Capítulo 12

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Ludmilla - São Paulo 📍 19:30

De longe, sentada em um dos bancos do bar, vejo o barman fazer a bebida que eu lhe pedi. Em um copo ele faz a mistura de leite condensado com suco de meio limão. Em outro copo que ele retira do freezer, coloca várias pedras de gelo. Na prateleira, ele pega uma garrafa de vinho branco seco, ele faz uma dose de aproximadamente vinte ml e mistura com o que ele havia preparado anteriormente.

Minha boca saliva ao ver ele finalizar colocando uma rodela de limão seco e três folhas de menta. O homem sorri em minha direção e me entrega a taça que contém o líquido. Dou um grande gole e suspiro sentindo o sabor doce e azedo percorrer por toda a minha garganta - uma das melhores bebidas da boate.

Nessa noite acontece as apresentações das garotas, então todas estão semi nuas, dançando ao som de Anitta - elas amam essa cantora - nego com a cabeça ao ver Dayane sentada próximo ao palco, como se fosse um dos nossos clientes. Várias notas de cem reais são jogada pra elas, na falha intenção de as levar pra cama - mal sabem eles que elas não escolhe por dinheiro.

Escuto um raspar de garganta muito próximo de meu ouvido e me viro pra ver, encontrando a loira - maldita loira - me olhando com os malditos par de olhos castanhos claros. Uma maldição, é assim que eu a vejo. Ela sorri tímida ao perceber que eu não expressei nenhuma reação ao vê-la. Não sabendo ela que por dentro meu coração está soltando fogos de artifício - como se a seleção tivesse sido campeã da copa do mundo.

- Boa noite, Ludmilla Oliveira. - sua voz rouca ecoa por meus ouvidos e meus pelos se arrepiam.

- Boa noite, Brunna. - falo simples, com meu olhar ainda em seu rosto.

- O que vai me sugerir pra beber hoje? - pergunta se sentando ao meu lado.

- Depende. - levanto uma de minhas sobrancelhas - Seu marido deixa você beber de tudo?

- Como assim? - o pequeno sorriso some dos seus lábios - Então é você que foi até minha casa.

- Queria saber como você estava. - me explico - Mas encontrei seu marido.

- Lud. - o apelido sai de sua boca como se fosse uma música para meus ouvidos - Eu tenho uma vida muito complicada com o Caio.

- Brunna, eu não quero muito saber disso. - dou um gole na minha bebida - Mas porque você vem aqui tendo um marido te esperando em casa?

- Porque eu não sou feliz com ele. - fala depois de uns segundos em silêncio - E bom, eu já me acostumei com essa vida.

- Eu não concordo com isso. - falo sincera - Prefiro dizer isso de uma vez.

- Não estou me importando se você concorda ou não. - me olha brava e leva seu olhar até o cardápio, escutei ela fazer um pedido para o barman que lhe entregou minutos depois.

- Você está melhor pra beber assim? - pergunto curiosa.

- É, eu tô ótima. Perfeita. - fala com as sobrancelhas franzidas e eu solto uma pequena gargalha achando isso a coisa mais fofa do mundo - O que foi Ludmilla? Estou com cara de palhaça por um acaso?

- Qual foi Brunna, está toda estressada assim, só achei engraçado. - comento e ela suspira alto demonstrando que realmente estava sem paciência hoje.

- Um péssimo dia de trabalho. - conta e eu confirmo com a cabeça.

- Então porque não foi pra casa descansar? - questiono e ela me olha como se a resposta fosse óbvia.

- Porque eu queria me divertir e te ver. - confessa.

- Entendi. - digo simples.

- Desculpa por ter sido grossa, tudo bem? Eu só não gosto das pessoas me julgarem por eu ter uma vida infiel com meu marido. - ela fala o adjetivo como se fosse um peso para si.

- Mas eu não quis a julgar, desculpa se deu a entender. - deixo minha taça sobre o balcão e a olho - Eu no seu lugar só não faria isso com sigo mesmo.

- Pode parecer estranho e um pouco narcisista, mas eu gosto dessa vida, faz com que eu me sinta viva. - conta me olhando - Mas eu sei que talvez no fundo eu possa estar errada.

- Nada é errado se te faz feliz. - falo sorrindo.

Brunna - São Paulo 📍 21:30

Ludmilla conversou comigo por mais alguns minutos e depois subiu até seu escritório para resolver os assuntos que estavam pendentes. Fiquei sentada no banco do bar enquanto observava de longe algumas meninas dançarem, inclusive a mesma que me entregou a bebida na última vez que vim até aqui.

Quando ela percebe minha presença, um pequeno sorriso aparece em seus lábios, mas antes que ela venha até mim, Ludmilla volta a aparecer como um passe de mágica, bem a minha frente.

- Você bebeu muito? - pergunta vendo o copo de água na minha mão.

- Não, só aquela. - comento e coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, a morena parecia guardar em sua memória todos os meus movimentos.

- Quer dar uma volta por aí comigo? - questiona.

- Depende. - sorrio de lado - Vai me levar pra algum motel?

- Não, Brunna. - responde rápida - Tem certeza de que não bebeu muito?

- Sim, você precisa me conhecer um pouco mais. - me levanto do banco e procuro por minha comanda para pagar na saída.

- Eu já disse que quando você estiver comigo não precisa pagar nada. - fala ao perceber qual era minha intenção.

Antes que eu a responda, ela toca de forma firme minha cintura e me guia até a saída da boate, escuto ela falar algo com o segurança - que envolvia uma tal de Dayanne - depois disso ela destrava seu carro e abre a porta pra que eu entre primeiro. Obedeço seu ato e me sento no banco do passageiro, segundos depois ela adentra o carro e se senta no banco do motorista.

Eu não estou fazendo ideia para onde a morena vai me levar, mas assim como o dia da sua casa, eu me sinto confortável. Ela da partida no carro e no rádio está tocando uma música pop aleatória. No pequeno suporte de copos ao meu lado, está um maço de cigarros - de procedência duvidosa - a olho querendo saber do que se trata e ela sorri.

- Maconha. - fala simples.

- Sempre tive curiosidade de experimentar. - conto.

- Fique a vontade. - ela me entrega um isqueiro que tem a inicial do seu nome.

Encaro os dois objetos na minha mão, sem saber o que fazer - e como fazer - por sorte o carro para em um sinal vermelho e ela acende o cigarro e da um trago antes de me passar. Respiro fundo e dou uma puxada, o que me causa uma crise de tosse.

- Vai com calma, Bru. - pede rindo. É a primeira vez que eu consigo escutar sua risada.

Enquanto o carro percorre as ruas de São Paulo, me acostumo com o cheiro e o sabor do cigarro, quando finalizo jogo o pequeno resquício pela janela e deixo o isqueiro no mesmo lugar que ela pegou. Percebo que chegamos no seu destino quando ela puxa o freio de mão e desliga o carro.

- Onde estamos? - pergunto.

- Santos. - ela regula o banco do carro.

- E o que estamos fazendo aqui?

- Você está muito estressada, precisa relaxar um pouco. E nada melhor do que ouvir as ondas do mar e observar as estrelas. - fala me olhando.



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Elas são tão piticas.

Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora