do que quem estava louca para ter. - bateu palmas - Eu esperava muito mais de você, Ludmilla.

- Claro, até porque você é muito perfeita. A senhora perfeição.

- Se hoje eu ainda estou com você é por causa desse menino. - ela apontou para o Michel que estava observando o líquido passar pela sonda, enquanto a enfermeira anotava algo em sua prancheta.

- Olha aqui, Bu. Uma gotinha dentro do caninho. - o menino falou um tanto quanto animado, sem entender que ainda estava doente e a loira me ignorou, voltando para perto dele.

- Nossa, Chechel, tem muitas. Olha só essa aqui. - ela mostrou algo que eu não consegui ver. Aproveitei que eles estavam entretidos e sai do quarto, voltando para a recepção do andar e me sentando na única cadeira livre que tinha por ali.

Algumas senhoras que passaram por ali fizeram questão de me cumprimentar, enquanto eu permaneci em silêncio, esperando a hora de ir embora. Horas se passaram e a noite chegou, me fazendo ser obrigada a ligar para Daiane e a avisar que eu não iria trabalhar por essa noite. Ela entendeu tranquilamente e disse que assim que possível iria vim até aqui ver como o seu afilhado favorito - o único que ela tem - está.

Me cansei de ficar pelo corredor e decidi voltar para dentro do quarto, encontrando Michel já dormindo e a Brunna sentada no pequeno sofá com o notebook na mão e o celular na orelha, provavelmente em uma ligação. Ignorei esse detalhe e me sentei na cama, ficando ao lado do meu bebê, que está respirando com certa dificuldade, pela quantidade de catarro em seu pulmão.

- Meu amorzão. - deixei um beijo na testa do menino - Você tem que ficar bem logo, pra gente ir passear, ir no parque brincar, ver desenho...

- Você é um inútil, Mário Jorge. - me assustei com o tom de voz usado pela loira e olhei em sua direção, vendo que ela estava bastante concentrada no que estava fazendo - Eu te disse que não era pra fazer essa proposta. Parece que você não consegue pensar.

- Brunna. - chamei sua atenção ao ver que o menino já tinha se mexido na cama, por ter assutado com o barulho.

- Desculpa. - ela resmungou em um tom baixo e voltou a sua ligação - Eu não quero saber disso, ok? Você vai ligar para ele e dizer que houve um equívoco por sua parte e marcar uma reunião para um outro dia. - ela suspirou - E não fica mais testando a minha paciência. Já estou esgotada.

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora