Capítulo 36

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Ludmilla - Santos 📍
Quinta-feira - 08:40

Hoje completa o terceiro dia que estamos em Santos. No fundo, tudo isso que aconteceu, é um ótimo motivo pra tirar férias. A pousada que estamos tem uma ótima vista, tanto pra praia, quanto para as pequenas montanhas esverdeadas. Estou tentando ao máximo me esquecer de todos os acontecimentos desses últimos dias, mas se torna impossível, já que a cada trinta minutos o Senhor Augusto, bate na porta do nosso quarto para dar notícias sobre os novos papéis do divórcio que ele enviou ao médico. Em São Paulo, o outro advogado da Brunna abriu um processo contra o Caio, pelas infrações que ele cometeu quando falsificou documentos.

Dentro de mim, ainda estou preocupada, não só pela loira, mas também pelo prejuízo de ter a boate fechada todos esses dias. Mas eu não irei falar isso a ela. Minha sócia e amiga, Daiane, não demonstra mas sei que também está aflita com toda essa situação, até porque, caso os gastos sejam maiores do que nós ganhamos, pode gerar uma pequena falência na boate, assim como aconteceu a alguns anos atrás, quando ganhamos um belo prejuízo com um dos fornecedores das bebidas.

Passei minha mão pela cama, mas não senti a presença da loira. Suspirei pesado e abri meus olhos, me deparando com a cama vazia e isso foi o suficiente para que eu levantasse de uma só vez e caminhasse até o banheiro, para tomar um banho gelado e me arrumar para passar o dia. Aqui está fazendo muito calor, quase quarenta graus, aproveitando isso, visto apenas um short jeans e a parte de cima do biquíni - por mais que não vamos a praia, podemos aproveitar a grande piscina da pousada.

Desci as escadas devagar e caminhei até o restaurante. Me servi com um copo de suco de morango e um pão com requeijão. Fui em direção a piscina, ainda comendo, e avistei Brunna conversando com o Senhor Augusto no mesmo lugar em que estávamos quando nos encontramos da primeira vez. Ela sorriu em minha direção e eu retribui, antes de me sentar na espreguiçadeira e ter a companhia da Daiane, que praticamente se jogou ao meu lado, com uma lata de cerveja na mão.

- Eles estão conversando desde as sete horas da manhã. - comenta - Pelo que eu entendi, o Caio não quis assinar os papéis do divórcio e acusou Brunna de infidelidade, o que faz ela ter que dividir quase todos os bens dela com ele, caso eles realmente se separem.

- Isso não está na lei, ou está? - questiono virando meu rosto em sua direção.

- Eu não entendo dessas coisas. - da um gole em sua bebida - Mas pelo que eu ouvi meu pai dizer a ela, isso realmente pode vir a acontecer. Ainda mais se ele tiver provas concretas de que ela não vivia com ele.

- Mas eles viviam juntos. - enfatizo depois de mastigar o último pedaço do pão - Não como um casal, mas viviam.

- Esse é o problema. - se ajeita ao meu lado - Eles não casaram com comunhão de bens, e Caio não é bobo de deixar ela sair com tudo, ainda mais depois de estar falindo com os processos.

- Mas se eles não casaram com comunhão de bens, ela não precisa dividir as coisas com ele. - falo óbvia.

- Não precisa, mas também ele não assina o divórcio. - me olha - Ele está querendo jogar, quem tiver mais peito, vai ganhar a situação.

- Você acha que seu pai consegue ganhar esse processo? - pergunto insegura.

- Lud, meu pai é bom no que ele faz. E não está trabalhando sozinho. Ele tem toda uma equipe e se for preciso, ele vai chamar mais advogados pra entrar nesse caso. - conta - O Caio só vai ganhar, se ele jogar sujo.

- O que acontece se ele ganhar? - questiono.

- Você não precisa estar pensando nisso, Bru vai ganhar. - me conforta - Mas se isso acontecer... Além dela ter que pagar uma alta indenização, não acontece o divórcio. E ela ainda pode perder os bens dela.

- E você me dizendo que não entende dessas coisas. - sorrio fraco, dando o último gole no suco.

- Não entendo, apenas estava escutando eles conversarem. - gargalha.

- Onde está sua mãe? - questiono.

- Foi dar uma volta pela pousada, está super estressada porque uns mosquitos a picaram durante a noite. - conta - Foi se distrair.

- Fazia muito tempo que eu não a via, estava com saudades. - confesso.

- Ela também estava. Meu pai também, você é parte da nossa família. - me abraça - Como está sua avó?

- Está bem. - sorrio - Da última vez que fui lá ela fez panquecas. Sinto que estou em falta com ela e com meu irmão.

- A vida é muito corrida, ela deve entender.

- Eu espero.

Brunna - Santos 📍
Quinta-feira 10:40

Eu estava pensando que teria pelo menos um dia de paz em meio a todo esse caos, mas estava enganada. Acordei com batidas na porta do quarto e me levantei, com muito cuidado para não acordar Ludmilla, que estava dormindo tranquila ao meu lado. Ao abrir a porta encontrei Augusto, com seu celular na mãos e uma aparência não muito boa.

- Podemos conversar? - perguntou olhando em meus olhos, concordei com a cabeça e disse que iria apenas me trocar e encontrar com ele no mesmo quiosque que ficamos ontem. Vesti um short jeans e um cropped branco e desci em sua direção, sem ao menos tomar café da manhã.

- O que aconteceu? - pergunto depois de me sentar a sua frente.

- Ontem foi enviado os papéis do divórcio e como era de se imaginar ele não aceitou. - suspiro pesado - Mas seu advogado entrou em contato comigo, e fez uma proposta.

- Qual? - questiono depois de afundar meus dedos em meus cabelos.

- Vocês não casaram com comunhão de bens, mas ele alegou várias traições. - desliza os dedos pelo celular - Se isso realmente tiver acontecido, ele pode assinar o divórcio, mas metade dos seus bens ficam com ele.

- Como assim? - questiono assutada - O que uma coisa tem a ver com outra coisa?

- É a nova lei. - suspira - Não vou te explicar porque é muito complexo e só irá fazer você ficar mais confusa.

- Mas ele não tem provas de que eu o trai, tem? - questiono insegura.

- Não concretas. Mas se ele chegar a ter, só vai piorar a situação. - deixa o celular sobre a mesa - Nós podemos tentar de novo, enviar os papéis e esperar acontecer um milagre para ele assinar sem questionar. Mas as chances de isso acontecer é de 1%, porque ele sabe que se for mais afundo, vai conseguir o que quer.

- Mas os meus bens estão nos nomes dos meus pais. - explico - A única coisa que tem o meu nome é a casa e o carro.

- Eles morreram Brunna. Desde que isso veio a acontecer, tudo está em seu nome, mesmo você não tendo assinado nenhum papel. A não ser que você tenha algum irmão ou outro parentesco próximo, como avós. - explica.

- Eu não vou dividir a empresa. - me apresso a falar - Ele pode ficar com a casa e com o carro. Mas eu não divido a empresa.

- Isso vai precisar ser conversado, mas antes temos que tomar uma atitude. Ou aceitamos essa proposta, ou esperamos tudo ficar mais calmo para tentar novamente. - me olha.

- Eu não quero esperar mais. - falo triste - Eu já esperei tempo demais.

- Tudo bem, eu vou entrar em contato com o advogado dele e aceitar essa proposta. - sorri calmo - Vai dar tudo certo.

- Só não deixa ele ficar com a empresa.

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bom... vcs acham que eu tô enrolando muito com a fic e querem que eu dou uma pulada nesses detalhes ou está bom assim?

cometem muito, pra eu voltar ainda hoje.

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora