Capítulo 23

881 81 15
                                    

Ludmilla - Campos do Jordão 📍 13:10

- O que está te incomodando? - minha avó pergunta se sentando ao meu lado.

- Como assim, vó? - questiono confusa.

- Ah, filha. - ela suspira e se certifica que meu irmão realmente está cochilando o - Você pode enganar o Yuri, que é uma criança, mas eu te conheço o suficiente pra saber que por trás do seu olhar, existe uma aflição. Então me conte, o que está acontecendo em São Paulo?

- Não aconteceu nada em São Paulo. - a olho - O que aconteceu foi no meu coração.

- Muito bem, eu não esperava por isso. - me olha surpresa - Quem foi que entrou nesse coraçãozinho e está fazendo toda essa bagunça?

- O nome dela é Brunna. - falo desviando nossos olhares - Conheci ela em uma noite na boate.

- Ela é uma das garotas? - questiona e eu nego com a cabeça - Então menos mal.

- Mas ela é casada. - falo triste - E o marido dela tá querendo arrumar confusão comigo e eu vou ter que me afastar dela.

- Você sabe que sou sua avó e só quero o seu bem. - toca meu rosto, me fazendo levantar o olhar - Eu não acho justo você se envolver com alguém que já tenha outra pessoa, você é uma mulher incrível e merece alguém que te ame por inteiro e não precise se esconder ou dever satisfações a outro alguém. Sei que deve estar doendo aí dentro, mas iria doer muito mais, se amanhã ela percebesse que realmente ama o marido e apenas queria uma aventura extraconjugal.

- Eles não se dão bem. - conto - E assim, eu sinto que a Bu era a pessoa certa. Só que agora eu vou ser obrigada a deixar ela ir.

- Ela nunca foi sua. - ela me trás a realidade - Você poderia ter sido dela, mas ela jamais foi sua.

- Mas ele não tem o direito de me obrigar a ficar longe dela. - sinto um nó se formar em minha garganta - Eu tive culpa.

- Do jeito que você está me contando, creio que vocês ficaram, não é? - confirmo com a cabeça - E ela te obrigou? - nego - Então você também teve sua porcentagem de culpa, você sabia que ela tinha outra pessoa.

- Ele não é um homem legal, vó. - argumento.

- Isso não anula nada, filha. - faz um carinho em minhas costas - Se coloque no lugar dele, ver a pessoa que você ama com outra.

- Ele me ameaçou, vó. - explico me ajeito no sofá.

- Com o que? - questiona.

- Sobre a boate. - suspiro - A senhora não me apoia com isso, mas eu não sou uma pessoa ruim e nem obrigo as pessoas estarem ali, e o pagamento das meninas é feito por mês.

- Então porque está tão preocupada com a ameaça, já que está tudo certo? - me olha.

- As meninas assinam contratos e caso elas queiram quebrar, a multa é tão alta a ponto delas não conseguirem pagar. E tem também as coisas que as pessoas usam quando estão lá dentro. - conto.

- Ah Ludmilla, você está metida com essas coisas de novo? - quase grita.

- Não vó, calma. - peço - Eu juro que com isso eu não estou envolvida. Mas querendo ou não, vai sobrar pra mim.

- Quer um conselho? - concordo com a cabeça - Se afaste dessa mulher, antes que você pague por algo que não tem culpa.

- Pensei que a senhora fosse mandar eu ir atrás dela e lutar pelo amor. - falo frustrada.

- Isso não é amor, filha. - passa a mãos em meus cabelos - Vai passar, eu te garanto.

- Obrigada por tudo. - beijo sua bochecha.

- Não precisa me agradecer por nada. - sorri - Vou lavar as louças do almoço, pode me ajudar?

- Claro que posso, vó! Vamos lá. - me levanto do sofá.

Brunna - São Paulo 📍 17:04

Já fazem mais de seis horas que eu e Mario, almoçamos no nosso restaurante preferido, no centro da cidade. Comprei um buquê de girassol em uma floricultura e agora estou dentro do meu carro, dirigindo pelas ruas de São Paulo, tentando me lembrar o endereço da morena que está perturbando minha mente.

- Brunna, por Deus. Eu já estou ficando enjoado de tanto ver ruas. - Mario resmunga ao meu lado.

- Cala a boca, viado. - reviro os olhos - Você tinha é que me ajudar.

- Mais? - me olha indignado - Eu estou a quase quatro horas dentro desse carro, e pra melhorar, sem destino.

- Nós temos um destino. - falo olhando os prédios - ACHEI.

- Além de tudo tenho que ficar surdo. - ele se solta do cinto de segurança - Você tem certeza que é aqui?

- Tenho, Mario Jorge. Eu lembro de ter saído dessa garagem. - estaciono meu carro enfrente ao prédio de faixada cinza - Eu vou conversar com o porteiro e já volto.

- Já não basta o não, ainda tem que se humilhar. Sinceramente.

Encostei a porta do carro e caminhei até a portaria do prédio, um senhor de meia idade e com cabelos brancos me recepcionar com um sorriso aberto.

- Boa tarde, moça bonita! Em que posso te ajudar? - pergunta.

- Boa noite, senhor...?

- Alberto. - se identifica - E você?

- Brunna. - sorrio simpática.

- Muito bem, Brunna! No que eu vou poder te ajudar hoje?- volta a perguntar.

- Eu gostaria de saber se é nesse prédio que a senhora Ludmilla Oliveira mora. - explico.

- Qual a sua identificação? - questiona.

- Eu não tenho. - suspiro - Mas eu só queria saber se realmente é aqui.

- Isso vai colocar a vida dela em risco?

- Não, jamais. - me apresso pra falar - Eu só queria entregar esse buquê de flores.

- Apartamento 302. - fala depois de olhar em seu caderno - Mas como a senhorita não tem identificação, não posso te deixar subir.

- Não tem problema, mas o senhor pode me fazer o favor de entregar a ela? - faço minha melhor cara de cachorro abandonado - E por favor dizer que fui eu quem entreguei?

- Senhorita Brunna, eu não posso fazer as entregas sem uma gorjeta. - explica com educação.

- Senhor Alberto, meu querido. - deixo o buquê sobre seu balcão - Esse com certeza, não é meu maior problema - tiro uma nota da carteira e o entregado.

- Senhorita, isso é muito. - fala observando a nota de duzentos reais.

- Eu gostei de você, Alberto. - pego uma de suas canetas e um pedaço de papel - Olha, aqui está o meu contato, coloque junto com as flores e a entregue.

- Pode deixar comigo. - sorri animado - Mas tem um probleminha.

- Ah senhor Alberto, o que foi dessa vez?

- A dona Ludmilla saiu hoje cedo e até agora não retornou. - conta - Não tem ninguém que possa receber.

- Que caralho. - reviro os olhos - Mas não tem problema, quando ela chegar, o senhor faz o favor de entregar.

- Tudo bem, enquanto isso eu vou colocar na água para não murchar. - se levanta.

- O senhor é o melhor porteiro do mundo. - me animo e deixo um beijo em sua testa - Muito obrigada.

- Não tem de que, Brunna! - se despede com um aceno.

Volto para o carro com um enorme sorriso nos lábios, o que faz Mario Jorge soltar uma risada exagerada.

- Mulher apaixonada é outro nível de boiolisse. - volta a colocar o cinto.

- Me erra, viado.


---------------------------

Prometo que os próximos caps vão estar melhores!



Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora