Capítulo 48

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Ludmilla - Campos do Jordão 📍
Domingo - 10:40 - 9° graus.

Foi muito difícil fazer a minha namorada entender que para onde estávamos indo a obrigaria vestir outra roupa que a deixasse mais quente. E ela só foi se conformar quando chegamos em Campos do Jordão e deparamos com um frio de 9 graus. Foi engraçado ver o seu rosto derrotado como se quisesse dizer - você me avisou - Fizemos muitas paradas durante o trajeto da casa da minha avó. Tiramos fotos em um dos pontos turísticos da cidade, paramos em um posto de gasolina para abastecer o carro e por fim tomamos leite quente em uma das melhores padarias da cidade. E só agora o meu carro está sendo estacionado enfrente a casa da senhora. Os dedos da morena ao meu lado se mexem indelicadamente e começo a achar que não é só pelo frio.

- Bru? - a chamei pelo apelido e ela apenas fez um som nasal para que eu continuasse - Não precisa ficar nervosa, é só a minha vó - sorri - Ela não vai te morder.

- Eu sei, Lud. - suspirou e se ajeitou no banco, ficando de frente para mim - É que eu estou com medo dela não gostar de mim, ela é uma pessoa especial pra você e...

- Não tem como minha avó não gostar de você, meu amor. - toquei seu rosto com carinho - Além de você ser uma pessoa linda, minha avó também é legal.

- Eu te amo, sabia? - ela beijou a palma da minha mão que ainda estava em seu rosto - Te amo muito.

- Pequena, eu também te amo muito. - sorri e me aproximei dos seus lábios, deixando um beijo calmo, mas antes que o ar se fizesse ausente, um pequeno ser deu três batidas na porta do carro - Esse pestinha. - falei depois de ver Yuri, vestindo poucas roupas de frio e com um sorriso sapeca nos lábios.

- É o seu irmão? - questionou antes de sair do carro e eu apenas concordei com a cabeça.

- Baixinho do meu coração. - peguei o menino no colo - Que saudades!

- Bom dia, irmãzinha favorita. - ele me abraçou apertado - Eu também estava com saudade de você.

- Eu tenho uma coisa muito legal pra te contar. - sussurrei em seu ouvido e consegui ver seus olhos brilharem - Aquela moça bonita que está ali atrás é a minha namorada.

- Verdade? - ele intercalava seu olhar entre eu e Brunna que estava um pouco afastada.

- Verdade, baixinho. - sorri - Gostou da nova novidade? - ele concordou com a cabeça - Vai lá dar um abraço apertado nela e mostrar a casa, enquanto isso eu vou conversar com a vovó, tudo bem?

- Sim, Lud. - ele fez um joinha com a mão - A vovó está terminando de colocar as roupas para secar, lá no quintal.

- Obrigada pela informação. - disse depois de colocar ele sobre o gramado, que agora está com gotículas de gelo.

Deixei os dois se conhecendo e caminhei por fora da casa, até chegar no pequeno quintal dos fundos, onde consegui ver minha avó, cantando uma das músicas do Roberto Carlos, enquanto terminava de colocar suas roupas do varal. Raspei com a garganta e ela virou o rosto em minha direção e um sorriso grande apareceu em seus lábios.

- Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo, Ludmilla Oliveira? - fingiu estar brava e eu gargalhei.

- Bom dia também, Senhora Vilma, e pra sua informação eu gostaria de ter vindo antes, mas minha vida estava muito corrida. - expliquei enquanto a abraçava - Como a senhora está?

- Ah minha menina, as dores no corpo ainda continuam, como sempre. - deu de ombros - E pra melhorar o seu irmão não ajuda, fica sempre com aquelas brincadeiras de sustos e eu quase infarto. - reclamou.

- Acho que o Yuri precisa conviver com mais crianças. - a olhei - Precisa gastar as energias da forma certa.

- Explique isso a ele. - falou derrotada e pendurou a última peça de roupa no varal - E você, como está? Percebi que está magra.

- Eu estou bem, vó. - sorri - Não estou magra, talvez seja impressão sua. - falei calma - Mas eu tenho uma novidade pra você.

- Aprontou de novo, Ludmilla? - me olhou brava.

- Não, vó. - sorri sapeca - É que eu trouxe uma pessoa... - antes de eu terminar, escutei gritos de criança sendo seguidos de passos largos. Me virei para ver a cena e era Yuri puxando Brunna pelas mãos, enquanto ela estava com um semblante assutado, como se o pequeno fosse um extraterrestre, só então me lembrei do fato dela odiar crianças.

- Olha, vovó. - o menino gritou - Essa aqui é a namorada da Lud.

- Namorada. - foi a única coisa que saiu dos lábios da mais velha a minha frente.

- Sim, vó. - falei simples e toquei a cintura da morena, trazendo ela para ainda mais perto de mim - Essa é a Brunna, minha namorada.

- Muito prazer, Senhora Vilma. - senti a voz trêmula da mais nova a cumprimentar.

- Você não me disse que estava namorando, Lud. - ela a ignorou e levou sua atenção até o meu rosto..

- Não tem muito tempo, vó. - sorri sem graça.

- Mesmo assim, poderia ter me contado. - só então ela olhou para Brunna - Bom dia, me desculpa o transtorno. É que esse minha neta só faz as coisas nas minhas costas.

- Não exagera, Vilminha. - a chamei pelo apelido que ela tanto odeia - Eu vim aqui trazer ela pra te conhecer.

- Isso é o mínimo. - fez uma careta - Mas então, menina, você parece ser tão jovem, quantos anos você tem? - questionou e eu apertei a cintura da Brunna, tentando passar tranquilidade.

- Eu tenho vinte três. - falou depois de alguns segundos, provavelmente ela estava pensando em mentir.

- Muito nova. - minha vó me olhou - Você já sabe que Ludmilla é muito teimosa? Ela vai te dar muito trabalho. Se eu fosse você corria enquanto ainda tem tempo, porque depois que tiver com uma aliança na mão esquerda, vai ser difícil.

- Vó, por favor. - pedi calma - Porque a senhora não faz aquele chocolate quente? Tenho certeza que Brunna vai adorar, e eu também.

- Eu também vou. - disse o menino que ainda estava prestando atenção na conversa.

- Tudo bem, eu vou, mas já volto, pra gente terminar a conversa. - a mais velha olhou para Brunna que estava de pé, imóvel.

- Tá bom. - disse em um tom baixo e se virou para mim, ela caminhou a passos lentos até onde eu estava e se sentou no pequeno espaço ao meu lado - Acho que ela não gostou de mim.

- Ela só está com ciúmes, Bu. - expliquei - Daqui a pouco ela já está rindo e contando boas histórias.

- Oh, Lud. - o menino se aproximou de nós - Eu ainda não apresentei o meu campo de futebol pra Tia Bru. Posso levar ela?

- Eu tô bem aqui. - ela se apressou para responder - Depois a sua irmã vai amar conhecer.

- Mas ela já conhece. - gargalhei com o diálogo dos dois - Foi ela que mandou fazer pra mim brincar.

- Que legal. - ela sorriu forçado, enquanto o seu olhar me pedia ajuda - Eu acho que esqueci meu celular no carro. - mudou de assunto.

- Está aqui no meu bolso. - sussurrei em seu ouvido e levei minha atenção ao pequeno que nos olhava curioso - Vai lá, irmão. Leva ela pra conhecer seu campo.

- Ludmilla. - ela me encarou.

- É muito bonita lá, Bru. Você vai amar. - sorri irônica - Bom passeio.

- Te odeio. - me olhou brava.

- Vem tia Bru, vamos logo. - ele saiu puxando ela da mesma forma de antes, e eu gargalhei com a cena.




Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora