Capítulo 69

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Ludmilla - Campos dos Jordão 📍
Domingo - 11:00

- Quem é o menino? - minha vó me questionou depois de ter feito o café e ter obrigado o Yuri a ir passear com a Bru e o Michel.

- Vó, é tão complicado. - falei depois de dar um longo gole no café quente - Se a senhora souber tudo que aconteceu comigo nesses últimos dias...

- Eu sabia que não estava tudo bem, desde a última vez que você veio até aqui. Parecia que estava em um outro mundo. - ela se sentou junto a mim, na mesa de quatro lugares - Me conta o que aconteceu.

- A sua filha me enviou uma mensagem, há quase um mês atrás. - me referi a minha mãe e vi os olhos de minha avó ficarem surpresos com essa revelação - Eu descobrir tanta coisa, mas nem sei se era isso que eu queria.

- Como assim ela voltou? - perguntou um pouco aflita - O que isso tem a ver com o menino que estava no colo da Brunna?

- Se acalma, tudo bem?! - pedi e ela concordou com a cabeça, em silêncio - Ela me enviou uma mensagem, pediu um favor e disse que eu era a única pessoa que poderia ajudar ela. - suspirei antes de prosseguir - Ela contou o porque foi embora.

- Porque? - questionou me olhando atenta - Ela sempre disse que era porque não tinha responsabilidade o suficiente para cuidar de uma criança.

- Não, vó. - sorri sem vontade - Ela não queria cuidar de uma criança como eu. Porque quando ela foi embora, já estava grávida de outro bebê.

- Mas isso não faz se sentindo. O Yuri é quase 19 anos mais novo que você, e quando ela se foi você ainda era uma criança. - tentou entender.

- É porque ela não estava grávida do Yuri. Ela estava grávida de uma menina, Luane. - falei o nome da minha irmã - Ela foi embora porque queria ter e dar uma vida de luxo a ela.

- Isso não é possível, Lud. - a mais velha levou a mão até a boca - Não é possível.

- É sim, vó. - segurei o choro - Por isso ela foi embora. E como se não fosse o suficiente, um tempo depois ela teve o Yuri. - dei um gole no café, para tirar o nó que se formou em minha garganta - Só que o Yuri não é filho do Renato. Por isso ela voltou e deixou ele com a senhora. Porque ela sabe que se o meu pai descobrisse tudo isso, nunca deixaria ela continuar ao lado dele.

- Não. - foi a única coisa que saiu da boca da minha vó, antes dela chorar. Fui rápida em me levantar do meu lugar e dar a volta na mesa a abraçando apertado - Eu sou a mãe dela. Porque ela não me contou a verdade? - questionou triste.

- Porque ela é uma covarde. - pontuei.

- O bebê, quem é ele? - voltou a perguntar sobre o Michel.

- Filho da Luane. - falei em um tom baixo - Esse foi o favor que ela veio me pedir... Os problema financeiros que sempre estiveram presentes na família Oliveira chegou a um pouco que eles não conseguem mais sobreviver por aqui. A primeira ideia que tiveram foram ir embora pra Suécia, mas o menino não foi registrado. Porque o Renato não faz idéia de que Luane teve um filho e o pai do bebê sumiu no mapa. - contei de uma só vez, e senti as mãos da senhora gelarem.

- Eu preciso de água. - disse eu eu praticamente corri em direção a geladeira, pegando uma garrafa, virei o líquido no copo e a entreguei.

- Vó, fica calma. - pedi - Não vale a pena passar mal por causa deles, tá bom? - falei preocupada e ela assentiu depois de beber todo o líquido.

- Ludmilla, as pessoas são cruéis. Além de esconder tudo isso que você me contou, ainda tem a coragem de deixar uma criança para trás. - falou indignada e eu abaixei o meu olhar.

- É, vó. - falei simples - Mas agora ele já está bem, comigo e com a Brunna. - tentei mostrar o lado bom disso tudo.

- Como vocês estão com isso tudo? Não prejudicou o relacionamento? - me olhou preocupada.

- Ah, vó. No início foi difícil né. Eu não consegui contar pra ela. - ocultei a parte da infertilidade da Bru - Mas agora a gente está bem, tentando ao máximo fazer com que ele se sinta em casa.

- Sua coragem me encanta, menina Lud. - ela sorriu em meio as lágrimas - Você é uma ótima pessoa.

- Alguém dessa família tinha que ser diferente né. - brinquei e gargalhei baixinho - Mas por favor, não conte nada ao Yuri. Quando ele crescer, eu vou fazer questão de falar.

- Certo. - ela suspirou - Eu vou fazer questão de esquecer toda essa história.

- É a melhor coisa. - beijei o topo da sua cabeça - Vamos seguir e fazer com que o menino acredite que é meu filho.

- Ser mãe, não é só fazer. - ela tocou o meu rosto e fez um carinho - Ser mãe é cuidar e amar.

Antes que eu pudesse responder, os passos largos de Michel adentraram a cozinha - ele estava correndo com a chupeta na mão e um sorriso sapeca no rosto - Logo atrás dele estava Yuri, com uma pequena bexiga de água na mão e só então Brunna correndo, tentando acompanhar os meninos que estavam fazendo bagunça.

- Vocês vão cair. - ela falou alto e eu puxei o seu braço pra que ela se aproximasse do meu corpo e a abracei apertado.

- Deixa eles brincarem. - pedi e ela me olhou brava - O que foi?

- Eles vão fazer a maior sujeira na casa da sua avó, e não vai ser você que vai limpar. - falou séria.

- Não ligue pra isso, menina. Deixa eles se divertirem, o tempo passa rápido demais. Daqui uns meses vocês vão sentir saudades desses momentos. - minha vó disse ainda sentada, olhando para os meninos correrem em volta do sofá.

- Ela está certa. - sussurrei no ouvido da minha namorada e ela pareceu se conter.

- Meu pé está todo sujo. - revelou e só então eu levei meu olhar para baixo, encontrando apenas barro.

- Onde vocês estavam? - questionei segurando a risada.

- Brincando na terra. - contou - Eu fiz um castelo. - falou sapeca, como se tivesse cinco anos de idade e eu apertei ainda mais.

- Você não vale nada, Bruninha. - sorri e beijei seus lábios.

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Eu prometo que o próximo capítulo vai ser grande. É que eu não estava muito bem pra escrever, mas não queria deixar vocês sem capítulo, então fiz esses pequenos e simples.

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora