Capítulo 10

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Ludmilla - São Paulo 📍 22:50

Poucas pessoas estão espalhadas pela boate, algumas estão apenas bebendo, enquanto outras conversam e poucos se interessam pelas garotas que estão semi nuas dançando ao som de Ciara, de longe eu as observo e meu olhar se percorre pelo corpo de Isabelly, meus pelos se arrepiam e eu tenho afastar meus pensamentos dando um gole na bebida que está em minha mão - eu não posso lhe dar ao luxo de ter duas noites comigo, em um só semana.

Levo meu olhar até a porta de entrada e um sorriso tímido aparece em meus lábios ao imaginar Brunna entrar por ali, mas sei que ela não virá aqui até se recuperar da última noite - e isso me faz ficar um pouco triste. Sou assutada por Dayane que puxa uma mecha do meu cabelo, me causando uma dor.

- Quem é vivo sempre aparece. - brinco.

- Boa noite também, Oliveira. - revira os olhos - Ontem eu estava ocupada com coisas pessoais. Mas tenho certeza que você deu conta de tudo.

- Sai daqui com as costas doendo. - dou o último gole na bebida e devolvo o copo ao barman - Mas deu tudo certo.

- Como estão as garotas? - pergunta se sentando ao meu lado, tirando do bolso da calça um cigarro de ervas.

- Hoje o movimento está muito fraco, pelo que eu vi apenas Patrícia subiu com um homem. - conto - Luísa se sentiu indisposta para trabalhar hoje.

- A nossa melhor. - suspira - Mas hoje é o dia mais calmo por aqui. Vamos conseguir recuperar tudo até o fim da semana.

- Eu espero. - volto meu olhar a seu rosto que estava levemente iluminado pelas luzes do bar - Eu estive visitando minha avó esse fim de semana.

- Como ela está? Sinto tanta saudade dela. - fala animada.

- Está muito bem, apenas sofrendo com as travessuras do Yuri. - gargalho me lembrando da cena - Ela cismou que eu preciso parar com essa vida.

- Que vida? - da um trago no cigarro.

- Da boate, pra ela isso é uma coisa muito errada, um pecado capital.

- Não a julgo por isso, minha mãe acha a mesma coisa. - me passa o cigarro para que eu de um trago - Eu não acho tudo isso errado.

- Tudo que nós temos hoje, é graças a essa boate. - falo - Eu estou disposta a largar essa vida por conta do que as pessoas pensam, por mais que seja a minha vó.

- Você não está totalmente errada por pensar assim. - ela se levanta e deixa um beijo estalado em minha testa - Só tenha cuidado para não magoar as pessoas que mais te amam.

Eu sabia que ela estava se referindo ao meu passado com meus pais - um passado não muito digno - onde eu me envolvi com drogas e deixei tudo para trás, apenas pra me satisfazer e graças a isso tudo eu perdi meus pais para sempre - não que eu tenha os matado - mas eles apenas me deixaram com minha avó e saíram por nesse mundo pra viver as suas próprias vidas - já que eu não fazia tanta questão deles.

Soltei um suspiro pesado e alto antes de voltar meu olhar ao rosto da minha sócia - ou talvez melhor amiga - que rapidamente apagou seu cigarro e o jogou em um canto qualquer, me fazendo negar com a cabeça e sorrir com seu ato - com certeza eu agradeço ao destino por ter me feito encontrar ela em uma noite nada casual.

- Acabei de ver um gato entrar pela porta principal. - comenta o seguindo com o olhar - Preciso recepcionar meu mais novo cliente.

- Meu Deus, Dayane. - exclamado.

Feito um relâmpago ela corre por toda a boate - parecendo um cachorro no cio - e finalmente acompanha o homem vestido com um terno social, o que me fez soltar uma pequena gargalha.

Como a noite está tranquila e poucos clientes estão a procura das meninas,
ou de assuntos pendentes que são de minha obrigação responder, optei por ir embora mais cedo. Diferente dos
outros dias, deixei duas notas de cem reais sobre o balcão, de gorjeta pro barman que me atendeu. Segui em direção a saída e me despedi do meu segurança com um aperto de mãos apertado.

Destravei meu carro e o adentrei o ligando, aproveitei e liguei o rádio e o ar condicionado. A noite está linda, algumas estrelas no céu e uma lua cheia, clareando toda a cidade, sem ao menos precisar da luzes do poste - embora estejam ligadas - tudo isso me fez lembrar os olhos castanhos claros da loira e uma pequena curiosidade me atingiu pra saber como ela está depois de todo o álcool que ingeriu. O caminho até sua casa ainda é lembrado por meu cérebro - e eu sou péssima com a memória.

Enquanto eu lembrava do seu lindo sorriso, mal me dei conta de eu já estava fazendo o caminho totalmente oposto da minha casa - mas a verdade é que eu nem estou me importando com isso. Quando estacionei a BMW preta enfrente a casa com faixada branca e bege, percebi que algumas luzes estavam acesas, o que me fez ficar feliz em saber que ela estaria acordada - supostamente.

 Quando estacionei a BMW preta enfrente a casa com faixada branca e bege, percebi que algumas luzes estavam acesas, o que me fez ficar feliz em saber que ela estaria acordada - supostamente

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Desci do carro e caminhei até a porta, procurando pela campainha, quando levei minha mão até ela, para a tocar, um homem um tanto quanto alto, me assustou. Ele usava um terno na cor azul marinho e um sapato na cor marrom, ele não me era estranho, então forcei a memória e descobri que era o mesmo homem que Dayane correu atrás na boate.

- Boa noite, senhorita. - de forma um tanto quanto educada ele me cumprimenta - Está a procura de alguém?

- Boa noite. - sorrio sem mostrar os dentes - Eu gostaria de falar com a Brunna - me forço a lembrar o sobrenome dela - Brunna Gonçalves.

- Ah claro, minha esposa. - fala com orgulho e minhas sobrancelhas se franzem ao escutar o adjetivo "esposa".

- Ela é sua esposa? - pergunto na intenção de confirmar o que eu havia escutado.

- É sim. - confirma - Creio que ela ainda está acordada. Vocês são amigas?

- Colegas. - me limito a dizer - Mas eu posso voltar outra hora, não precisa se preocupar.

- Tem certeza? - pergunta confuso.

- Tenho sim. Muito obrigada...?

- Caio. - ele estica uma de suas mãos - Caio Nogueira.

- Certo. - suspiro - Obrigada, Senhor Nogueira.

Caminhei a passos largos - sem me dar o trabalho de olhar para trás - adentro meu carro sentindo uma corrente de raiva percorrer por meu corpo e dou partida no carro em direção a meu apartamento. Porque diabos a maldita loira não me contou que era casada?

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora