Capítulo 60

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Brunna - São Paulo 📍
Segunda-feira - 09:00

Não exite reunião nenhuma marcada para hoje em minha agenda. Eu só precisava de uma boa desculpa para sair de casa, sem que Ludmilla ficasse insistindo para ter uma conversa. Minha noite foi péssima, passei a madrugada toda enfrente a televisão vendo um seriado mexicano, quando o sol nasceu, a primeira coisa que fiz foi tomar um longo banho e fazer uma boa maquiagem pra tentar disfarçar todas as imperfeições dessa noite mal dormida.

A empresa está vazia, talvez pelo horário, ou só por ser Segunda-feira e todos odiarem trabalhar nesse dia - e eu não me importo com isso - Caminhei até a minha sala e deixei minha bolsa sobre o pequeno sofá de couro e me sentei na cadeira de rodinhas, atrás da mesa de vidro. Abri o notebook e o liguei, apenas dar fingir estar fazendo algo útil. Mas na verdade quem me conhece bem, sabe que estou procrastinando.

- Caiu da cama? - Mário perguntou segurando a risada.

- Bom dia pra você também, Mário Jorge. - falei séria, fingindo ser uma mulher de negócios - Eu nem cheguei a dormir. Tenho muitos serviços pendentes.

- Que mentira. - ele gargalhou alto e eu o acompanhei - Brunna, você seria uma ótima atriz da Globo!

- Também acho. - falei ainda sorrido - Me diz, porque está aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa?

- Não, amiga. Eu só queria terminar de fazer os planejamentos mensais para o filho do Senhor Hélio. - explicou.

- Por falar nisso, como estão as coisas por lá?

- Melhorando. - ele se sentou a minha frente - Eu indiquei um curso superior para o Pedro fazer, vai ajuda-lo com a administração da empresa.

- Que bom. - falei sincera - E o senhor Hélio, continua com o mesmo caso clínico?

- Sim, não tem cura pro alzheimer. Mas ele está sendo muito bem cuidado. - me tranquilizou - E você como está?

- Bem. - falei simples.

- De verdade? - quesitonou e eu neguei com a cabeça.

- Não queria conversar com ela, inventei que tinha umas reunião hoje cedo, só pra sair de casa. - suspirei - Ainda estou triste, e não quero discutir com ela.

- Eu entendo muito o seu lado, Bru. - me olhou carinhoso - Você está sendo muito madura. Se fosse eu, já teria rolado dedo na cara.

- Me sinto uma boba, por não conseguir brigar com ela. - suspirei - No máximo eu sou grossa, mas com o coração partido de ver os olhos dela cheios de lágrimas.

- Na fila do amor você passou várias vezes né. Tem muita compaixão. - ele falou e eu gargalhei.

- Cara, você não presta. - me levantei para pegar um café - Como estão as coisas entre você e o Erick?

- Ele é um fofo. - sorriu - Mas é vezes me faz muita raiva! Ontem ele não me levou pra sair, no dia que completarmos dois meses ficando. - falou indignado.

- Nossa, ele vacilou. - falei falsa.

- O que foi? Você acha que eu estou errado?

- Amigo. - me apoiei na mesa, de frente pra ele - Eu acho que não tem muito que ter uma comemoração pra dois meses ficando, né?

- Pra mim não é só ficar. Eu quero muito mais que beijo na boca e sexo casual. - falou.

- Não tem como ele adivinhar isso se você não contar pra ele. - fui óbvia - Será que ele também quer isso?

- Pelo que ele diz sim, até comentou da gente fazer uma viagem quando a patroa nos der folga. - falou na cara de pau.

- Acho difícil a patroa dar folga. - de um gole no café quente - Mas já que ele demonstra estar tão afim quanto você, porque você não pede ele em namoro? Ai sim vão ter um bom motivo pra comemorar.

- Eu não sei como fazer isso. - suspirou - Me desculpa perguntar, mas como foi isso com você e a Ludmilla?

- Não me lembro. - falei sincera - Eu nem sei quanto tempo eu e ela estamos juntas, nem usamos aliança. - gargalhei - Quando eu fui perceber, já estava morando com ela.

- Credo, Brunna. Perdeu um ponto. - falou fingindo estar triste - Mas eu vou pensar em como pedir ele em namoro.

- Quer uma dica? - ele concordou com a cabeça - Não precisa ser padrão de dizer "quer namorar comigo?", as vezes ele só precisa escutar um "quer passar o resto da vida ao meu lado e ser minha melhor companhia?" - falei usando um tom de voz diferente e ele gargalhou.

- Ganhou um ponto. - se levantou - Preciso ir, tenho que resolver várias coisas ainda.

- Vai lá, amigo. Qualquer coisa é só pedir pra me chamarem aqui, estou disponível hoje.

Esperei o homem sair da sala para só então voltar a me sentar na cadeira giratória. Não há muito o que fazer hoje, mas fiz questão de analisar as planilhas das filiais nacionais e me certificar que nenhuma está chegando a um péssimo estado de falência. Aproveitei a ideia que Mário deu para Pedro, e comecei a procurar certificados e palestras que vão ser ótimas para acrescentar na vida profissional dele.

Só quando o relógio marcou meio dia, eu me levantei para ir almoçar. Peguei minha bolsa e me despedi de alguns funcionários que estavam pelo corredor. Ofereci minha companhia para Mário, mas ele me trocou por seu futuro namorado - viado safado - Nem pra ser minha desculpa de não ter que conversar com Ludmilla. Fiz o trajeto até em casa devagar, teve vez que parei duas ou três vezes no mesmo sinal e como uma boa paciente de um cardiologista, subi todos os lances do prédio pela escada - fazendo um ótimo cárdio.

Quando abri a porta não a vi, o que me fez suspirar aliviada. Deixei minha bolsa sobre o sofá e caminhei até a cozinha, encontrando apenas Nete, terminando de colocar os pratos sobre a mesa.

- Boa tarde, Brunna. - me cumprimentou.

- Boa tarde, Nete. - me sentei a mesa.

- Como foi na empresa? - perguntou me olhando.

- Muito cansativo. - menti - Estou até com muita fome.

- Já pode comer. Quer que eu chame a Lud pra te acompanhar? - quesitonou.

- Deus me livre. - fiz uma careta - Deixa ela onde ela está. - me servi - Quanto mais eu adiar essa conversa, vai ser melhor.

- Estou com pena dela. - falou sincera.

- Eu também. - suspirei - Mas também tenho pena de mim mesmo, não posso ultrapassar meus limites apenas pra satisfazer e deixar ela bem.

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora