Ludmilla - São Paulo 📍
03:40 da manhãDesço os degraus em direção a saída da Boom Room, minhas costas estão doendo devido a todas essas horas que fiquei sentada em uma cadeira de frente para o computador. Minha intenção é fechar a boate - pois já se passou do horário de funcionamento.
Mas vejo Brunna e suas duas amigas paradas enfrente o balcão do bar.As garotas estão sentadas um pouco longe, usando apenas um roupão e observando a cena - um tanto quanto cômica. Faço um sinal para que elas subam e descansem e prontamente obedecem. Me encaminho a passos tranquilos até Brunna e suas amigas e raspo a garganta de forma grossa, as assustando.
- Posso saber o que está acontecendo por aqui? - pergunto séria, já que elas pareciam querer matar o barman.
- Patroa, nós já fechamos e lacramos todas as bebidas, mas essas meninas não estão entendendo. - Diogo me explica assustado.
- Diogo, você já pode ir embora. - sorrio em sua direção e volto meu olhar para as meninas - Vocês escutaram? O bar já está fechado e já era pra boate estar do mesmo jeito.
- Olha aqui, eu vou chamar a dona desse lugar e vou reclamar direto com ela. - Ju, como eu estava acostumada com as pessoas a chamando, fala um pouco alterada.
- Nem precisa se dar a esse trabalho, porque ela já está bem aqui. - falo cruzando meus braços e as olhando.
- Wow. - pela primeira vez escuto algo de Brunna, que está me olhando como se eu fosse uma obra de arte valiosa - Eu não estava esperando por isso. - termina sua frase falando embolado, demonstrando que ela havia passado do ponto na bebida.
- Meninas. - suspiro pesado, passando as mãos por meus cabelos - É sério, eu preciso fechar a boate.
- Meninas vamos embora a gente volta outro dia. - uma das que estavam mais sóbrias fala se levantando.
Com exceção da Brunna, as meninas se levantaram e saíram cambaleando, quase caindo e seguiram pro lado de fora da boate - o que me fez ficar um tanto quanto preocupada, por imaginar elas indo embora dirigindo. Quando Brunna fez menção de se levantar e fazer o mesmo que as outras, segurei seu pulso de forma firme, mas temendo a machucar.
- A senhorita vai embora comigo. - a olho nos olhos. Ela se apoia em meu ombro para avisar uma queda e sorri de lado.
- Não imaginei que nosso lance seria tão rápido assim. - fala e o cheiro de bebidas misturado enjoa meu estômago.
- Nós não temos um lance, Brunna, eu só não posso te deixar ir embora nesse estado. - suspiro - Vem, vamos embora.
Retirei um molho de chaves do bolso e as entreguei para o guarda, fechar o restante das portas e janelas da boate.
Com muito cuidado levei Brunna que vez ou outra falava coisas que eu não fiz questão alguma de tentar entender ou de responder. Deixei ela deitada no banco de trás do carro e adentrei o banco do motorista. Dei partida até meu apartamento - e ela insistia em falar aleatoriamente. Só ao virar o quarteirão do meu destino ela se calou, anunciando que o sono havia chegado de vez.Deixei o carro estacionado na vaga mais próxima do elevador, com um pouco de dificuldade - generosa ao dizer pouco - tirei a loira do carro e chamei o elevador com o pé. Assim que ele chegou me enfiei dentro dele com ela ainda no colo e apertei o botão do meu andar e bastou segundos para que eu visse a porta de madeira branca com o número 512.
Temi uma quebra quando fui abrir a porta, devido aos nossos cabelos se misturarem e atrapalharem parte da minha visão, mas por sorte, bastou girar a chave duas vezes e a porta foi aberta. Deixei a menina sobre o sofá da sala e retirei minha camisa - que já poderia acender uma churrasqueira, devido ao tanto de álcool. Joguei a mesma em um canto qualquer da sala e caminhei até meu quarto, tomando um banho rápido e vestindo qualquer peça de roupa que encontrei pela minha frente. Voltei para a sala e peguei Brunna no colo, que ainda dormia feito uma criança após brincar a tarde toda em um parque de diversões - e antes fosse isso.
Levei ela até o quarto de hóspedes e a coloquei deitada sobre a cama. Fechei as cortinas e apaguei as luzes, deixei apenas o abajur ligado, para caso ela acorde de madrugada - o que eu acho que não vai acontecer. Sai do quarto e deixei a porta aberta. Fiz a mesma coisa em meu quarto e me joguei sobre a cama de casal, sentindo o pequeno aroma de amaciante para roupas de bebê. Fechei os olhos e não sei ao certo quando o sono pesado me atingiu.
Brunna - São Paulo 📍 13:40
Minha cabeça lateja a ponto de eu implorar por uma morte súbita, meus olhos ardem como se eu tivesse os lavado com álcool e meu corpo dói, me fazendo puxar a memória, se em algum momento da noite fui atropelada por um caminhão lotado de cargas pesadas, mas falho - até porquê eu não me lembro de quase nada que aconteceu durante toda essa noite. Minha última lembrança é de eu ter feito uma competição com Julianna, para saber quem aguentaria virar mais doses de tequila - espero que eu tenha ganhado.
Abro meus olhos com cuidado e passo o olhar pelo lugar, tentando me recordar para onde eu teria ido após a boate - até porque eu tenho um ótimo gosto e não escolheria uma cortina na cor verde para fazer parte da decoração do meu quarto. Levo a mão no coração e um grito alto e fino corta meus lábios após eu ver a morena da boate parada na porta do quarto me olhando com uma das sobrancelhas franzida - sexy.
- Ótima forma de me dar um bom dia depois de tudo que fiz por você. - fala ainda me olhando.
- O que aconteceu? - pergunto com medo da sua resposta.
- Você quem tinha que dizer isso. - ela me entrega um remédio e um copo de água, bebi sem questionar o que seria - Você estava em um estado deplorável.
- Não me lembro de muita coisa.
- Eu imaginei. - ela sorri - Se você quiser tomar banho, deixei uma toalha sobre a pia do banheiro e umas roupas.
- Obrigada...? - faço menção em saber seu nome e ela sorri sem mostrar os dentes.
- Ludmilla. - dá de ombros e eu sorrio.
- Obrigada, Ludmilla! - me levanto com cuidado e sigo até o banheiro.
Caminho com cuidado até o banheiro, até porque eu ainda me sentia tonta e com enjôo. Tomei um banho rápido e vesti uma das roupas que ela deixou ali para mim - pelo menos para isso ela tem um bom gosto. Quando sai do banheiro a morena já não estava mais ali, o que me fez ter a curiosidade de sair do quarto e verificar onde ela estava.
Seu apartamento é um tanto quanto grande, o que me fez questionar se ela moraria sozinha. Caminhei por todo o corredor e a encontrei sentada em uma mesa com café da manhã, ela mantém no rosto um sorrio simples ao me ver e fez um sinal para que eu a sentasse ao seu lado. Eu não a conheço, além das conversas sobre bebidas que tivemos no bar, mas estou me sentindo confortável aqui.
- Você deve estar com fome. - ela fala me olhando - Come antes que eu te leve pra sua casa.
- Obrigada por isso tudo, Ludmilla, de verdade mesmo. - agradeço enquanto pego um pedaço de bolo de chocolate.
- Não precisa agradecer. - fala e volta sua atenção ao celular - Mas agora eu terei que ficar de olho em você todas as vezes que voltar a Boom Room.
- O que você tanto faz por lá todas as noites? - pergunto curiosa
- Eu sou a dona. - fala sem nenhuma importância e automaticamente minhas sobrancelhas se levantam demonstrando que eu não esperava por essa revelação.
Decido não a questionar mais nada enquanto tomo meu café da manhã, quando termino a olho como sinal de que eu gostaria de ir embora e ela rapidamente entende, já que se levanta procurando pelas chaves do seu carro.
No trajeto, a única coisa que fiz foi a dizer onde eu morava. Eu poderia a elogiar por tamanha concentração ao dirigir pelas ruas movimentadas de São Paulo, mas preferi ficar quieta e respeitar também o seu silêncio, que aos poucos estava me matando. Assim que ela estacionou o carro enfrente a minha casa eu levei meu olhar até seu rosto e sorri aliviada.
- Está entregue! - ela me olha de volta.
- Obrigada por isso. - agradeço pela terceira vez seguida - Não sei o que seria de mim.
- Uma bêbada andando pelas ruas de São Paulo. - fala divertida - Eu tenho que resolver algumas coisas ainda na parte da tarde.
- Eu já vou indo. - deixo um beijo na sua bochecha - Espero que possamos nos encontrar na boate.
- Sempre estarei por lá.
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Crazy In Love (Brumilla)
FanfictionLudmilla Oliveira (27 anos): Uma empresária do ramo de prostituição possuí uma boate no centro de São Paulo. Durante as noites, várias mulheres passam por ali, entregando seu corpo em troca do dinheiro. Ludmilla por sua vez, não se entrega a esse ní...