Capítulo 33

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Ludmilla - São Paulo 📍 21:35

Estou sentada no mesmo banco de costume, no bar reservado. Em minha mão, está uma lata de refrigerante e na outra um petisco de frango. De longe observo os movimentos da Isabelly, um sorriso aberto em seus lábios seduz alguns clientes que estão sentados de frente para o pequeno palco onde ela dança. Vez ou outra seu olhar se encontra com o meu, e eu tento ao máximo demonstrar que não sei absolutamente nada - até porque, eu ainda não sei se foi ela.

Termino de comer o petisco e me viro para encarar Diogo - estamos separados apenas pelo balcão do bar - Ele cantarola de forma desengonçada a música que está tocando pelo alto falante. Peço a ele mais um petisco, dessa vez com pimenta e ele prontamente me entrega. Volto a observar o bar e me dou conta da falta que a presença da Brunna faz nessa boate. Como se fosse uma ironia do destino, vejo duas de suas amigas entrarem pela porta lateral da boate, de longe elas acenam em minha direção e eu retribuo com um sorriso aberto.

Deixo a pequena lata sobre o balcão e levo minha mão até o bolso de trás, da calça jeans skin que estou usando. Meu celular vibra de forma rápida, anunciando que alguém está me ligando. Quando encaro o visor, vejo o nome da Brunna seguido de um coração na cor vermelha. Um sorriso nasce em meus lábios e eu rapidamente atendo a ligação.

📱

- Oi, Bu. O que devo a honra da sua ligação?

- Eu preciso de você, Lud. - escuto sua voz de choro e me levanto do banco, ficando em pé sobre o chão amadeirado.

- Está tudo bem? - questiono preocupada.

- Eu preciso de você. - ela volta a falar e sua voz se torna mais falha e eu consigo escutar vidros se quebrando.

- Onde você está, Brunna? - aumento meu tom de voz.

- Em casa. - sussurra - Não demora por favor.

- Eu já estou indo, tenta ficar calam. - tiro as chaves do carro do meu bolso.

- Quando chegar, não toca a campainha. - me implora - Dê a volta pela rua de trás, que eu abro a janela do meu quarto.

- Eu tô indo. Chego em dez minutos.

📱

Um nervosismo percorre em meu corpo e a única coisa que consigo fazer é puxar a gola da camisa do Diogo e o trazer para perto de mim, seu olhar está assutado e o meu não está muito diferente.

- Patroa, o que eu fiz? - questiona.

- O que você vai fazer. - e entrego as chaves da boate - Eu vou precisar sair e você está a frente da boate. Sabe a hora de fechar e o que fazer se acontecer alguma briga.

Não deixo ele me responder, apenas sigo em direção a saída da boate. Aviso ao segurança para ele redobrar a atenção e adentro meu carro, batendo a porta com força. O sangue percorre em minhas veias com mais rapidez, demonstrando a adrenalina. Em exatamente dez minutos meu carro está estacionado na rua de trás da casa da casa da Brunna. Vejo poucas luzes acessas e a janela do seu quarto entre aberta - que sorte sua casa ter apenas um andar. Bato duas vezes, de forma leve e demora alguns minutos para que ela apareça usando uma de minhas camisas. Ela abre a janela com cuidado e me ajuda a entrar.

- Obrigada por vir. - me abraça apertado.

- Eu não pensei duas vezes. - me alívio ao sentir o calor do seu corpo - O que foi que aconteceu?

- Eu pedi o divórcio, quando cheguei. - fala abafado contra o meu pescoço - Ele não aceitou, e disse que se eu saísse pela porta iria me matar.

- Ele não vai fazer isso com você, Bru. - a abraço mais apertado - Eu não vou deixar.

- Eu estou com muito medo, Lud. - confessou chorando baixinho.

- Não precisa, minha Bu. - faço carinho em sua cabeça - Eu estou aqui com você e não vou deixar ele fazer isso.

- Muito obrigada. - suspira aliviada e eu me afasto para olhar em seus olhos e vejo uma marca avermelhada em seu rosto.

- Foi ele quem fez isso? - toco o lugar com cuidado.

- Foi. - fala depois de uns segundos em silêncio.

- Filho da puta. - meu maxilar trava, e meus dedos se fecham, formando um soco - Onde ele está?

- Eu não sei. - senta na beirada da cama - Não me deixa aqui sozinha.

- Não vou te deixar. - a olho - Mas eu estou com muita raiva dele e eu juro que se eu encontrar com ele nesse momento, eu vou ir presa por homicídio.

- Você não vai fazer nada. - me puxa para mais perto - Não podemos agir por impulso, eu não quero te perder.

- Olha pra mim, Bu. - me ajoelho no chão, ficando próxima de seu rosto - Você nunca vai me perder. Eu estou aqui com você, por você. Não precisa ter medo desse babaca, ele não vai fazer nada com você.

- Eu te amo. - fala tocando meu rosto com as pontas do dedo - Pode não ser o melhor momento pra te dizer isso, mas eu precisava expor.

- Sempre é o momento certo pra gente dizer que ama alguém. - sorrio - Eu também te amo.

Beijo seus lábios com cuidado, com carinho e paciência. Seus dedos tocam meu ombro, enquanto os meus passam por seu rosto, de forma deliciada. Nos separamos quando o ar se faz ausente e só então as batidas do meu coração voltam ao normal.

- Pega todas as suas coisas, vamos sair daqui.

- Eu não posso fazer isso. - fala me olhando.

- Porque não? - pergunto sem entender.

- Ele vai descobrir que estamos juntas e...

- Brunna. - seguro sua mão - Eu não tenho medo dele. - olho em seus olhos - Amanhã nós vamos até a delegacia entrar com um boletim de ocorrência. Você vai contar pro seu advogado o que aconteceu e processar ele.

- Porque você é assim? - pergunta sorrindo.

- Assim como? - abro as portas do seu guarda roupas.

- Parece ter todas as respostas das minhas dúvidas. - me abraça por trás - É como se você fosse a coragem do meu medo.

- Estou adorando essas declarações. - brinco enquanto pego suas roupas - Mas você pode me ajudar com essas roupas?

- Quebrou o clima. - gargalha baixo, tirando uma mala grande de debaixo da cama - Não vou mais me declarar.

- Quero só ver. - a olho - Você ainda vai ter muito tempo pra dizer essas coisas bonitas.

Guardamos as coisas nas malas, esvaziamos
todo o quarto. Levei mala por mala até o quarto e por fim ajudei a loira a passar pela janela. Não escutamos mais nada em relação ao Caio, as luzes do seu quarto não estão mais acesas, como estavam quando eu cheguei. Mas ao passar pela rua, vi que seu carro ainda estava na garagem.

Brunna relaxou sobre o banco do carro e encostou sua cabeça no pequeno vídeo da janela. No rádio minha música favorita está tocando - best part - Parei no sinal vermelho e me dei conta de que ela já adormeceu. Ajeitei seu banco, para que não lhe desse dor nas costas e voltei a dirigir. Demorou quase duas horas para eu estacionar o carro enfrente uma pousada do interior de Santos.

Brunna - Santos 📍23:57

Senti alguns dedos percorrer por meu rosto e abri os olhos assusta, temendo ser algo de ruim. Mas me deparei com os olhos negros de Ludmilla, me observando atentamente. O carro já estava parado, em um lugar que eu não reconheci, me ajeitei no banco e a olhei curiosa.

- Onde estamos? - questionei.

- Em Santos. - sela nossos lábios - Vamos ter um pouquinho de paz no meio desse caos.

- Você é incrível, sabia? - sorrio animada.

- Não mais que você, minha Bu.

- Te amo. - a abraço apertado.

- Te amo, também!

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora