Antes de começar o capítulo, eu gostaria de agradecer a vocês por todas as mensagens de apoio. Hoje eu tirei os curativos e estou tomando medicacoes. Só sinto muitas dores ainda, mas consegui voltar mais rápido do que estava imaginando!
----------------------------------------------Ludmilla
Hospital Sírio-Libanês (São Paulo)
Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a loira na minha frente, com uma agonia no coração. Eu gostaria de lhe abraçar e dizer o quanto eu a amo, mas nesse momento tudo o que tenho vontade é sair desse quarto e dar uma volta pela rua, refletindo na vida. Tive a vontade de a responder, mas para a nossa infelicidade - ou talvez felicidade - Michel despertou do seu sono profundo e nos olhou com um sorriso no rosto. Eu fui a primeira a desviar nossos olhares, e suspirei profundo.
— Acordei. — o menino disse animado, da mesma forma em que faz quando acorda em nosso apartamento — Já está na hora de ir embora? — questionou.
— Oi, filho. — voltei a me aproximar dele, fazendo um carinho em seus cabelos levemente bagunçados — Você ainda está dodói, não podemos ir embora por agora.
— Mas eu queria a minha cama, com os meus brinquedos. — ele fez um biquinho com os lábios — A escolinha, meus amigos e a Tia Maya.
— Chechel, daqui a pouco nós vamos estar em casa. — Brunna se aproximou depois de secar algumas lágrimas — Se você quiser eu posso trazer os seus brinquedos. — tentou consolar o pequeno.
— Não, Bu. Eu quero ir lá pra casa do Chechel. Aqui não é a casa do Chechel, Bu. — as lágrimas desceram em seu rosto, em um choro silencioso.
— Filho, você está aqui pra se recuperar, só isso. Daqui a pouco a gente vai embora e você vai poder brincar com os seus brinquedos e até ir no parque com os seus amiguinhos. — segurei sua mão — Já está de noite, quando o dia amanhecer o médico vai vim ver como você estar e talvez vamos embora.
— Pomete, mamãe? — perguntou manhoso.
— Prometo, meu amor. — falei mesmo sem saber se realmente iríamos embora no dia seguinte — Você está com fome?
— Sim. — falou me olhando — Nós vamos comer um lanchinho, com batata frita?
— Não. — a loira segurou a risada — Você vai comer uma comida muito gostosa que a enfermeira fez. — disse de forma divertida ao saber que a comida provavelmente será sem tempero.
— Vou lá pedir. — dei indícios de sair do quarto, mas fui interrompida pela loira, que segurou meu braço — O que houve? — questionei confusa.
— Pode ir embora, eu consigo me virar por aqui. — disse ajeitando seus cabelos e só então percebi que seu olhar estava cansado, assim como haviam olheiras por baixo deles.
— Relaxa, Bru. — suspirei percebendo que estava sendo uma péssima pessoa ainda mais nesse momento — Eu não tenho urgência para sair.
— Tem certeza? Eu não me importo de ficar sozinha. — me olhou — Eu já me acostumei. — disse em um tom baixo, mas ainda auditivo.
— Eu já disse que vou ficar, Brunna. Não fique insistindo para que vá, quando eu finalmente decido ficar. — falei a olhando e ela pareceu se conformar com a ideia, já que voltou a se sentar no sofá.
— Mamãe, o que eu vou comer? — o menino perguntou curioso, porque pelo jeito ele nunca havia ido a um hospital antes. E isso é um bom sinal.
— Eu estou indo lá ver. — contei buscando meu celular — Provavelmente é algo muito gostoso.
Deixei um beijo rápido em sua bochecha antes de sair do quarto e caminhar pela recepção em busca da enfermeira responsável pela alimentação dos pacientes. Quando finalmente a encontrei, ela me disse que o cardápio do dia era Arroz, tutu, macarronada e sopa de inhame com carne cozinha. Pedi a ela para que levasse até o quarto do Michel e como ele é criança, acabou ganhando uma gelatina de uva como sobremesa. Ao viltar pro quarto me deparei com os dois, meu amor e meu pequeno, sentados sobre a cama, vendo desenho animado pelo notebook de trabalho da loira.
— Vocês estão fazendo bagunça? — questionei e eles se assustaram olhando em direção a porta do quarto, onde eu ainda estava parada.
— Não, não, mamãe. — o garotinho se apressou para responder — Você saiu e a Bu colocou Bob Ponja pra mim assistir. Olha só. — me virou o aparelho em minha direção.
— Humm. — fiz um som nasal — Pensei que era bagunça. — fechei a porta do quarto e caminhei até eles — Descobri qual é o seu jantar.
— Qual é? — Bru questionou antes dele e eu sorri ao ver sua curiosidade, ou talvez apenas sua vontade de comer.
— Tem arroz, tutu, macarronada e sopa de inhame com carne cozida. — contei a olhando — E como o Michel está se comportando, vai ter até uma sobremesa.
— É sério, mamãe? — perguntou animado e eu concordei com a cabeça — Um sorvete? — tentou adivinhar.
— Gelatina. — falei simples.
— O que é isso? — intercalou olhares entre Brunna e eu, na tentativa de entender o que é gelatina.
— Você não sabe o que é gelatina, Chechel? — a loira questionou intrigada e ele negou com a cabeça — Não é possível, que você nunca comeu gelatina, Michel!
Brunna
Hospital Sírio-Libanês (São Paulo)
Posso dizer que ele comeu muito menos que um terço da metade do seu jantar. Segundo ele estava sem o gosto bom da comida da Tia Nete. E eu posso concordar com ele, apenas de ver os alimentos sem cores e sem o cheiro bom. E verdade é que o pequeno realmente nunca havia comido uma gelatina e sua experiência não foi muito boa, já que ele odiou a textura do alimento e ficou com nojo de comer o resto.
O café que tomei durante a tarde me sustentou até por agora. Mas o meu estômago já está dando indícios de que eu preciso me alimentar de novo. Só que aparentemente Michel perdeu o sono e as chances de eu pedir uma comida e comer em sua frente e nula, já que ele quer comer comidas "normais" e não comidas de hospital, que são sem tempero.
Além de me alimentar, também estou precisando de tomar um bom banho e me vestir com roupas limpas e mais confortáveis, porém não quero sair do lado do Michel. Ludmilla, assim como eu, também está cansada, mas é menos visível, já que ela se adaptou com a nova rotina de sono descontrolado e alimentação nada saudável.
— Porque você não vai em casa tomar um banho e comer? — a morena perguntou tudo o que eu estou precisando e querendo fazer.
— Estou sem fome. — menti — Você quer ir? Pode ficar a vontade.
— Não, tô de boa. — ela fez menção de se sentar no chão, mas eu me arredei para que ela sentasse no pequeno sofá que mal cabia eu, mas que agora iria caber nós duas — Obrigada. — ela se sentou e me puxou para ficar sobre ela, de uma forma mais confortável para nós. E essa foi nossa primeira aproximação depois de tantas brigas — Será que ele tá muito ruim? Pensei que fosse ficar só de observação e iria embora ainda hoje.
— O médico disse que iria iniciar o tratamento por aqui. Para saber se vai obter resultados. — falei observando o menino brincar com meu notebook, sabendo que a qualquer momento ele poderia apagar álbum dado importante da empresa — Talvez pela manhã a gente vai embora. Ele já tomou dois medicamentos.
— Estou com uma dó dele. — confessou e suspirou — Me dá um aperto no coração ver ele assim. Olha só o bracinho dele, cheio de agulha.
— Todo mundo passar por isso alguma vez na vida, Lud. — falei a olhando — Mas realmente é triste.
— Tem certeza que não quer ir em casa? — questionou ao escutar meu estômago fazer um barulho alto.
— Tenho, Lud. — dei de ombros — Daqui a pouco eu vou na cantina pegar algo para comer.
— Bru? — me chamou depois de longos minutos em silêncio e eu fiz um som nasal para que ela falasse — Eu te amo.
— Eu também te amo, Lud.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crazy In Love (Brumilla)
FanfictionLudmilla Oliveira (27 anos): Uma empresária do ramo de prostituição possuí uma boate no centro de São Paulo. Durante as noites, várias mulheres passam por ali, entregando seu corpo em troca do dinheiro. Ludmilla por sua vez, não se entrega a esse ní...