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Sirius segue Snape com seu olhar enquanto o homem sai furioso da sala, estremecendo com a batida da porta. Fodendo as bolas de Merlin, sua cabeça. Ele pode ser um pouco mais cuidadoso com os ruídos? Parece que Bicuço está tentando cavar um buraco no crânio com o bico.

Sirius passa a mão no rosto, suspirando alto. Ele não conseguia se lembrar de muita coisa da noite anterior, mas se lembra vividamente de finalmente ter pedido desculpas a Snape e, para sua surpresa, o homem aceitou o pedido de desculpas. Ele acha que eles não estavam completamente destruídos naquele ponto, mas certamente também não estavam sóbrios. Bem, pelo menos isso foi feito.

Agora ele tinha que considerar cuidadosamente o que fazer com o que aconteceria a seguir. Sirius estende o braço esquerdo e pega o maço de cigarros da mesinha de cabeceira, acendendo um e aproveitando a sensação da fumaça enchendo seus pulmões. Ok, agora ele poderia pensar.

Sirius não é bobo e já havia acordado em situações semelhantes muitas vezes antes, dando-lhe uma vaga ideia do que poderia ter acontecido. Ele se lembra de fragmentos da noite, trechos de suas brincadeiras. Ele se lembra de Snape tão bêbado quanto ele, olhando para ele com aqueles olhos negros encapuzados olhando diretamente para ele. Porra.

Foi a primeira vez em mais de dezessete anos desde que ele fez sexo, e ele nem se lembra da maior parte disso. Caramba, caramba. Dezessete anos. Ele está mais preocupado com quanto tempo já passou do que com o fato de que está com Snape. Quando um terço da minha vida passou? ele se pergunta com tristeza.

Ele costumava pensar que gostava de garotas, ou é disso que ele se lembra da juventude antes da prisão. Mas em algum momento da guerra, Sirius percebeu que, para ele, sexo era apenas sexo, independente do sexo da pessoa que esquentava sua cama. Ele costumava gostar disso – o flerte, a emoção de conhecer novas pessoas. Mas tudo isso foi antes de Azkaban. Desde então, ele anseia pelo contato humano tanto quanto o despreza, um completo paradoxo. Passar dois anos morto não ajudou nesse problema; isso só fez com que a ideia de outra pessoa tocá-lo fizesse sua pele arrepiar.

Mas então Sirius pensa na noite anterior. Mesmo que ele estivesse bêbado demais, ele não sentia nada disso com Snape. Parecia certo, e ele se pergunta se é porque ele acha que poderia ter sido semelhante para Snape. Ambos são sobreviventes, com vidas de merda. Ambos conhecem o preço do isolamento – físico, no caso de Sirius, e emocional, no caso de Severus.

Por mais distorcido que parecesse, até certo ponto fazia sentido o que havia acontecido. Eles sempre carregaram aquela tensão entre eles, uma mistura volátil de animosidade e fascínio que normalmente terminaria em azarações ou socos. Mas desta vez foi diferente e Sirius não pôde deixar de pensar que talvez fosse uma mudança para melhor. Sempre houve algo em Snape que o cativou, mesmo desde a infância. Talvez fosse por isso que ele sempre buscava sua atenção, mesmo que isso significasse recorrer a métodos horríveis.

E algo semelhante aconteceu na noite anterior. Ele se lembra de uma necessidade repentina de se inclinar sobre o outro homem, embora não se lembre por quê. O que ele lembra é que um momento depois, Snape foi quem diminuiu a distância e o beijou.

Sirius lambe os lábios inconscientemente, incapaz de afastar a memória dos lábios de Snape contra os seus. Eles eram mais suaves do que ele imaginava, cheios e desesperados, movendo-se contra os seus. A partir daí, tudo vira uma névoa em sua mente. Mãos percorrendo o corpo um do outro, roupas sendo arrancadas, o intenso atrito entre elas, calças e a cabeça de Snape caindo para trás e gemendo...

De repente, a porta se abre e um Lupin muito alegre aparece por ela, com um sorriso estampado no rosto. Sirius grita, sentindo sua alma quase deixar seu corpo quando Remus entra na sala.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora