Capítulo 38

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Caio Nogueira - São Paulo 📍
Sexta-feira 15:50

Minhas mãos trêmula faz questão de pegar o último porta retrato de vidro que contém a perfeita foto da minha esposa e jogar contra a parede branca. Desde que ela me entregou os papéis do divórcio, o ódio tomou conta do meu ser. Para Eliane Ramos, ódio é um sentimento de profundo desgosto, raiva, rancor, horror, inimizade ou repulsa. E é exatamente isso que estou sentindo contra ela e sua maldita amante. Todo o amor que eu a dei, foi em vão. Dediquei anos da minha vida, para poder escutar ela dizer que me ama, com brilho no olhar - da mesma forma que ela consegue dizer para aquela maldita favelada.

As batidas do meu coração se aceleram e eu me sento no sofá de couro branco. Afundo minhas mãos em meu cabelo desgrenhado e escuto a maldita campainha tocar, isso foi o suficiente para atacar minha enxaqueca. Me levantei com calam e abri a porta, encontrando meu advogado, usando seu perfeito terno azul marinho. Dei permissão para que ele entrasse, mas sua aparência não está tao agradável ao me ver - julgo ser por eu estar usando a mesma roupa de três dias atrás.

- Tenho um boa notícia para você, senhor Nogueira. - fala depois de eu fechar a porta.

- Pois bem, fale logo. - digo sem paciência.

- Posso me sentar? - questiona e eu concordo com a cabeça. Ele caminha pela casa com cuidado para não pisar nos cacos de vidro e se senta no mesmo lugar que eu estava antes.

- Brunna entregou em contato com você? Sabe onde ela está? - pergunto de uma só vez.

- Vamos com calma senhor Nogueira. - ele abre seu notebook sobre as pernas - Quem entrou em contato comigo foi o advogado que está a frente do divórcio pedido pela sua esposa. Eles aceitaram nossa proposta, mas pediu para que tudo fosse resolvido ainda essa semana.

- Muito bem. - sorrio animado - Eu tenho o direito de escolher o que eu quero, certo?

- Sim. - me olha - Mas ela ofereceu apenas a casa e o carro. Disse que a empresa não está para negócios.

- Ela é esperta. - me encosto no sofá - Mas diga a eles, que eu quero a empresa. Não aceito outra coisa além disso.

- O que vai fazer com uma empresa de Cliptomoedas? - pergunta curioso.

- Não vou fazer porra nenhuma. - dou de ombros - Mas eu sei que de tudo, isso é o mais importante pra ela.

- Entendi. - fala simples - Vou entrar de novo em contato com o Dr.Augusto e dizer isso a ele.

- Não volte aqui, enquanto não estiver com todos os papéis da empresa em mãos. - falo sério e ele concorda com a cabeça.

- Tem um outro problema, senhor. - ajeita a gravata no pescoço.

- Os problemas não acabam. - reclamo - Qual foi dessa vez?

- Ela está trabalhando com dois advogados, enquanto um está cuidando do divórcio, o outro está te processando por causa dos documentos falsos. - conta e eu sinto meu sangue ferver.

- Maldita. - falo entre os dentes - Ela quer acabar com a minha vida. Isso não vai ficar assim.

- Estou cuidado de tudo, mas vai ter uma hora que as coisas vão passar do limite. - fala me olhando - Por favor, não faça nada que venha a te prejudicar, ainda mais.

- Olha aqui seu vagabundo. - seguro ele pela gravata - Se eu fizer alguma coisa, você vai ter que me defender. Custe o que custar. Tá me ouvindo? - o sacudo.

- Sim, senhor. - fala em voz baixa - Então se manda aqui e volte só quando eu estiver com tudo que é dela.

O homem se levantou a passos rápidos e não fez questão de tomar cuidado com os cacos de vidro. Ele mesmo abriu e fechou a porta da minha casa. Dei um murro no sofá e me levantei, peguei as chaves do meu carro que estão sobre a mesa de centro e caminhei até a garagem. Entrei no meu carro e segui até a casa da minha nova amiga.

Isabelly - São Paulo 📍
Sexta-feira 18:00

Terminei de tomar meu banho e me sentei enfrente a televisão. Meu filho está deitado ao meu lado, mexendo em seu inseparável tablet, deixei um beijo estalado em sua testa e voltei minha atenção a televisão. Não sei o que aconteceu com a Lud e com a Dai, mas achei ótimo elas terem dado essas férias a nós. Estou aproveitando esses dias para levar meu pequeno a escola, caminhar no parque e principalmente descansar. Por mais que minha profissional não seja algo que exija muito do meu ser, eu preciso estar sempre em forma com meu corpo, em dia com os exames e principalmente com a terapia feita. Desde que engravidei do meu pequeno Luis, que hoje tem dois anos, eu comecei a enxergar a vida com outros olhos e hoje, tudo que eu faço, ou ganho, é para ele e por ele. Acho que é por isso que eu ainda continuo trabalhando na boate, apesar de ter que atuar alguns péssimos clientes, o salário compensa. Consigo chegar em casa e dar ao meu filho, tudo que ele me pede. Faço um carinho em seus cabelos recém molhados pelo banho e sorrio com meus próprios pensamentos.

- Pute tá sorrindo mamain? - pergunta de forma engraçada.

- Mamãe estava pensando em você. - falo sincera - Mamãe te ama muito, sabia?

- Tabem amo mamain. - ele se levanta e se joga em meu pescoço.

- O que você acha da gente pedir um lanche no McDonald's? - sugiro - Vai ser o nosso jantar.

- Vai te totacola? - pergunta animado.

- Sim, vai ter coca cola. - beijo seu pescoço.

- Ebaaaa. - bate palmas de forma desengonçada, me arrancando uma risada sincera.

- Espera a mamãe aqui, vou pegar o celular pra fazer nossos pedidos. - o deixo sobre o sofá. Mas antes que eu chegue até o quarto, minha campainha toca eu desvio meu caminho, indo até a porta. Quando a abro, vejo Caio, com uma roupa suja, cabelos bagunçados e uma aparência um pouco assustadora.

- Me deixa entrar. - pede assutado e eu o empurro para fora do meu apartamento.

- Você tá louco, meu filho está aqui, ele não vai te ver assim. - fecho a porta, ficando no corredor, junto com ele - O que aconteceu?

- Eu odeio a Brunna e aquela filha da puta da Ludmilla. - da um murro na parede.

- Caio, você veio aqui pra ficar falando delas? - questiono - Eu já disse que não quero saber desse assunto, eu nem sei porque fui me envolver com você.

- Você se envolveu comigo porque é uma puta barata. - minha mão vai até seu rosto, dando um tapa estalado - Tá maluca, porra?

- Caio, eu não sabia que você era essa pessoa tão ruim. - falo com nojo - Brunna tá certa em estar fazendo da sua vida um inferno. Ninguém merece alguém como você. Me deixa em paz.

- Você não vai me deixar justo agora que as coisas estão fodendo pro meu lado. - segura meu pulso com força - Estamos junto até o final.

- Nós nunca estivemos juntos, eu errei muito em ter te falado aquelas coisas. - falo brava - Sai da minha vida e não aparece mais na minha casa, tá ouvindo? Se você quiser uma noite de sexo, vai até a boate, porque lá sim eu sou uma puta barata. Aqui eu sou a Isabelly e meu filho não merece ter a sua presença.

Antes de que volte a falar entro no meu AP e fecho a porta, a trancando. Observo meu filho no sofá, e ele está concentrado o suficiente para não ter percebido minha ausência. Segui até o quarto e fiz os pedidos no McDonald's. Voltei pra sala e me joguei no sofá, junto com o Luís.

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Isabelly coloca o Caio no lugar dele...

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora