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No momento em que Sirius termina suas aulas e vai jantar no Salão Principal, ele percebe que está à beira da histeria, preocupado demais com Severus e a conversa daquela manhã com Kingsley. Remus senta ao seu lado, pálido e silencioso, e Sirius nem tem forças para pedir desculpas ao amigo por seu comportamento. Talvez amanhã, quando ambos se acalmarem.

Deixando o jantar intacto, ele se levanta e deixa cair abruptamente o guardanapo sobre a mesa, apenas para ser interrompido por uma mão em seu braço. “Almofadas...” Lupin diz lentamente, como se estivesse com medo de sua resposta.

“Não estou com fome”, ele grunhe, afastando-se do porão e saindo da sala o mais rápido que seus pés conseguem. Ele ignora o olhar preocupado de Remus e o de surpresa de Harry ao passar pela mesa da Grifinória sem parar para se despedir.

Quando chega ao escritório, ele já tirou o espelho do bolso e passa distraidamente pelo escritório e entra em seus aposentos com o olhar fixo nele. Ele fica desapontado mais uma vez, vendo apenas seu próprio reflexo magro olhando para ele.

Ao entrar em seu quarto, ele é saudado pelo calor do fogo e lentamente levanta o olhar para ver uma figura sentada em uma poltrona ao lado dele. Sua boca se abre lentamente de surpresa ao ver Severus ali, com o rosto abatido e um copo de bebida na mão.

“Sev?” Sirius pergunta, surpreso com a presença do homem. Ele presumiu que voltaria para Durmstrang depois de Azkaban, e não o visitaria. Algo em seu estômago se revira quando ele percebe que Severus nem sequer levantou o olhar para olhá-lo.

Sirius engole em seco e se aproxima da poltrona onde seu parceiro está sentado, parando na sua frente. “O que você está aqui? Achei que você estaria em Durmstrang.”

Severus dá de ombros e bebe em silêncio, e Sirius logo percebe que a visita a Azkaban foi tão ruim quanto a anterior. Maldito Malfoy , ele pensa sombriamente. Foda-se mil milhões de vezes, seu pedaço de merda consanguíneo .

O homem deveria estar grato por estar naquele inferno porque Sirius sente uma necessidade urgente de arrancar suas entranhas e usá-las como um colar por toda a dor que está causando a seu parceiro. Padfoot rosna e rosna dentro de si, desesperado para confortar seu companheiro. 

“Você deveria ter me contado,” Sirius diz lentamente, deixando sua jaqueta na outra poltrona e colocando o espelho em cima dela. “Eu poderia ter vindo direto para cá. Há quanto tempo você está aqui, afinal?" ele pergunta, olhando para o outro homem com uma expressão preocupada.

"Eu não poderia voltar," Severus resmunga, tomando outro gole de seu copo para firmar a voz. "Não essa noite."

Com movimentos lentos, Sirius se ajoelha na frente de Severus, colocando uma mão em cada uma de suas pernas. Ele olha para o vidro, mas não diz nada. Ele sabe muito bem que Severus deve estar extremamente magoado com alguma coisa se está bebendo assim, e ele não tem coragem de desencorajá-lo.

"O que aconteceu?" Sirius pergunta suavemente, colocando as mãos nos joelhos de Severus e dando-lhes um aperto tranquilizador.

Severus balança a cabeça, seus olhos ainda evitando o olhar de Sirius. Ele toma outro longo gole de uísque, como se buscasse refúgio em seu abraço entorpecente.

Com um suspiro pesado, Severus se inclina para frente, o rosto enterrado nas mãos. "Malfoy me pediu para... ajudá-lo a acabar com ele."

Sirius observa seu amante, seu rosto tenso e pálido ao vê-lo naquele estado, e ele engasga ao ouvir suas palavras. "Ele…?"

Severus acena em confirmação, ainda sem olhar nos olhos de Sirius. “Sim”, ele sussurra, com a voz tensa. “Ele sabia que eu sempre carrego…”.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora