Capítulo 13

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Ludmilla - Santos📍22:15

Por conta do horário, a praia está toda vazia, apenas umas pessoas fazem seu cárdio enquanto caminham com seus cachorros. A lua cheia ilumina o rosto da Brunna, que está ao meu lado, ainda dentro do carro. Sua cabeça está apoiada no vidro da janela do carro e suas pernas cruzadas sobre o assento do carro.

Seus pensamentos estão longes, já que ela nem percebe que estou tirando os tênis do pé. Desço do carro e vou até a pequena barraca que ainda está aberta, faço o pedido de duas porções de batatas fritas e dois copos de suco de maracujá. Quando volto pro carro Brunna está observando as ondas do mar.

Sem pronunciar nenhuma palavra a ela, abro o pequeno isopor que está com as batatas dentro e deixo sobre seu colo. No mesmo momento, ela me olha com um sorriso aberto nos lábios  - um maldito sorriso.

- Então, você quer me contar o que tão de ruim aconteceu no seu dia, pra você ter ficado estressada? - questiono quando terminamos de comer.

- Ah, Lud. - ela suspira - São as mesmas coisas chatas que todas as empresas teem. Eu não queria ficar tão a frente de tudo, embora eu quase nunca fique, as responsabilidades vão sempre cair sobre mim. - desabafa.

- Não é fácil ser o coordenador de uma empresa e ter que ficar mandando nas coisas. - falo - Do que é a empresa?

- Finanças e Criptomoedas. - fala e eu abro minha boca, ficando um pouco surpresa por sua resposta - O que foi?

- Você não tem cara de quem trabalha com isso, poderia jurar que você tinha uma empresa de moda. - falo e ela gargalha - Você sempre quis trabalhar com isso?

- Não. - fala simples - Mas eu não tive muita escolha, ou era isso, ou era nada.

- Porque diz isso? - pergunto curiosa.

- A empresa era dos meus pais, então quem comandava tudo eram eles, eu apenas assistia. Mas um dia eles me disseram que surgiu uma pendência na filial de Florianópolis e precisaram fazer uma viagem de última hora. Na época eles tinham um jato e foram com ele, era pra tudo ocorrer bem, mas o piloto não colocou combustível o suficiente e o avião caiu. - conta observando as ondas do mar.

- Eu sinto muito por isso, Bru. - falo triste e ela sorri me confortando.

- Eu também sinto, mas hoje em dia não me dói mais, como doeu antes. Eu amadureci com o tempo. - fala.

- Não é fácil perder as pessoas que amamos. - suspiro e ela volta seu olhar para mim.

- Você também perdeu seus pais? - pergunta e da um gole no seu suco.

- Bom, eu não os perdi, mas na época foi como isso. - me lembro do dia em que meus pais sumiram.

- Quer falar mais sobre? - pergunta cuidadosa e eu concordo com a cabeça.

- Eu tinha uns amigos que não eram boas companhias, e eles sempre me levavam pras festas que aconteciam no bairro que eu morava. - começo a contar enquanto ela me escuta atenta - Meus pais ficavam preocupados até porque eu não tinha horário de chegar em casa. Eu era muito tímida e isso irritava um pouco eles, então em uma das festas eles me apresentaram algo que me deixaria mais animada pra curtir e me relacionar com as garotas. Só que eu não imaginava que eu iria ficar dependente disso pra ser "feliz". - faço uma pausa pra engolir o choro - Foi uma decepção pra família, lembro que na época eu escutei várias pessoas falarem mal de mim, e como meus pais eram religiosos, talvez ainda sejam, não aguentaram toda a perseguição das pessoas falando sobre mim e um dia quando eu voltei da aula eles já não estavam mais em casa. Acho que foi o pior dia da minha vida. - ela enxuga a única lágrima que escapou de meus olhos - Desde esse dia minha vó ficou responsável por mim, alguns anos atrás meus pais voltaram, mas foi apenas para fazer a mesma coisa com meu irmão, mas usaram uma desculpa diferente, alegando que eles não teriam um conforto necessário pra uma criança.

- Eu não esperava por isso. - fala depois de uns minutos me olhando.

- Acho que ninguém espera. Todos são acostumados Ludmilla da boate, como se eu não tivesse uma vida fora disso.

- Porque você não tentou ir atrás deles? - questiona em um tom baixo.

- Porque você não tentou ir atrás dos seus pais? - ela abaixa a cabeça - Era como se eu tivesse morrido pra eles, então não faria diferença se eu os encontrasse.

- O que você usava? - pergunta.

- Tudo, mas lembro que na época Cocaína era a minha favorita. - conto.

- Desculpa por tantas perguntas. - suspira - Mas você ainda usa?

- Não. - me apresso pra falar - Eu fiz um tratamento a uns anos atrás e consegui me recuperar. Hoje em dia eu apenas bebo e fumo maconha quando estou muito animada.

- Entendi. - fala simples voltando seu olhar para o mar - Fico feliz por ter conseguido parar.

- Eu também fico. - sorrio animada - Mas mudando um pouco de assunto, eu quero saber mais sobre você.

- O que mais quer saber? - questiona.

- Caio. Como você o conheceu e como chegaram no que estão hoje.

- Conheci ele em uma festa da escola, parece clichê, mas ele o famosinho da escola e todas queriam ele. - revira os olhos - Nossos pais eram amigos e vez ou outra saíamos juntos pra jantar ou apenas pra conversar. Eu sempre vi ele como um bom amigo, mas em um certo dia ele apareceu na porta da minha casa com um buquê de flores na mão e um par de alianças. Eu não queria decepcionar meus pais, então acabei aceitando. Ele é o mais velho entre os irmão e queria ser o primeiro a se casar e dar o primeiro neto aos pais, mas eu não posso engravidar. E eu não havia o contado isso. Quando ele descobriu, foi como se eu tivesse o ferido com um tiro de fuzil. Esse era o maior sonho dele e eu não consegui realizar. - suspira - E eu acho que por um lado foi bom, eu não poderia ter um filho com um homem que eu não amava. Eu tentei dizer isso pra ele, só que ele nunca entendeu, então cansei e resolvi viver minha vida.

- Novamente eu sinto muito por você não poder ter filhos. - falo triste.

- Não precisa sentir, eu odeio crianças então não é algo que me deixa triste. O que me deixava triste é saber que ele realmente merecia uma família boa, ele é um homem bom, mas não para mim. - explica.

- Ele te ama a ponto de não enxergar que você não o ama. - falo - Mas acho que agora entendo seu lado.

- É. - fala simples enquanto observa de forma possessiva o volante do carro.

Ficamos em silêncio por uns minutos, talvez tentando digerir tudo que ouvimos uma da outra. Vez ou outra Brunna falava algo aleatório e sorria de forma aberta - brisando. E isso é um tanto quanto engraçado, mas sou assutada com um grito alto da loira.

- O que foi Brunna? - pergunta.

- Tem uma formiga gigante na frente do seu carro, Ludmilla. - fala séria.

- Deixa de ser doida. - gargalho alto.

- Você vai chamar a atenção dela e ela vai comer a gente. - resmunga quase chorando.

- Pelo visto a onda bateu de vez né? Hora de ir embora, vou te deixar em casa. - falo ligando o carro.

- Eu não quero ir embora pra casa.

- Não podemos ficar a noite toda aqui, Bru. É perigoso. - falo a olhando.

- Vamos pra sua casa. - pede fazendo um pequeno bico com lábios.

- Aí Brunna, você tá mexendo comigo.

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Piticas se conhecendo.







Crazy In Love (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora